Adelaide* tomou um susto na última semana. Ela foi a uma loja de Ponta Grossa e encontrou agasalhos de boa qualidade a um preço bem abaixo do de mercado. Comprou dois conjuntos de agasalhos para dar aos seus netos e, quando chegou em casa, o menino de quatro anos de idade pediu para ela tirar o emblema da jaqueta e costurar o desenho de um dinossauro no lugar.
Quando Adelaide descosturou o emblema, teve uma surpresa: debaixo dele estava a identificação Prefeitura de São Paulo – Educação. “Até onde sei, não se pode vender algo que é distribuído gratuitamente”, diz, sem saber a origem do produto. No outro agasalho, algo parecido ocorreu. A inscrição que estava bordada sob o emblema dizia “Santa Catarina”.
Acreditando se tratar de algo ilegal, ela entrou em contato com a reportagem, que contatou as duas instituições (prefeitura de São Paulo e Governo de Santa Catarina), questionando se aqueles uniformes pertenciam a alunos de escolas e colégios.
Apenas a prefeitura de São Paulo retornou, respondendo que não havia registro de uniformes escolares extraviados, e que achava improvável isso ter ocorrido.
Produto é legal
A equipe do DC esteve na loja e verificou que vários outros agasalhos do mesmo tipo, de fato, estão à venda. A gerência da loja procurou esclarecer a situação: os materiais foram resultado de material vendido em leilão, de empresa que decretou falência, e teriam sido comprados legalmente, com nota fiscal. O Procon complementou, explicando que a venda é permitida, desde que a logomarca original seja encoberta. Quando materiais como esse são produzidos, não é raro que as empresas fornecedoras fabriquem material excedente ou de amostra. Isso acaba pertencendo à empresa, e não ao órgão público que o adquiriu, podendo ser vendido no comércio regularmente.
*Nome fictício para preservar a identidade da fonte.