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UEPG na UTI

Guilherme Fernando F. da Silva

Ponta Grossa tinha tudo para que um de seus problemas não fosse saúde. Por questões políticas, o governador anterior (Roberto Requião) havia fechado o curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa e só reabriu quase no final de seu mandato, deixando a oportunidade para que o atual governo terminasse a fase de implementação do curso. Algo parecido aconteceu com o Hospital Regional, inaugurado as pressas num fim de mandato, deixando a possibilidade do atual Governador efetivamente fazer funcionar aquele gigante da saúde.

Nem uma coisa nem outra aconteceram. Mais uma vez o Curso de Medicina da nossa universidade estadual agoniza. Ao que parece foi ignorada a mobilização feita no ano de 2012, nesta mesma época, pois os problemas se repetem. Por mais um ano faltam professores para que se inicie um semestre letivo. Por mais um ano a população de Ponta Grossa está tendo que ver o Hospital Regional com baixa operação. Nesse sentido o Governo do Estado do Paraná parece andar na contramão do que clama a população nas ruas. O povo pede por Saúde e Educação e tem em troca obstáculos na formação de novos médicos.

Quem dera os problemas fossem apenas referentes ao curso de Medicina. Desde o dia primeiro de julho, há um decreto do Governo do Estado, que trata de corte de horas extras em toda a máquina do estado. Grosso modo, numa visão superficial, deveríamos aplaudir o governador em pé, pois muito malandro deixará de ‘mamar’ nos cofres do estado. Porém mergulhando mais afundo no tema, nos deparamos com o funcionamento da nossa Universidade, que sem sobra de dúvidas será afetado.

Hoje há um grande déficit de pessoal na UEPG, tanto que são as horas extras que garantem o funcionamento da Biblioteca initerruptamente em todos os turnos e aos sábados. Do mesmo modo, são as horas extras que garantem o funcionamento do Restaurante Universitário no período noturno. As serventes só dão conta da limpeza de todas as salas de aula, banheiros, laboratórios, corredores, departamentos e biblioteca desta maneira, pois a muitos anos a universidade só faz aumentar em tamanho físico, sem, aparentemente, ter aumentado também o quadro funcional. Com certeza outros ambientes como laboratórios que dependem de laboratoristas, o CAIC, o Colégio Agrícola, a Fazenda-Escola também serão afetados com essa medida.

Argumenta-se, para justificar tal atitude, o limite prudencial estipulado pela Lei de Responsabilidade Fiscal que está prestes a ser atingido, também sobre o repasse do governo federal aos estados, sobre a federalização do ensino superior, que não seria de competência dos estados, mas da união, dentre outras colocações. Mas quando se justifica ou argumenta-se desta maneira, acaba se esquecendo de que na campanha eleitoral em 2010 já existiam as Universidades Estaduais há muito tempo e que o Hospital Regional precisava ser colocado para funcionar.

Existem outras maneiras de economizar em se tratando de gestão pública. Uma delas passa por planejamento. Quando uma gestão é bem planejada, encontram-se os gargalos de ineficiência, como verbas publicitárias; secretarias, autarquias e assessorias inoperantes e cargos em comissão que servem de cabides de empregos. Se nosso estado fosse melhor planejado, com certeza nossas universidades não estariam sendo sucateadas pelo abandono e não faltariam professores em sala de aula, seja para o curso que fosse. Da maneira como o cenário se apresenta, não há outra maneira a não ser a Universidade ir as ruas, clamando por sua sobrevivência.

O autor é bacharel em direito.

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