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Setembro Amarelo: casos de suicídio aumentam em Ponta Grossa

Com a pandemia, a saúde mental das pessoas está mais vulnerável

Arquivo DC

O tema suicídio ainda é um tabu na sociedade. O Setembro Amarelo – Mês de Prevenção do Suicídio – visa chamar atenção para o problema, que atinge todas as classes, gêneros e idades. Em Ponta Grossa, conforme dados oficiais da Prefeitura Municipal, somente até o início de setembro, dez pessoas tiraram a própria vida. Este número, no que pese uma presumível subnotificação de ocorrências, já representa uma alta nos números de suicídios ante 2019, quando durante todo o ano foram registrados sete casos. Em 2018, foram nove.

Em meio a uma crise de saúde e também econômica, causadas pelo novo coronavírus, a saúde mental das pessoas está fragilizada. “Há inúmeros relatos de pessoas que se referem a prejuízos em decorrência da pandemia. Seja pelo impacto financeiro, pelo medo do que pode acontecer com sua saúde, pela falta de convívio social devido à necessidade de distanciamento, pelo sofrimento de ter um ente em uma UTI, pela morte de alguém próximo ou pelas incertezas em relação às condições futuras de vida”, relata o psicólogo do Centro de Atenção Psicossocial Transtorno Mental, André Assad.

De acordo com o psicólogo, a pandemia possui consequências diferentes na vida de cada um. “Os efeitos podem se manifestar a curto, médio e longo prazos, dependendo da singularidade de cada sujeito: como ele é impactado, como lida com o sofrimento, qual o suporte que tem e os seus fatores de risco e proteção, por exemplo”, afirma. Conforme Assad, a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) coloca a saúde mental enquanto um elemento de estratégia de enfrentamento à pandemia.

Questionado se existe uma relação entre o aumento no número de suicídios e o cenário do novo coronavírus, o psicólogo afirma que o tema é muito mais complexo, mas que a saúde mental das pessoas está mais vulnerável. “É necessário reconhecer o comportamento suicida como um processo que envolve diferentes fatores. Sem dúvida as condições de vida das pessoas, bem como os aspectos financeiros, têm relação com esse processo. Ou, em uma pandemia, como a que estamos vivendo hoje, na qual se intensificam manifestações psicológicas decorrentes deste cenário”, diz.

Suicídio e depressão

Atualmente, em Ponta Grossa 180 pacientes com diagnóstico de depressão grave estão em acompanhamento pelos profissionais do Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II) e 16 pacientes pelo pessoal do CAPS IJ.

A associação entre o suicídio e a depressão é muito comum. Embora essa relação seja válida, outros fatores também podem contribuir para o ato. Existem casos de pessoas que tiraram a própria vida mesmo sem o diagnóstico de depressão. “Se reduzíssemos essa análise aos diagnósticos psiquiátricos, seria possível relacionar vários outros transtornos ao comportamento suicida, para além dos depressivos. Os transtornos de humor, os transtornos de personalidade e os transtornos psicóticos são exemplos disso”, explica Assad.


Porém, o comportamento suicida pode existir sem a necessariamente de ter algum transtorno mental. “Relacionam-se aí outros fatores ao suicídio que perpassam o enquadramento em uma classificação de doença: a maneira de lidar com as frustrações, a percepção de si mesmo e da função social, das relações sociais, econômicas e de vulnerabilidade. Se reconhece o suicídio como um fenômeno complexo, resultado da interação de vários fatores, não somente relacionado à depressão”, afirma o psicólogo.

Perfil

No município, dos dez casos de suicídio consumados este ano, sete foram cometidos por homens. Apesar disso, as mulheres são as que lideram as tentativas. Em 2020, foram 118 tentativas do sexo feminino contra 58 do sexo masculino. O método mais utilizado por ambos os sexos é o estrangulamento.

Subnotificação 

Apesar dos dados oficiais, os números podem ser ainda maiores por causa da subnotificação. O psicólogo André Assad elenca alguns motivos para isso acontecer:

1. O suicídio pode ficar “escondido” por outros determinantes de causa de morte, como acidentes, envenenamentos acidentais e afogamentos, por exemplo;

2. A possível perda de seguros e de direitos devido ao ato suicida;

3. A temática do suicídio ainda é um tabu na nossa sociedade e grande parte das vezes é entendida pela perspectiva moralista, portanto, cabe lembrar dos casos de tentativa de suicídio que nem mesmo chegam aos serviços e profissionais de saúde, os quais tem a obrigação da notificação.

Onde buscar ajuda

CAPS ad – É um serviço específico para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas com necessidades graves em decorrência do uso de álcool, crack e outras drogas.

•       Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

•       Público Alvo: a partir de 18 anos de idade.

•       Horário de atendimento: segunda à sexta das 8h às 17h.

•       Endereço: Rua Vicente Spósito S/N (ao lado do terminal de Uvaranas).

•       Fone: 3220-1015. Ramais: 4047 e 4048

CAPS II – É um serviço de atenção diária que atende prioritariamente pessoas em intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes e outras situações que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

•       Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

•       Público Alvo: a partir de 18 anos de idade.

•       Horário de atendimento: Segunda à sexta das 08h às 18h.

•       Endereço: Avenida Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, 229. Jardim Carvalho.

•       Fone: 3220-1015. Ramal: 4049 e 4536

CAPSij – É um serviço de atenção diária destinado ao atendimento de crianças e adolescentes que apresentam prioritariamente intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes, incluindo aqueles relacionados ao uso de substâncias psicoativas, e outras situações que impossibilitem estabelecer laços sociais e realizar projetos de vida.

•       Serviço porta aberta, ou seja, não necessita de encaminhamento.

•       Público Alvo: de 3 anos até 18 anos.

•       Horário de atendimento: Segunda a sexta das 8h às 18h.

•       Endereço:  Rua Alberto Torres nº 201, esquina com a Rua Freire Alemão – Vila Estrela

•       Fone: 3220-1015. Ramal 4541.

ASM – Ambulatório de Saúde Mental – Destina-se ao atendimento ambulatorial às pessoas com transtornos mentais moderados incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas. Atualmente são oferecidos serviços de psicologia.

•       O usuário deve ser encaminhado pela Unidade de Saúde via SISREG (Sistema de regulação).

•       Público Alvo: A partir de 13 anos de idade

•       Horário de atendimento: Segunda a sexta das 7h às 16h

•       Endereço: Av. Ernesto Vilela, praça Getúlio Vargas S/N

•       Fone: 3220-1015. Ramal: 4046

Live

Nesta sexta-feira (25), às 14h, o psicólogo André Assad estará no estúdio do Grupo Diário dos Campos para falar mais sobre o setembro amarelo e a saúde mental das pessoas. A entrevista ao vivo pode ser conferida no portal de notícias dcmais.com.br, assim como na fanpage do facebook.


Naiâne Jagnow é estudante do último ano de Jornalismo da Unisecal e estagiária regulamentada do Diário dos Campos. Este conteúdo foi produzido sob a supervisão do editor-chefe Walter Téle Menechino.

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