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Teatro ancestral

Divulgação
Eliss de Castro, autora de esquetes teatrais impecáveis

O homem primitivo, desde tempos ostensivos, mantinha-se atento às manifestações da natureza. Tempestades, trovões e torrentes atormentando e inculcando ao abrigo das cavernas. Intuição artística apaziguando as forças elementais em episódios teatrais rudimentares. Também inspirando as danças miméticas, ilustrando façanhas. Bingo! O teatro como ritualística para cultivar a si enquanto agente natural, honrando o sacro, salvaguardando em gestos o bônus pela alusão às forças divinas. Dança da chuva? Celebração ao sol? A pujança da Grécia Antiga inovando com os diálogos e a interpretação do outro, quando Téspis ousou subir no tablado, e afirmar: “Eu sou Dionísio”, durante as procissões encenadas à colheita da uva, em homenagem ao deus do vinho. Neste instante, trouxe o sagrado ao profano. O agradecimento completando o rol das emoções que inspiraram as marcações de cena. Desde então, não mais tiramos o pé do tablado, assumindo as diversas porções humanas, das reproduções dos mitos no antigo Egito à sátira, sempre pouco frugal, à decadência social nos formatos “stand up” atuais. Na Roma dos tempos de perseguição aos cristãos, os espetáculos abandonam os aspectos sacrossantos para dar vez à diversão. Os instigantes saltimbancos surgem na época medieval. Temas existenciais são legados do Romantismo, homens inquietos que mostram seus revezes em faces incertas. Rumo certo?

A contemporaneidade, com demandas crescentes de tempo e velocidade, moldou as esquetes teatrais, pequenas peças em parcos minutos de duração, orientadas para um seleto público-alvo. Tiro certo? Talvez, em pequenas doses de poética cênica a chance de sensibilizar e ressoar do coração que encena para a emoção que respalda a cena. Quem é o agente, quem é o expectador, se a própria vida é uma obra helênica?

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