A mobilidade urbana engloba todos os tipos de transporte e infraestruturas, assim como o deslocamento das pessoas. Esse conceito é válido tanto para o transporte utilitário (automóvel, motocicletas e bicicletas), transporte coletivo (ônibus, metrô, trem, etc.) e transporte de cargas (caminhões, vans, etc.).
De acordo com Hugo Alexander Martins Pereira, professor de Engenharia Civil da Universidade Positivo, “o crescimento populacional que não acompanha as políticas públicas que envolvem o transporte coletivo, acabam encarando um cenário ainda mais desafiador com o crescimento exponencial da frota de veículos (automóveis e motocicletas), além da saturação das vias”.
Além disso, Pereira ressalta o quanto o transporte coletivo pode ser um dos pilares para o desenvolvimento urbano.
“É necessário um estudo para melhor disponibilidade de serviço em atendimento à demanda gerada. Não se pode excluir os modos não-motorizados de transporte, que envolvem o uso das bicicletas e do espaço físico adequado para caminhabilidade”, explica.
Ainda seguindo o raciocínio do professor, a superlotação no transporte público, por exemplo, pode ser encarada com duas frentes:
- Em primeiro lugar, a frequência de veículos que realizam um itinerário;
- E em segundo lugar, a escassez de alternativas de transporte para a população.
De acordo com ele, a frequência de viagens é um item de qualidade que atrai ou contribui com a evasão de usuários no transporte coletivo. O aumento de veículos deve ser considerado em horários de maior demanda.
Entretanto, não basta reforçar o transporte coletivo se o trânsito permanecer carregado. Por isso, Pereira explica que “deve-se prever investimentos na implantação de faixas ou corredores exclusivos para a operação dos coletivos. No entanto, pensar apenas no reforço de uma operação sem que esteja em harmonia com o sistema viário não produzirá o efeito desejado”.
Quais as soluções para a mobilidade urbana no Brasil?
De acordo com o prof. Pereira, uma das soluções para melhorar a mobilidade urbana é caracterizar a demanda por serviços que envolvem o transporte individual ou coletivo.
“Após tal caracterização, os gestores devem compreender melhor a demanda e a oferta do serviço de transporte coletivo organizado, buscando oferecer soluções à população que atendem as suas necessidades”, explica.
Entretanto, esse tipo de exercício não é simples e não se soluciona apenas com a teoria.
“É necessário a presença de profissionais capacitados e que acompanhem de forma próxima as condições do sistema de transporte, em determinadas regiões. Assim é estudado e estruturado mudanças que visem a melhoria da mobilidade”, salienta o professor.
Em resumo, para melhorar as condições de transporte em um município ou região, favorecer todas as opções de transporte disponíveis pode ser de grande valor para os projetos de mobilidade urbana.
Para Pereira, apesar das perdas e falta no avanço da Política Nacional de Mobilidade Urbana durante a pandemia da Covid-19, o transporte coletivo continua sendo um serviço essencial, pois isso prioriza o próprio crescimento estruturado do município ou região.