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Uma certa ‘paulistanização’ – (parte I)

 

 

*Helcio Kovaleski

 

Antes, algumas considerações.

A qualidade técnica e artística do júri da mostra competitiva adulta do 39º Fenata, encerrado no último dia 11 – formado por Toninho do Valle, que também é um dos curadores; Humberto Sinibaldi Neto, criador do Festival de Teatro de São José do Rio Preto (SP), que veio pela primeira vez como jurado, mas que já havia participado do Fenata na década de 1970; e Reinaldo Santiago, ex-professor de Artes Cênicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP) – é indiscutível. Difícil imaginar time melhor.

Também não se discute a qualidade do grupo Os Geraldos, de Campinas (SP), que participou da mostra adulta com dois espetáculos: Hay Amor! (no dia 7) e Números (9). Realmente, o grupo formado por cinco atrizes e dois atores, todos egressos do curso de Artes Cênicas da Unicamp/SP, é muito bom.

Outro aspecto a ser lembrado é que este crítico só escreveu análises dos espetáculos da mostra adulta, como vem acontecendo há alguns anos, aliás. Primeiro, por uma questão de impossibilidade logística de se acompanhar as apresentações das outras mostras (a também competitiva para crianças e as de rua, bonecos, Às dez em cena, paralela e especial). E, segundo, porque a mostra que define o festival é exatamente a adulta, pois foi assim que o Fenata começou há 38 anos.

Ocorre que, ao se analisar a premiação da mostra adulta de 2011, é estranho constatar determinados, digamos, desvios de rota. Um deles – o principal – é a confirmação de uma tendência que vem se verificando há alguns anos: a de uma certa ‘paulistanização’ do Fenata.

Não que não se deviam premiar os atores paulistas. Longe disso. A questão não é essa. Algumas premiações foram merecidas. O problema é o critério de dois pesos e duas medidas adotado pelo júri.

O prêmio especial do júri de incentivo ao teatro concedido ao trio de atores-mirins Tiago Galan, David Faria e Izabelly Lira, de Miguilim, do grupo Tanahora, da PUC/PR de Curitiba, foi uma bela homenagem. Os cinco prêmios a Ser Tão Grande, do Arte & Fatos, de Goiânia (GO), foram merecidos: iluminação, figurino, ator (Kleber Alves, que dividiu a estatueta com Douglas Novais, d’Os Geraldos), direção (Danilo Alencar) e melhor espetáculo (dividido com Hay amor!). Também merecido foi o de melhor cenografia a Pé na Curva, da Cia. de 2, de São José dos Campos (SP). Mas os seis prêmios para Hay Amor e outros seis para Números, a maioria deles dividida entre si – uma maneira dupla de se ganhar prêmios que, até onde se sabe, é inédita na história do festival –, não deixa de ser uma premiação bastante inflada para um grupo que, embora seja bom, não precisava de tanto assim.

Os de melhor atriz coadjuvante (Carolina Delduque), ator coadjuvante (Gustavo Valezi), atriz (Júlia Cavalcanti) e ator (Douglas Novais, dividido com Kleber Alves) foram concedidos pelos dois espetáculos. Hay Amor ainda ganhou texto original e espetáculo (com Ser Tão Grande) e Números, maquiagem (Heloísa Cardoso) e espetáculo pelo júri popular.

 

*Helcio Kovaleski é crítico de teatro.

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