em

Invasão em mesquita de PG repercute no país

Legenda (José Aldinan): Mahdi Ghardashi (à esq) e Sleiman Zabad mostram os estragos deixados após a invasão.

O crime de intolerância religiosa ocorrido na Mesquita Imam Ali, de Ponta Grossa, ganhou repercussão nacional. O templo foi invadido na madrugada de sexta-feira (26) e um exemplar do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, foi queimado e as paredes do templo foram sujadas. Nada foi furtado do local, embora nele houvessem objetos de valor. A Polícia Civil investiga o caso. 

A Mesquita publicou uma nota de repúdio um dia após o crime e o caso rapidamente gerou manifestações nas redes sociais. O ato de intolerância e desrespeito foi publicado por inúmeros veículos de comunicação. O Farol, monitor de notícias do mundo islâmico, replicou as informações, descrevendo o acontecimento como “um ataque islamofóbico”.

O Jornal do Líbano, que noticia informações de todo o mundo relacionadas à comunidade muçulmana, também deu destaque ao crime ocorrido em Ponta Grossa. Muçulmanos de várias partes do Brasil e do mundo repudiaram o acontecimento.

“Sempre nos respeitaram muito bem e Ponta Grossa está dentro do nosso coração. Nós somos uma união, irmãos na igreja católica, evangélica e tantas outras. Recebemos nota da Federação Israelita e de outras igrejas também sobre o ocorrido. A religião deve mostrar humildade e amor ao próximo”, destacou Sleiman Zabad, presidente da Mesquita em Ponta Grossa.

A Diocese de Ponta Grossa também publicou nota em sua rede social, na qual repudia os  acontecimentos e “ao mesmo tempo se solidariza com a comunidade islâmica reforçando a necessidade de respeito para com as diferentes manifestações de fé e de urgente combate à intolerância e à violência”, informou.

A prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt, disse que a cidade deve continuar sendo plural e livre. “Não iremos tolerar crimes de ódio e manifestações de intolerância. A invasão da Mesquita Iman Ali e a profanação do Santo Alcorão são inaceitáveis. Toda nossa solidariedade e apoio à comunidade muçulmana de Ponta Grossa”, destacou.

Crime

Quando o Sheik Mahmoud Shamsi, que mora atrás da Mesquita, acordou ele sentiu um forte odor de queimado e comentou com a esposa. “Eles pensaram que o cheiro vinha da rua. Por sorte, eles levantam às 4 horas da manhã para orar e foi nesse momento que se depararam com o incêndio dentro do salão”, contou Sleiman Zabad.

O Alcorão estava sobre uma mesa junto com um livro de súplicas e um quadro das Bases do Islã. Todos foram queimados e parte da mesa ficou danificada. “O fogo só não se alastrou por um milagre de Deus. Ao lado da mesa tinha um pano preto que, por sorte, não foi incendiado”, apontou.

Os membros da Mesquita acreditam que o templo pode ter sido alvo de intolerância religiosa, já que nenhum pertence foi furtado. “É difícil saber o que se passa na cabeça de uma pessoa dessas. Aqui temos equipamentos que custam mais de R$ 10 mil e nada foi levado. Somente o Alcorão foi queimado e por isso chegamos a essa conclusão”, disse o presidente.

Investigação

O delegado-chefe da 13ª Subdivisão Policial, Nagib Nassif, informou ontem que a Polícia Civil iniciou as investigações. “Foram tomadas todas as medidas iniciais, como a coleta de impressões digitais”, disse. Além da perícia realizada dentro do salão, também foram coletadas impressões digitais no veículo que pertence à mesquita.

Segundo Sleiman Zabad, as câmeras de segurança estavam em manutenção e não flagraram o crime. “Infelizmente não temos imagens, mas tenho certeza que vamos descobrir quem fez isso. O próximo passo será pedir a autorização da Prefeitura para que uma câmera de segurança seja instalada aqui na região. Também estamos reforçando a segurança da mesquita com a instalação de uma cerca elétrica”, disse.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.