Duas facetas
Se um teimoso apresenta a persistência como uma característica positiva que deve ser valorizada pela alta gestão, esse mesmo teimoso também pode apresentar muitas vezes a característica de alguém que desiste sem mesmo tentar. Exemplifico. Em uma organização José era daqueles profissionais tidos como teimosos de carteirinha, ou seja, aquela pessoa onde a teimosia era tão forte que os colegas logo cansavam e nem sequer tentavam discutir com ele. A teimosia do José fazia com que as pessoas simplesmente deixassem de debater, deixassem de oferecer alternativas porque o José sempre achava que estava certo.
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Radicalismo
O grande problema do José era justamente que a sua teimosia impedia muitas vezes que ele tentasse agir de maneira pró-ativa no ambiente de trabalho. É que o José acreditava que ninguém iria auxiliá-lo, principalmente os concorrentes. Então, num determinado momento, certo cliente necessitou de uma peça e várias pessoas sugeriram ao José que emprestasse do pior concorrente que já tinham tido. O José simplesmente disse que não haveria a menor chance de tentar e que o concorrente não aceitaria emprestar aquela peça. Ele não seria louco de tentar sequer. Acontece que um dos funcionários do José, ainda que de maneira insubordinada, tentou e conseguiu.
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Tirar proveito da situação
A peça foi emprestada porque o concorrente entendeu que seria uma excelente oportunidade de diminuir o estresse entre as duas empresas. Por isso, meu amigo, a dica de hoje é a seguinte: a boa teimosia pode e deve ser transformada em algo positivo, mas para isso, o medo de não tentar não pode predominar. Bom teimoso é aquele que não abre mão do objetivo, mas que é flexível o suficiente, que é negociador o suficiente para tentar alternativas para atingir esse mesmo objetivo que ele tanto sonha. Bom teimoso é aquele que negocia a possibilidade, sem abrir mão do objeto.
(Luciano Salamacha)