Dando continuidade ao texto da semana passada, onde relatei uma experiência do atendimento psicológico, hoje compartilho um fato recorrente no atendimento infantil.
Em sua maioria, os pais buscam a Psicoterapia para os seus filhos quando “não podem mais com eles”. Como recebo essa queixa!
E o que podem fazer? Às vezes dizem: “precisa consertar essa criança”! E aí se instala uma “angústia”.
Criança tem desejos, tem escolhas, tem manifestações que nem sempre são compreendidas pelos adultos. Não são “adultos em miniatura”. São seres de subjetividade, de descobertas e de transformações cotidianas. “É nessa fase que a criatividade se expressa, que surgem os primeiros afetos e que se alimentam os medos e fantasias.” Elas têm que brincar, fazer bagunça, se divertir.
“Quando as convocatórias cessam e o barulho dão espaço ao silêncio e ao isolamento, é momento de cuidar da saúde mental dos pequenos”.
Nós adultos temos que dar conta deles! Meus pacientes sabem que a expressão “ter quê” sempre é questionada… mas no tocante a crianças, “temos quê”.
Um espaço saudável, sem agressividade, com respeito, afeto e atenção colabora para que as nossas crianças se desenvolvam psicologicamente de maneira saudável e sem cortes emocionais que possam levar a traumas, receios e até síndromes mais graves. Afinal, a infância é descobrimento e adoção de modelos, de espelhamento. E ela mostra, dá sinais. E também, não é porque está “dando trabalho, chamando atenção e/ou teimando” que está nos desafiando, ou demonstrando desvio de personalidade e psicopatologias. Ela está sinalizando, que algo não está bem.
Importante se faz, dar muito afeto, limites e amor.
E o psicólogo, além de estudar os fenômenos psíquicos e comportamentais, vai analisar as relações sociais e familiares que possam estar interferindo na formação e no desenvolvimento das crianças. Poderá auxiliar na constatação do tipo de temperamento e/ou tendências da criança, para direcioná-la e realizar um trabalho em conjunto com a família para a melhor qualidade de vida de ambos.
Criança também se estressa, se angustia, se deprime. Um olhar atento e participativo pode ajudar muito para minimizar as consequencias dos comportamentos que às vezes não sabemos como lidar.
E, pensemos nisso: será que podemos “mudar a lógica da punição ou da imposição?”; – será que podemos ter “diferentes formas de conseguir o que desejamos?”; – é possível “descobrir de onde vêm o estresse infantil?” Podemos ajudar as crianças a identificar de onde vem “o desconforto” e junto caminharmos para a sua melhoria da qualidade de vida!