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Primeiros médicos cubanos deixam PG nesta semana

É da UBS Egon Roskamp, no núcleo Santa Paula, o primeiro médico cubano notificado a regressar para seu país de origem, após a saída de Cuba do programa Mais Médicos. Com a voz embargada, ele contou à reportagem ter recebido por email a informação de que volta no domingo (25) para sua terra natal.

"Eu já estava para tirar férias. Parece que os primeiros a deixar o Brasil serão aqueles que estão para tirar férias", opinou o médico, que pediu para não ser identificado. Olhando para o chão de um dos consultórios da UBS, ainda disparou a frase "mas, vai dar certo", em uma declaração cujo otimismo não se sabia haver trazido de Cuba ou ter sido assimilado dos brasileiros durante sua permanência de cerca de dois anos em território estrangeiro.

A UBS Egon Roskamp conta, até o final desta semana, com dois médicos cubanos. Ambos integram a Estratégia Saúde da Família, programa formado por equipe multidisciplinar que trabalha com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na manutenção da saúde de determinada comunidade.

O ESF tende a ficar bastante prejudicado com a notícia divulgada, na última semana, da saída dos profissionais de Cuba do território brasileiro. "É uma judiação. Eles fazem um atendimento bom, atencioso e educado, em uma consulta sem pressa. Uma gente boa que eu quero que fique aqui", opinou Mário Wacelcoski, 69 anos, que se acostumou ao atendimento dos estrangeiros.

 

"Escravidão"

 A decisão unilateral daquele país teria sido motivada por declarações do presidente eleito em outubro, Jair Bolsonaro, que classificou como escravidão o regime de trabalho dos cubanos no Brasil por sua remuneração, e considerou a necessidade de revalidação que atestasse a competência deles para o atendimento à população. Nesta semana, Bolsonaro criticou os prefeitos que reclamam da saída dos cubanos, querendo se eximir de responsabilidades. "A prefeitura mandou embora seu médico para pegar um cubano. Quer ficar livre da responsabilidade", disse à Agência Brasil.

 

Análise jurídica

A assessoria de imprensa da prefeitura de Ponta Grossa informou que a Secretaria Municipal de Saúde está fazendo os levantamentos solicitados pelo setor jurídico para que sejam encontradas formas de minimizar o impacto com a saída prevista de 60 dos 80 médicos que atendem à população. Entre as propostas em análise estão acordos com hospitais, com remanejamento de profissionais concursados às UBS e terceirização de novos profissionais nas instituições de saúde de média complexidade.

 

Problema grave no país

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) divulgou nota no domingo (18), alertando sobre o impacto da saída dos médicos cubanos. O grupo cita a presença dos profissionais em 2,8 mil municípios e destaca que em 611 municípios todos os médicos atuantes eram cubanos. O prefeito de Ponta Grossa, Marcelo Rangel, definiu a atual perspectiva para a saúde como "o problema mais grave em todo o seu governo". Segundo a prefeitura, 75% dos médicos em UBS são cubanos, e todos devem deixar o país até o final do ano.

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou nessa segunda-feira (19) que o edital para a convocação de profissionais brasileiros que vão substituir os cubanos deve ser publicado nesta terça (20). Na próxima segunda-feira (26), um novo edital deve ser aberto para médicos brasileiros e estrangeiros formados exterior. (Com informações da Agência Brasil)

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