em

Saiba quais são os possíveis impactos da guerra para Ponta Grossa

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A invasão russa na Ucrânia iniciou há quase duas semanas, já vem causando consequências na economia mundial e em breve deve pesar no seu bolso. Para se ter ideia, o preço do barril de petróleo estava em US$ 99,08 no dia 24 de fevereiro e já chegou a bater a marca de US$ 139,13 no início desta semana – e esse é apenas um exemplo dos impactos da guerra que podem provocar alterações em Ponta Grossa e na inflação como um todo.

No ano passado Ponta Grossa dobrou os seus gastos com importações russas, totalizando US$ 48,43 milhões. O país mais extenso do mundo é o segundo que mais vende adubos para a cidade, e foi responsável por quase um terço (30,9%) de todo o valor destinado pelos importadores do município à compra de fertilizantes internacionais em 2021.

Considerando que a Rússia também é a segunda maior produtora mundial de potássio, mineral que tem a função de auxiliar nas trocas energéticas entre solo e planta é o principal insumo do qual o Brasil é dependente, a tendência é que com os efeitos da guerra e sanções econômicas o preço dos fertilizantes suba ainda mais, o que deve ser repassado no preço dos alimentos.

“Quando a soja ficou cara os fertilizantes acompanharam a tendência e já quase dobraram de preço. Como esse custo já estava mais alto já vínhamos nos planejando para ‘economizar’ adubos”, relata o presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Netto.

Sobre a normalidade do abastecimento, ele cita que o setor vem enfrentando muitas notícias desencontradas sobre o envio do produto a partir do Leste Europeu. “Tudo depende do momento que vai cessar essa guerra. Nosso maior uso de fertilizantes vem na safra de verão, a partir de agosto em diante, No inverno temos áreas de cultivo menores”, lembra.

US$ 141,45 milhões foi o valor gasto por PG em 2021 na compra de adubos. 30,9% deste valor foi destinado à Rússia

Trigo e milho

Outros impactos da guerra para Ponta Grossa que também podem forçar os preços dos alimentos são o trigo, utilizado em diversos produtos de consumo diário, e o milho, usado como componente alimentar da pecuária.

Conforme destaca o Sistema Ocepar, que representa as cooperativas paranaenses, o país importa cerca de 50% da sua demanda de trigo, e por mais que a maior parte venha da Argentina, a Rússia e a Ucrânia são responsáveis por 28% do comércio global do cereal. Por isso, o risco é de diminuição global da oferta desse grão e uma consequente corrida para aumentar os estoques – que por sua vez alavanca os preços.

No caso do milho também há a possibilidade de uma escalada de preços no Brasil: apesar de o país possuir uma boa safra, tradicionalmente voltada ao mercado interno, como a Ucrânia tem uma participação mundial importante na produção do grão, com a menor oferta a nível global os preços sobem e o produtor brasileiro vai preferir exportar – outro indicativo de encarecimento em cadeia.

Preço do petróleo já subiu 40%

Desde o dia da invasão russa na Ucrânia o preço do barril de petróleo já subiu 40%, e o impacto disso vai muito além do tanque do seu carro. 

Segundo o professor de economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Alberto Ajzental, o diesel corresponde a 50% do valor do frete brasileiro. Considerando que o último reajuste da Petrobras no preço do diesel foi há 56 dias, caso o preço do petróleo continue em patamares altos a tendência é de que o preço dos combustíveis sofra novas altas no país.

Com isso, o aumento de custos inicia na ponta da cadeia, desde o abastecimento das máquinas agrícolas, e vai sendo repassado de setor para setor, passando pelo transporte rodoviário  e chegando até o seu bolso – tanto na hora do abastecimento do seu veículo até a compra de diversos tipos de produtos, já que o transporte brasileiro é, principalmente, rodoviário.

Preço máximo do barril de petróleo
Início do ano (3 de janeiro): US$ 79,28
Um dia antes da guerra (23 de fevereiro): U$ 98,71
Início desta semana (7 de março): US$ 139,13

Gasolina em Ponta Grossa

Por enquanto o preço da gasolina ainda não sofreu grandes alterações em Ponta Grossa devido aos impactos da guerra. De acordo com o aplicativo Menor Preço, que utiliza a plataforma do programa Nota Paraná, pelo menos há três semanas o preço mínimo do litro se mantém o mesmo na cidade (R$ 5,87), enquanto que no mesmo período o preço máximo subiu de R$ 6,499 para R$ 6,55.

Projetos para conter altas são discutidos

O país vem registando alguns reforços em diversos âmbitos para tentar controlar o preço dos combustíveis. Um deles, que está em vigor, diz respeito ao Governo do Paraná, que no fim de janeiro decidiu prorrogar por mais 60 dias o valor de referência do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado nas vendas de combustíveis.

Outras novidades são projetos de lei que devem ser votados nesta semana pelo Senado. Defendida por governadores, uma das propostas cria um fundo para estabilização dos preços de derivados de petróleo. A outra, já aprovada na Câmara, estabelece um valor fixo para a cobrança do ICMS sobre os combustíveis.

Em paralelo, também tramitam no cenário nacional duas propostas de emenda à constituição (PECs): uma propõe a redução de impostos nos combustíveis e outra quer os reduzir e liberar pagamentos de auxílio-diesel a caminhoneiros autônomos, entre outras determinações.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.