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Sistema de saúde está à beira do colapso em Ponta Grossa

O quadro da pandemia chegou ao seu estágio mais agudo até então e, infelizmente, tende a piorar nos próximos dias. O prognóstico é do médico e diretor de Gestão da Saúde da secretaria de Estado do Paraná, Vinícius Filipak: “Podemos dizer que estamos entrando em um colapso em todo o Paraná. Nós temos a possibilidade de acabar com a covid, mas precisamos ter responsabilidade social, acima de tudo. A sociedade é corresponsável pela piora da pandemia e isso é um crime contra todos”. A ocupação de UTIs exclusivas para covid-19 é superior a 90% em todas as quatro macrorregiões do estado.

Ponta Grossa não é exceção e o colapso a que se refere Filipak envolve contágio crescente, número de óbitos alarmante e esgotamento do sistema de saúde, tanto público como privado. O Hospital Universitário, referência regional para pacientes covid do Sistema Único de Saúde (SUS) para os Campos Gerais, há oito dias consecutivos está com todos os leitos de UTI da Ala Covid ocupados. Ontem os 64 leitos clínicos também estavam todos com pacientes. Como consequência da superlotação, desde a semana passada pacientes com covid confirmada ou em investigação estão morrendo na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) à espera de vaga em UTIs.

Em cinco dias, foram quatro mortes na UPA e uma no Pronto Socorro Municipal, unidades de saúde que deveriam ser apenas uma porta de entrada para os pacientes. Ocorre, porém, que a UPA Santa Paula também chegou ontem, pelo segundo dia consecutivo, à sua capacidade máxima de atendimento e tem fechado as portas com maior frequência durante vários momentos do dia, deixando de atender novos pacientes. A Fundação Municipal de Saúde por meio de nota ontem disse que “a UPA está 100% ocupada devido aos casos graves e moderados de covid”.

As vezes aparece vaga em outras cidades, como no Hospital Regional de Telêmaco Borba, onde na quarta-feira à noite foi à óbito uma paciente de Ponta Grossa, de 48 anos, mãe de duas jovens. Marli foi sepultada na manhã do dia seguinte no distrito de Uvaia. Pacientes covid também estão morrendo na própria residência. Na quinta-feira (25), por exemplo, às 10h30, foi sepultado no Cemitério Santo Antônio um encarregado de sauna de 66 anos, que residia na Vila 31 de Março e era pai de um casal. No campo destinado à informação sobre o local do velório, o Serviço Funerário Municipal grafou “direto para o cemitério” – como manda o protocolo de segurança covid.

Hospitais particulares

Os sintomas da iminência de um colapso total no sistema de saúde de Ponta Grossa são inequívocos. Unidades da rede hospitalar privada também registram lotações próximas do limite da capacidade. O boletim do Hospital Geral Unimed de ontem informou que a Ala Covid estava com 77,8% de ocupação. Em artigo de opinião, o ex-presidente e atual diretor administrativo da Unimed Ponta Grossa, médico Rafael Francisco dos Santos, observa que, como gestor de saúde vivencia “grande dificuldade para manter estrutura de atendimento e conseguir esquipes profissionais 24 horas por dia para atender doentes em estado critico”.

Rafael dos Santos acrescenta que há uma mudança de padrão entre as pessoas que necessitam de internamento: “Hoje temos pacientes mais jovens internados, em estado mais grave e com permanência mais longa nas UTIs do que há 4 meses. A combinação de casos mais graves e complexos, que permanecem mais tempo nos hospitais é gasolina na fogueira nesse momento” e adverte que mesmo a rede particular abrindo mais leitos, “talvez falte profissionais para atender a todos”.

A Santa Casa de Misericórdia, questionada se estaria em condições ofertar leitos para serem contratualizados pelo Estado para atender pacientes do SUS, respondeu que não. De acordo com o diretor técnico da instituição de Ponta Grossa, médico Rogério Clemente, os três leitos de UTI exclusivos para pacientes com covid-19 estão lotados, e acrescentou que o hospital não teria condições de ampliar este número para atendimento de pacientes do SUS: “Nem poderíamos, pois iria comprometer o atendimento de todos os outros casos. Atualmente somos referência na região”.

Diante da conjuntura absolutamente desfavorável à possibilidade de falta de atendimento médico por saturação completa do sistema de saúde pública e privada, o que se soma à lentidão no processo de imunização nacional, cabe a todos e a cada um seguir o velho e sábio conselho segundo o qual é melhor prevenir do que remediar. As sugestões do diretor estadual de Saúde, Vinícius Filipak, são simples: “Mantenha o distanciamento social, use máscara, álcool gel e seja socialmente responsável”.

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