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UEPG no combate ao coronavírus em Ponta Grossa

O reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Miguel Sanches Neto, participou de uma entrevista no Jornal Diário dos Campos, na última quarta-feira (6), para falar sobre as principais ações que a universidade tem desenvolvido no combate ao coronavírus na cidade.

Além das medidas relacionadas à pesquisa e solidariedade, Sanches Neto também falou sobre a preparação do Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais para receber pacientes com suspeita ou confirmados da covid-19, além de apontar questões voltadas à situação do calendário universitário.

Ainda durante a entrevista, o reitor comentou sobre o congelamento dos salários dos servidores públicos e ainda deixou claro que a UEPG não é favorável à reabertura do comércio em Ponta Grossa, por conta dos riscos de contaminação da doença em toda a população. Confira a entrevista completa.
 

Diário dos Campos – Reitor, nesta semana, a UEPG lançou uma nota alegando que não existia nenhuma pesquisa onde concorda com a reabertura do comércio. Essa nota teria sido emitida devido as alegações do prefeito Marcelo Rangel em seu programa de rádio?

Miguel Sanches – A UEPG não aprova a reabertura do comércio. Enquanto instituição de ensino e ciência, ela segue o que a Organização Mundial da Saúde (OMS) diz: que a melhor estratégia agora é o isolamento e distanciamento social. Entendemos que o momento é muito difícil. Preocupante para a população e para os comerciantes, mas sem distanciamento social, vamos fazer a curva crescer muito mais.

Conversei com o secretário estadual de Saúde, Beto Preto, e ele é da mesma opinião que hoje temos manter isolamento e distanciamento. Já com relação ao prefeito, o qual eu acredito, ele quis fazer um alerta sobre a necessidade de usar máscaras e foi mal interpretado. Mas nesse momento a curva é ascendente e, por isso, a UEPG não concorda com a abertura do comércio na cidade.

Ainda ontem, a prefeitura esteve com um grupo de professores. Quero deixar claro que eu não tenho conhecimento do resultado dos estudos que apontam para o crescimento do pico da doença. O estudo existe, mas não passou pela Pró-Reitoria de Extensão e Pesquisa, instância que valida os estudos, e acredito que os professores também não tenham dito que são favoráveis a reabertura do comércio.

Quero acreditar, ainda, que houve apenas um ruído de comunicação que virou uma bola de neve e tivemos que soltar uma nota dizendo que em nenhum momento a universidade se coloca a favor da reabertura do comércio. No entanto, neste momento, temos que manter a calma e fazer uma reavaliação quase que diária das nossas opiniões. A pandemia trouxe pra nós muitos desafios.

DC – Com relação ao congelamento de salários dos servidores, um projeto de lei do governo federal que autoriza o repasse de R$ 125 bilhões para estados e municípios já foi aprovado pela Câmara de Deputados e também pelo Senado. Com isso, a contrapartida é o congelamento de salários dos servidores municipais e estaduais. O senhor acredita que isso pode vir causar problemas para universidade, como greves, por exemplo?

MS – Primeiramente, somos contra o congelamento salarial e vejo isso como a pior estratégia de qualquer política pública em retirar entusiasmos e dedicadão de um grupo atuante durante a pandemia.

Hoje a UEPG está completamente engajada no combate à covid-19. Somos completamente contra ao congelamento nesse momento, pois sacrifica aqueles, que quando passar a pandemia, serão os mais necessários para o desenvolvimento do país que são os profissionais da educação e funcionários públicos.

Não podemos penalizar aqueles que estão na linha de frente. Ainda na Câmara dos Deputados houve uma orientação para que haja votação favorável ao não congelamento dos salários dos professores. Por enquanto, é certo de que profissionais da saúde e segurança pública não terão seus salários comprometidos.

DC – Reitor, as aulas estão suspensas há quase 50 dias e a previsão é de que o pico da doença seja final de junho e começo de julho. Então podemos dizer que este ano está perdido? Como recuperar o conteúdo?

MS – O calendário e o ano letivo não estão perdidos. Nós tivemos outros momentos da história da UEPG em que ficamos três meses sem aula por conta da greve e isso retardou nosso calendário. Portanto, agora teremos um calendário que vai avançar no ano de 2021, mas não está perdido por conta dessa suspensão.

A reitoria tomou uma precaução de constituir uma comissão para discutir esta questão e no dia 11 teremos uma reunião para tentarmos chegar a uma conclusão sobre o que é possível ser feito. Há um grupo que defende que devemos abrir para atividades remotas para fazer em casa.

Mas o limitador da proposta é que temos um grupo que não tem acesso à internet. A UEPG deveria, portanto, fornecer para eles os equipamentos. Então estamos vendo quais alunos que estão nessa situação e que nós precisaríamos dar um suporte. Por outro lado, existe outro grupo que quer manter todos os calendários fechados para proteger alunos economicamente fragilizados.

DC – Sobre os cursos de Medicina e Enfermagem, inicialmente, a UEPG foi contrária a formatura antecipada de alguns cursos da área da saúde por alegar prezar pela qualidade no ensino. Mas há algumas semanas houve essa mudança. Então qual foi o critério levado em consideração?

MS – Antes tínhamos um problema para atender aquele decreto, primeiro porque só poderiam ser antecipadas as formaturas dos alunos que tivessem concluído 75% do internato que é o momento em que o aluno faz a prática no hospital. A maioria dos nossos alunos cumpria os 75%, mas ele é dividido em quatro disciplinas, e uma delas não havia sido cumprida e essa era a preocupação de colocar os profissionais no mercado.

Mas conseguimos um consenso junto ao Departamento de Medicina onde faríamos a formatura antecipada e os médicos que quisessem voltariam para fazer essa última etapa da sua formação, não mais como aluno matriculado, mas como um aperfeiçoamento no conteúdo.

 

DC – Reitor, agora com relação às ações da UEPG, gostaria de saber o que está sendo feito para ajudar a minimizar os efeitos da pandemia?

 

MS – A UEPG está com as aulas presenciais suspensas, no entanto, ela não está parada, existe uma série de ações que estão sendo desenvolvidas. Nós fomos pioneiros no Brasil a produzir máscaras faciais.

Só aqui em Ponta Grossa, nós produzimos 2,5 mil máscaras faciais que distribuímos paro o Exército, Policia Civil e Militar, hospitais e Corpo de Bombeiros. Também produzimos álcool em gel, álcool glicerinado, álcool 70 para serem distribuídos para os profissionais que fazem coleta de lixo e catadores de materiais recicláveis. Também temos um projeto onde já distribuímos 150 cestas básicas aos catadores.

Tivemos duas grandes frentes no Hospital Universitário: a primeira foi a gente se preparar para receber o paciente com suspeita de covid-19. Em parceria com o Exército, nós montamos algumas barracas no pátio do hospital para fazer a triagem em pacientes com suspeita. Dessa forma, ele não entra no hospital, podendo contaminar funcionários e outros pacientes

Fomos o primeiro hospital a comprar exames de sorologia para os nossos pacientes, primeiro do PR a comprar com recursos próprios para atender a população. Outra frente, em parceria com a Prefeitura de PG e a Secretaria de Estado da Saúde foi a transferência da maternidade e todos os demais serviços relacionados maternidade para o Hospital da Criança para proteger a mãe e a criança e com isso vamos abrir mais leitos para eventuais contaminações de pacientes.

Já temos um investimentos de R$ 5 milhões do governo do Estado para a covid-19 e mais R$ 13,8 milhões que chegarão em breve, além de investimentos de deputados, à exemplo do deputado federal, Aliel Machado (PSB), que destinou mais de R$ 800 mil que ficarão para o HU no combate à covid-19. 

Temos ainda algo inédito, onde nós transformamos o Colégio Agrícola, que tem uma parte de alojamento para internos, em um hotel para profissionais da saúde para que eles não precisem ir para casa e contaminar os seus familiares. Então todas as proteções o HU está dando para trabalhar com uma margem de segurança junto aos seus servidores.

Assista a entrevista na íntegra:

 

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