Servidores do Samu em Ponta Grossa começaram a ser remanejados de suas funções, desde a última semana, para outros setores que pertencem à Fundação Municipal de Saúde. A medida se deve após a contratação de uma empresa terceirizada para assumir os atendimentos telefônicos no órgão. De acordo com a FMS, a função era antes realizada por servidores efetivos, sendo três administrativos e sete telefonistas. A demanda, no entanto, não era suprida.
A decisão desagradou parte dos servidores que alegaram prejuízos nos atendimentos prestados à população. "A Prefeitura não nos comunicou essa decisão e apenas informaram que iriam contratar uma empresa para suprir a falta de radioperador e telefonista. No entanto, neste ano, foram chamados três telefonistas concursados para assumir a função. A informação de que os servidores seriam realocados chegou somente na última semana e a decisão por parte do Município já havia sido tomada", disse uma das servidoras que não quis ser identificada.
Entre os prejuízos apontados pela servidora está a de que os funcionários da empresa terceirizada não teriam a mesma agilidade para atender uma ocorrência de emergência via telefone. "Eles não conhecem a cidade e isso acaba demorando para deslocar uma ambulância para a ocorrência. Estamos anestesiados com essa situação. É uma crueldade com os servidores que não foram preparados psicologicamente", apontou.
Processo Seletivo
Além da contratação da empresa terceirizada para a função de telefonistas, existe ainda a realização de um Processo Seletivo Simplificado (PSS) para seleção de profissionais pelo Consórcio Intermunicipal Samu Campos Gerais (CimSamu), para implementação e ampliação do serviço do Samu na região, alcançando área de abrangência das 3ª, 4ª e 21ª Regionais de Saúde do Paraná.
Segundo o diretor-geral do CimSamu, Jaime Menegoto Nogueira, a seleção temporária dos funcionários será necessária para que o Samu regional possa iniciar as operações. As vagas são para enfermeiro, técnico de enfermagem, motorista socorrista e farmacêutico que serão divididos para atuar em 28 municípios. A contratação via PSS também acarretaria o remanejamento de servidores que já atuam no Samu.
Reunião
Na última terça-feira (3), o Sindicato dos Servidores (Sindserv) se reuniu com parte dos servidores para discutir a questão. "O CimSamu irá assumir os trabalhos. Mas, como ocorre em outras cidades do Paraná, o Consórcio absorve a mão de obra já existente no órgão e complementa com os aprovados pelo PSS. Essa seria a ideia inicial, no entanto, a Prefeitura de Ponta Grossa alegou que teve um parecer jurídico de que o Município não pode ceder trabalhadores", explica o presidente do Sindserv, Roberto Carlos Ferensovicz.
"O Samu funciona misto – terceirizados e concursados – em outras cidades do Paraná. A nossa preocupação é de que pessoas inexperientes assumam e causem prejuízos à população, principalmente, com relação ao caos na central telefônica. A demora pode fazer com que muitas pessoas morram", comentou outra servidora.
Ainda de acordo com Ferensovicz, o Sindicato busca meios legais para tentar verificar a legalidade de atuar de forma mista. "Vamos ver como funciona nas outras cidades e então agir para cobrar da Prefeitura que os servidores não sejam remanejados. Uma nova reunião com os servidores está prevista para esta sexta-feira (6)", destaca o presidente.
Fundação de Saúde
Com relação à terceirização para os telefonistas, a Fundação de Saúde informou que os funcionários estão sendo realocados para atender as demandas da Fundação Municipal de Saúde, não havendo desvio de função, sendo eles telefonistas e administrativos.
Segundo a pasta, a Prefeitura tem dois Termos de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho que obrigam o Município a regularizar desvios de função, realização de horas-extras e adequação de escalas.
"A partir de agora, a FMS passa a contar com empresa especializada neste atendimento, sendo uma das maiores do Brasil, com funcionários devidamente capacitados para o cargo mencionado", garantiu.