Ayrton Baptista
O Paraná poderá ter com o senador Álvaro Dias o seu candidato presidencial em 2014. No seu terceiro mandato do senador, já tendo passado por todas as funções legislativas, desde vereador em Londrina, Álvaro foi governador e não foi vice de José Serra na eleição passada por razões difíceis de explicar, pois reúne a ambição do DEM, a frouxidão dos tucanos e a candidatura situacionista do irmão Osmar Dias. Como ele chegou a vestir o terno de candidato à vice, falta-lhe, tão somente, uma candidatura presidencial.
Álvaro Dias é o principal nome que faz oposição ao governo Dilma Rousseff, como já ocorria com Lula da Silva. Serra ainda luta para ter a sua terceira candidatura, talvez acreditando que, como Lula, sua vez chegará. Aécio Neves parece ser o nome da vez. Mas tem Lula, sua vez chegará. Aécio Neves parece ser o nome da vez. Mas tem se poupado, dizem, por ligações esperançosas com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, figura em alta e presidente do Partido Socialista Brasileiro o PSB, este sim velho de guerra, que ressurge após anos em baixa e elege governadores em diversos estados. Não bastando isso apaga o PSDB do Paraná e lança-se com Luciano Ducci na disputa da Prefeitura de Curitiba, claro, com o apoio do governador Beto Richa, líder em ascensão entre os tucanos e que pode ser chamado a concorrer à vice-presidência. Ficará de fora, entretanto, se o prêmio cair nas mãos de Álvaro Dias. As razões são obvias, todos sabemos, como sabemos que há uma declarada disputa pelo comando tucano no Estado.
O senador oposicionista concedeu longa entrevista ao jornalista André Gonçalves, da sucursal da Gazeta do Povo em Brasília. Ele não foge à luta, mas presidência só se for convocado pelo partido. Defende as primárias, como vem ocorrendo nos Estados Unidos. E acha que só a admissão do seu nome no espectro de candidaturas mostra que há gente além de Aécio e Serra. Não quer saber de Brasília ou Rio de Janeiro para onde já foi cogitado por líderes do PSDB. Não há como deixar o Paraná. Como paciência é o que não lha falta, acha que só em 2013 pode-se pensar seriamente em 2014. Aí, se for o caso, disputa mais uma vez a Câmara Alta.
Em termos de persistência na política e na apreciação dos fatos que a cerca Álvaro é absoluto no Paraná. Tinha um adversário à altura, Afonso Camargo. Ambos, quando Afonso vivo, pensavam em política 24 horas por dia. Assim, sempre estiveram preparados para novas investidas e também para os recuos que a vida política e partidária impõe. Ainda hoje não teriam adversários à altura, ficando a incumbência para Álvaro Dias. Sim, no passado, outra figura se impunha: Aníbal Curi. Quando os três resolviam jogar juntos formavam uma linha média de causar inveja. Geralmente não tinham adversários. Restando só Álvaro e outros que agora procuram se aproximar também pensando em política quase 24 horas, o bastão está com o senador. Líder do PSDB oposicionista, não é de graça que vai à tribuna todos os dias e quando não, fala aos meios de comunicação, sabendo, inclusive, utilizar os feriados que a política impõe à capital da República.
Fala. E muitas vezes está absoluto nos recados políticos. Por isso tudo e mais que ele deve estar guardando na manga, é bom esperar os acontecimentos neste e no próximo ano. Álvaro pode não chegar à presidência, mas vai incomodar muita gente que hoje pensa ser dona do pedaço. Tanto aqui como lá.
Ayrton Baptista, jornalista