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Professor Edson apresenta projeto voltado ao diálogo com a sociedade

Candidato do PT é o terceiro entrevistado na série do DC e dcmais

Foto: José Aldinan de Oliveira

A série de entrevistas do portal dcmais e do jornal Diário dos Campos com os candidatos à Prefeitura de Ponta Grossa chegou ao terceiro nome nesta quarta-feira (30) com o Professor Edson, do Partido dos Trabalhadores (PT).

É a primeira vez que o professor de ensino superior tenta a cadeira do executivo. Em 2016 foi candidato a vereador e somou 363 votos (0,20%). Na entrevista, ele abordou pontos do plano de governo, tirou dúvidas sobre questões que permeiam o cotidiano dos ponta-grossenses e respondeu perguntas de entidades relevantes do município.

Edson Armando Silva nasceu em Ponta Grossa, tem 58 anos, é divorciado, possui ensino superior completo e está em chapa majoritária composta por PT e PCdoB (Ponta Grossa: uma cidade para você). O vice é o pastor João Carlos Oliveira Andrade, de 60 anos.

Edson Silva trabalha atualmente na UEPG, onde está desde 1987 – mesmo período em que se filiou ao Partidos dos Trabalhadores. A partir de 2001 fez parte do governo Péricles.

Questões do DC

Por que quer ser o próximo prefeito de Ponta Grossa?

“Faço parte de um grupo que pensa e reflete a cidade, que é o Partido dos Trabalhadores, e temos um projeto de cidade, que é distinto dos demais. Não nos interessa apenas o crescimento econômico da cidade. É fundamental que isso venha em benefício do conjunto da população. Uma gestão que promova distribuição de renda e que tenha como eixo a participação das pessoas. Projetos políticos não podem ser impostos de cima para baixo. Eles precisam ser construídos no diálogo para que sejam permanentes. É fundamental aproveitarmos o fato da cidade ser um centro universitário, que produz conhecimento, pesquisa e extensão”.

Em 2016, o candidato concorreu ao cargo de vereador e obteve 363 votos. Quais as suas expectativas para esta eleição? E qual a razão dessa mudança de candidatura?

“Na época [2016] eu estava como presidente do partido e, embora não fosse interessante eu na condição de professor com dedicação exclusiva participar como vereador, era necessária a minha participação no sentido de liderar uma equipe e construir uma chapa. Foi interessante a experiência. Dialogamos com as pessoas e continuamos no grupo. Me sinto ligado e parte sempre desse grupo. Neste momento então coube a mim essa representação e eu assumi com alegria”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Dois candidatos, incluindo o senhor, são posicionados mais à esquerda. O que diferencia as propostas dos dois?

“O PT tem uma tradição a ser recuperada. O PT já foi governo nesta cidade. A gestão do Péricles trouxe uma marca, que é o cuidado às pessoas. Para além disso, o governo federal em Ponta Grossa implementou um conjunto de programas que estão ligados com a maneira do PT de fazer gestão: voltada ao cuidado com as pessoas e à distribuição de renda. Tivemos ação do BNDES que, ao invés de ficar financiando privatizações, financiou pequenas e médias empresas em Ponta Grossa. Esse financiamento fez muita diferença na produtividade de muitas empresas, gerando empregos”.

Nas propostas mais especificamente destas eleições, quais as diferenças entre propostas do PT e do PSOL?

“Eu acho que Partido dos Trabalhadores e PSOL concordam no essencial. Há um tempo atrás eu havia feito a proposta de que os três partidos de esquerda em Ponta Grossa construíssem o mesmo plano de governo. Como houve dificuldades de operacionalização, acabou não acontecendo e nós fizemos o nosso plano. Me parece que o nosso ficou mais detalhado em suas propostas concretas e com propostas bastante inovadoras. Entretanto eu acredito, e creio que o Professor Gadini pense assim também, que, mais do que implementar propostas concretas rápidas, é necessário mudar de rumo, estruturando a sociedade no sentido de ser mais solidária e fraterna”.

O PT enfrentou um movimento popular e político de antipatia. Como o candidato responde a esse movimento ‘anti-petismo’ aqui em Ponta Grossa?

“Eu dialogo com o anti-petismo. Ainda não encontrei quem me provasse alguns dos erros que são apontados. Por exemplo, se diz que o PT quebrou o Brasil. Ora, isso contradiz todos os números que temos registrados no BNDES e no Banco Mundial. A época do PT foi a época de maior crescimento. Foi a época em que o Brasil mais acumulou reservas, foi a época de pleno emprego, época de melhorar os índices de desigualdade social, o país saiu do mapa da pobreza: foram 35 milhões de pessoas que saíram desse mapa e estão voltando agora. O Brasil era a sétima potência mundial e com respeito, com autonomia para se posicionar em política internacional. Nós passamos a ter dificuldades nesta fase de crescimento no segundo governo Dilma, quando aí sim a crise política paralisou o governo e você teve um Congresso que engessou completamente o governo. O PT errou? Claro. Não há ninguém que se atreva a realizar um projeto e que não cometa erros”.

E como responder estas questões regionalmente?

“Normalmente se diz: Ponta Grossa é uma cidade conservadora. Não é. Ponta Grossa tem uma presença muito importante de organizações trabalhadoras, elegeu o Jocelito – que não era da cidade e nem da elite, elegeu o Péricles – que é de um partido estruturalmente de esquerda. Me parece que esse movimento que estamos vivendo de avanço da extrema direita, de ódio, de preconceito, do conservadorismo, do ódio ao pobre, ao nordestino, ao estrangeiro, esse ambiente é muito recente e provocado. Temos que recuperar a racionalidade política e permitir que o próprio povo compreenda qual o melhor caminho para o seu desenvolvimento. Nesse sentido, a minha candidatura vem como um alerta contra essa onda de preconceito e de extrema direita que estamos vivendo”.

Como ficaria a Guarda Municipal caso o senhor seja eleito? Quais seriam as ações a curto prazo?

“Nós não vamos cortar a repressão de um momento para outro. Vamos criar uma outra estrutura que trabalhe mais a prevenção. A Guarda Municipal vai continuar, entretanto ela vai precisar de uma reciclagem na forma de atuação e abordagem. Não é proposta do governo municipal do PT investir no aumento da repressão. Vamos investir no aumento da tecnologia, da vigilância, da organização da comunidade, no uso intenso da relação entre comunidade e agentes de segurança, com agentes de saúde e da educação. É a integração desses campos que eu acho que deve produzir um resultado favorável na redução da violência”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Por que o senhor fala em implantar a justiça restaurativa em Ponta Grossa sendo que ela já existe desde 2014. Qual seria a diferença?

“O termo implantar é porque essa iniciativa tem sido muito mais da justiça do que da Prefeitura. É necessário implantar isso como política pública na Prefeitura Municipal. Seria você trabalhar em parceria com o poder judiciário, levando mais condições de atender o conjunto da periferia. É uma ação de resolução das causas da violência. Uma dinâmica de ajuda mútua, de solidariedade que só tem pontos positivos, e não só do ponto de vista da segurança, mas também da economia, com redução de pobreza, desigualdade e aumento da capacidade das pessoas terem trabalho e renda”.

No que consiste a ‘Unisol’ em seu plano de governo?

“É um espaço de diálogo com as universidades existentes na cidade. Significa chamar todas as instituições com capacidade de pesquisa e extensão e criarmos alternativas para que a capacidade de produção de conhecimento sejam aplicadas no desenvolvimento regional. Muitas vezes as pesquisas ficam presas dentro da Universidade e não são aproveitadas no desenvolvimento regional”.

De que forma funcionariam as subprefeituras em seu governo?

“Ponta Grossa é uma cidade grande e precisa dialogar com as comunidades locais para estabelecer as prioridades na manutenção da cidade. Naturalmente as associações de moradores continuariam funcionando de maneira autônoma e representando os moradores. O presidente da associação não tem compromisso com a Prefeitura, não é funcionário da Prefeitura. A obrigação dele é representar os seus vizinhos. Por outro lado, precisamos ter na Prefeitura uma instituição que ouça os presidentes de associações”.

No que consiste a sua proposta da Região Metropolitana de Ponta Grossa?

“Tem uma série de questões que não se realizam sem uma colaboração. Palmeira, Ponta Grossa, Castro e Carambeí possuem uma dinâmica econômica interligada. Por exemplo, aquilo que um município polui acaba afetando o outro. Então, para além dos planejamentos urbanos de cada uma das cidades, você precisa ter um planejamento metropolitano e regional. Esse planejamento pode dar acesso a verbas específicas que são destinadas a Regiões Metropolitanas. É uma alternativa mais inteligente de resolver problemas que são intermunicipais. Para construir, teríamos que conversar com a AMCG e com a Câmara dos Deputados, pois uma Região Metropolitana não nasce da cabeça de um só governante. Ela tem que ser produzida e, por isso, a expressão que está no plano de governo é ‘lutar por’ uma Região Metropolitana”.

Questões de entidades

Gustavo Ribas – presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa
Existe algum projeto do candidato para melhorar a segurança nas áreas rurais?

“Nós temos um projeto que pensa na segurança tanto na área urbana quanto rural. Na área rural, queremos que as associações possam ser articuladas para dialogar com Guarda Municipal no sentido de viabilizar não só a repressão, mas principalmente a prevenção”.

Daniel Wagner – presidente do Sindicato Empresarial de Hotelaria e Gastronomia
Qual a proposta para dinamizar a promoção de Ponta Grossa como destino turístico?

“O turismo não pode ser tratado como algo à parte. Ele está integrado ao meio ambiente. Por exemplo, nós temos o projeto de construir ‘estradas-parques’ ligando a população a pontos em que a paisagem e a proteção do meio ambiente acabem promovendo o bem-estar da população, ampliando também o uso de ciclovias para facilitar o acesso a esses lugares. Ponta Grossa é também centro do turismo de negócios. Isso precisa ser incentivado também. Temos em Ponta Grossa um centro universitário que pode incentivar o turismo científico – algo que nunca foi feito. Congressos e organizações estudantis podem ser realizados em Ponta Grossa com o apoio da Prefeitura. Cuidar do turismo é cuidar bem da cidade. Você precisa criar um ambiente na cidade em que o turista se sinta em casa”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Leonardo Bernardi – Conselho de Desenvolvimento Econômico
Como viabilizará os investimentos que o Distrito Industrial necessita, principalmente em pavimentação e vias de acesso?

“As indústrias dependem de uma infraestrutura que a Prefeitura tem obrigação de fazer. É necessário alocar parte dos recursos para essa infraestrutura. É ela que tem garantido para Ponta Grossa um crescimento muito maior do que a média nacional. Desde o governo Péricles até o governo Marcelo Rangel se vê que o crescimento da arrecadação na cidade supera o crescimento do PIB nacional. Propiciar infraestrutura é o mínimo que a Prefeitura pode fazer, mas nós podemos mais. É fundamental que a estrutura de conhecimento que há na cidade dialogue profundamente com o Conselho de Desenvolvimento Econômico”.

Vicente Nadal – presidente do Condema
Qual a proposta relacionada ao tema do tratamento de água e esgoto no município visto que o contrato com a Sanepar está próximo do fim?

“Não somos contra toda e qualquer concessão. A concessão tem uma função importante desde que o município tenha instrumentos para controlar, fiscalizar, garantir a qualidade do serviço e o justo preço. Esse é o elemento que tem faltado em todas as concessões. Devemos discutir inclusive com o Conselho para ver qual o melhor modelo. Não me parece viável com o orçamento que a Prefeitura tem neste momento a criação de uma companhia municipal. Embora, nos lugares onde isso aconteceu, haja bons resultados. Jaguariaíva é um exemplo onde o serviço é municipal e feito com muita qualidade e rigor. Mas em Ponta Grossa nós temos infelizmente como resultado desse mau serviço de água e esgoto o comprometimento de nossos arroios e um comprometimento em termos de poluição da área de descarga dos nossos aquíferos. Por isso é necessário repensar todo o contrato, levando em consideração não apenas os serviços de água e esgoto, mas toda a gestão dos ciclos das águas”.

Considerações finais

“Faço parte de um grupo que vê a possibilidade de construção de uma cidade melhor. Uma sociedade mais solidária, mais fraterna e uma sociedade em que se abram mais oportunidades especialmente para trabalho e renda na periferia. Eu sou um representante deste projeto. A função fundamental desta candidatura é apresentar esse projeto à população, resgatando a esperança na própria capacidade de construir um mundo melhor. Num ambiente de profunda desesperança, espero que a discussão sobre a cidade traga esperança às pessoas”.

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