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Projeto voluntário de inquietos sonhadores soma 334 mil livros

Por Walter Téle Menechino – dcmais

Um livro, no final da história, pertence de fato a quem o lê, aprende, apreende, se emociona e o guarda na memória, e não a quem simplesmente o exibe na estante. O pressuposto seria, assim, a base do conceito que levou um professor universitário de Ponta Grossa, da área das Ciências Exatas, a desenvolver uma iniciativa prática para fazer com que um mesmo livro seja lido pelo maior número de pessoas possível

O projeto Pegaí, idealizado e praticado pelo professor de engenharia da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Idomar Augusto Cerutti (na foto, de camiseta amarela), nasceu em 2013, com 5,1 mil livros. Sete anos depois, fechou 2020 com 334.649 livros, distribuídos por 15 cidades do Paraná. O que germinou nos ideais de um, se transformou num trabalho coletivo que soma 147 voluntários, que só no ano passado despenderam 8.115 horas de trabalho.

Em ano atípico, para o projeto não parar e os livros não se transformarem em semeadores do Sars-Cov-2, já que ficam à disposição em locais públicos e com acesso sem nenhum tipo de barreira social – como classe, traje específico, cor, gênero e idade -, o Pegaí teve que ser criativo. E foi. Reduziu o número de estantes nas cidades e passou a embalar em plástico e lacrar os livros. Também alertou nas estantes para só tocar no livro que for levar.

Outra ideia que manteve os livros circulando em segurança foi o de incluí-los em cestas com alimentos básicas distribuídas à população carente por algumas escolas municipais. Como condição foi estabelecido junto às escolas que aderiram ao projeto que a leitura do livro não se tornasse uma tarefa para os alunos. Aliás, o Pegaí não disponibiliza livros técnicos, didáticos e tampouco de pregação religiosa. Seja qual for.

Para manter o projeto vivo e em expansão, além do trabalho voluntário, são firmadas parcerias com quem quer ajudar. Por ser um instituto, também consegue recursos públicos por meio de incentivos governamentais à cultura. O Nota Paraná é uma das grandes fontes. Um princípio é não comercializar nenhum livro e, também, impedir que sejam vendidos em sebos, por exemplo. Para isso todos os livros disponibilizados nas estantes têm a capa furada e o carimbo do projeto.

O Pegaí não é editora, mas imprime livros. Este ano foram seis títulos, em um total de 31 mil exemplares. O detalhe é que nenhum é vendido, os direitos autorais são doados pelos autores ou são obras de domínio público, e o papel e a impressão são basicamente doados pelos parceiros, que em troca colocam suas marcas no livro.

O Dragão Azul, de Norbert Heinz, o mais recente deles, por exemplo, foi impresso em papel doado pela BO Paper e Papirus. A impressão ficou por conta da Iprint e Pisigma, com patrocínio da Princesa dos Campos. A criatividade faz parte das parcerias. Um barbeiro, conta Idomar, queria ser voluntário, mas não tinha tempo. Tudo bem. Passou a cortar sem cobrar os cabelos de outros voluntários. Assim, toda forma de ajuda vale a pena.

Números do Pegaí em 2020

  • 147 voluntários
  • 8.112 horas de trabalho voluntário
  • 6 título impressos totalizando 31.000 exemplares
  • 11.480 livros disponibilizados para pelo menos 1.300 famílias

Até 2020

  • 15 cidades do Paraná com núcleos do projetos
  • 67 estantes e mais de 334.000 livros disponibilizados
  • 7.315 livros restaurados

Em tempo: o Diário dos Campos e o portal dcmais são parceiro dos Pegaí desde o início, publicando anúncios e divulgando o projeto.

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