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O voluntário anônimo

Wilmar Marçal*

 

Assistimos todos os dias a um índice crescente de aspectos sociais negativos, com sequelas e soluções de continuidade imensuráveis na saúde, educação e segurança pública. Assistimos também ao comodismo de muita gente que, acreditando ser invulnerável a todo e qualquer sinistro, esquivam-se de compartilhar, estão sempre com pressa, ignoram colaboração coletiva e omitem-se no próprio egoísmo. Lamentavelmente essas pessoas inertes ainda comungam aquela máxima de que: pago meus impostos e exijo meus direitos. Está na hora de rever seus conceitos. Está na hora de ver o que se passa na sua rua e no seu bairro. Há muita atividade que poderia melhorar o convívio e a vida das pessoas se cada uma delas absorvesse o espírito do voluntariado. De uma simples ajuda a grandes mutirões se consegue resultados espetaculares e os beneficiados são para todos, sejam crianças, jovens e adultos.

Quem ainda comunga que o governo é culpado daquilo ou disso está vendo a vida passar e não se coaduna com a cidadania plena entre seres humanos. Há pessoas que são capazes de destinar horas passeando com cães, mas não se oferecem para levar os idosos num dia de sol na pracinha mais perto de casa. Solidarizam-se com semelhantes somente na época do Natal e acreditam que estão aumentando seus créditos com Deus para após a morte entrarem no céu. Ora, está na hora de se trabalhar o hoje. Viver e atuar com espírito de grupo, compartilhando e ajudando no que for possível. Bem perto da sua casa há um posto de saúde, um hospital, uma escola, uma creche. Por que não ajudar com uma hora por dia como voluntário. Há tantas maneiras de colaborar que você vai se surpreender quando conhecer o interior dessas repartições.

No Instituto dos Cegos de Londrina, por exemplo, os voluntários anônimos, gravam fitas de livros inteiros, poesias, contos, crônicas, para que todos os deficientes visuais possam ter a leitura auditiva. Um trabalho emocionante porque proporciona uma viagem pelo universo da imaginação.  

Nos hospitais que tratam do câncer em vários pontos do país, o expediente administrativo pode ser auxiliado com o mínimo de domínio do computador, para ajudar no preenchimento dos formulários, por exemplo. Ou ainda auxiliar na cozinha, recolher donativos, levar uma palavra aos doentes ou simplesmente visitar as pessoas que estão internadas. 

Nas creches, que tal servir a merenda para as crianças uma vez por dia? Compartilhar do momento do recreio e voltar no tempo, para que a dormência lúdica que existe em cada um de nós floresça novamente e produza em nosso metabolismo as boas endorfinas da alegria e felicidade.  

Pessoas aposentadas e felizes, em muitas partes do país, se solidarizam com escolas de periferia e lá ensinam crianças a jogar xadrez, dama, dominó e a montar os deliciosos quebra-cabeças. São essas atividades que fazem as crianças e os jovens terem a boa disputa esportiva e conhecer a verdadeira relação de vitória e derrota. Molda-se o caráter através da prática do raciocínio. Não há agressões de impactos.

 

 

*O autor é professor universitário, assessor e palestrante educacional. Ex-reitor da Universidade Estadual de Londrina

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