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População de baixa renda tem dificuldade para conseguir vagas de empregos devido aos congestionamentos de trânsito

População de baixa renda congestionamentos
Embora os congestionamentos afetem a todas as classes sociais, eles causam um impacto maior sobre populações de baixa renda. Foto: Helio Montferre/Ipea

Dados do estudo Os Impactos Desiguais do Congestionamento Urbano no Acesso a Empregos, publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, registrou que a população de baixa renda é mais afetada pelos congestionamentos de trânsito quando busca por vagas de trabalho.

Neste cenário, a população das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília são as mais impactadas pelos congestionamentos. De acordo com o levantamento, a redução da quantidade média de empregos acessíveis nesses municípios em decorrência do trânsito sobrecarregado é de 40,7%, 35,1% e 24,6% respectivamente.

Por outro lado, as cidades de Goiânia, Campo Grande e São Gonçalo (RJ) são as cidades menos afetadas pelos congestionamentos neste mesmo contexto. A redução de acesso às oportunidades de trabalho nessas cidades é de 0,6%, 2,1% e 3,2% respectivamente, na comparação com os horários de trânsito livre.

Impactos nas classes sociais

Embora os congestionamentos afetem a todas as classes sociais, eles causam um impacto maior sobre populações de baixa renda. Nas cidades com mais desigualdades entre aquelas abrangidas no trabalho, São Paulo e Belo Horizonte, a população mais pobre tende a ser aproximadamente entre três e onze vezes mais impactada pelos congestionamentos do que a população mais rica.

Durante o horário de pico na capital paulista, por exemplo, o estudo revela que os grupos de maior renda deixam de acessar 20% das vagas que acessaria com trânsito livre. Para as pessoas de menor renda, 56% dos empregos tornam-se inacessíveis devido aos congestionamentos.

Neste sentido, o estudo identificou que a diferença que limita o acesso de ricos e pobres em picos de congestionamento está associada a dois fatores. São eles: os padrões espaciais de localização de empregos e classes sociais e os padrões espaciais de congestionamento. Ou seja, os terrenos mais próximos dos centros de empregos, muitas vezes próximos ao próprio centro das cidades, são mais caros. Por isso, os segmentos de maior renda têm mais chance de ocupar espaços próximos a esses locais.

Por outro lado, populações de baixa renda tendem a morar em áreas periféricas onde os terrenos são mais baratos. E, diante disso, acabam sofrendo mais por terem de percorrer distâncias maiores para chegar a áreas centrais, onde estão localizados os empregos.

Distâncias de percurso

O estudo esclarece ainda que, apesar de as áreas centrais e mais próximas de centros de empregos sejam as que concentram grande parte do sistema viário com maiores índices de lentidão no trânsito, as distâncias percorridas dentro desses perímetros pelas pessoas que ali residem são menores.

De acordo com o levantamento, o tempo gasto nesses deslocamentos é bem menor porque as distâncias são relativamente pequenas. Além disso, é possível percorrer por modos alternativos, como as bicicletas, ou mesmo a pé. Assim, a população de maior renda consegue acessar mais vagas de trabalho porque enfrenta congestionamentos por menos tempo em trajetos menores.

Deserto de oportunidades

Por fim, o estudo identificou outro fator que agrava a situação de exclusão da população de baixa renda nas áreas mais remotas das periferias, ocupadas por populações em situação de extrema pobreza. De acordo com dados do levantamento, o impacto dos congestionamentos é relativamente mais baixo, pois, tais regiões são tão afastadas dos centros que seus habitantes não têm oportunidade de acesso a empregos mesmo com trânsito livre. Dessa forma, considerando o intervalo de tempo de viagem analisado no estudo, de 15 a 45 minutos de viagem de carro.

“A situação desse grupo de renda pode ser descrita como um deserto de oportunidades”, resumem e finalizam os pesquisadores e autores da publicação.

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