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Preparação para volta às aulas deve ser feita mesmo sem data de retorno, dizem especialistas de Ponta Grossa

Profissionais apontam que pais devem dialogar com as crianças desde já sobre os cuidados e as mudanças que acontecerão na retomada das aulas presenciais

O portal DCmais transmitiu uma entrevista ao vivo nesta segunda-feira (14) com a psicóloga Taís Alves e a coordenadora pedagógica do Sepam, Kátia Gisele Costa (Foto: José Aldinan)

Em todo o mundo os casos de ansiedade e depressão aumentaram devido à pandemia do novo coronavírus e à toda insegurança que ela traz. Se com adultos, que possuem um maior entendimento sobre a necessidade das mudanças, a doença já refletiu na saúde mental, para as crianças isso pode ser ainda mais intenso. Sobre este assunto, o DC entrevistou nesta segunda-feira (14) a psicóloga Taís Alves e a coordenadora pedagógica do Sepam, Kátia Gisele Costa, que apontam que, além de ficar de olho no comportamento dos “baixinhos”, os pais devem preparar as crianças para o retorno às aulas presenciais, ainda que não haja data definida para isso.

“Muito se tem falado em protocolo de segurança, mas não se fala em protocolo emocional. Deve-se conversar de um jeito prático com as crianças: ‘Vamos voltar para a escola sim, não temos data de retorno ainda e nem como esse retorno acontecerá’. É necessário tratar as coisas de um jeito que elas pareçam o mais normal possível”, destaca Kátia.

“O diálogo é essencial, trazer informações que a criança precisa saber porque ela tem muitos ‘porquês’ dentro da mente. Se o responsável não responde de forma adequada ela vai procurar em outros meios, como a internet”, exemplifica a psicóloga Taís.

Mudanças

As duas profissionais lembraram que as crianças não vão encontrar a escola da forma que elas estavam acostumadas: não haverá abraços, as distâncias serão maiores e, possivelmente, turmas serão divididas devido a essa necessidade de distanciamento, além daquelas que repetirão de ano por não conseguir acompanhar o aprendizado através das aulas online ou demais motivos. Para elas, essas mudanças devem ser discutidas com as crianças desde já para que, quando houver o retorno, já haja um entendimento dos porquês.

Rotina

Outra questão citada por elas é o costume com a rotina. “A gente volta do trabalho e pensa que a criança passou por uma rotina como nós passamos, mas dentro de casa muitas vezes não há rotina. Elas não têm horário pra levantar, dormir e fazer atividades e estão com os meios de comunicação liberados o dia todo. Isso é prejudicial e preocupante para quando as aulas presenciais voltarem, porque na escola tem regras e a criança será cobrada”, destaca a psicóloga. “Não estamos em férias e muitas famílias estão pensando assim”, completa ela.

Comportamento dos pais

As profissionais destacam a importância que tem o comportamento dos pais no desenvolvimento e opiniões dos filhos. “Muito da ansiedade dos pais, quando transmitida para a criança, ela vivencia isso de forma muito maior porque a visão de mundo dela é diferente da visão de mundo que nós temos enquanto adultos. Nós retomamos atividades de trabalho, ainda que em alguns casos em home office, mas ela fica ali fechada dentro do ambiente da casa”, ressalta a psicóloga Taís Alves.

A coordenadora pedagógica Kátia Gisele Costa comenta que é importante também tomar cuidado ao fazer comentários sobre as aulas. “Os pais tentam enfeitar e nesse momento estão com pena do filho. Quando conversam entre eles a criança ouve e fica com medo por o pai estar com medo. Na cabeça da criança, se o pai acha que a escola é boa pra ela, ela acha que é boa pra ela. Se o pai acha que a escola é triste, será triste pra ela”, explica Kátia.

Relacionado a isso, a psicóloga afirma que deve-se tomar cuidado com comentários autoritários, sempre pensando nas suas possíveis consequências. “Por exemplo, se o pai diz ‘você vai voltar às aulas logo que a escola abra porque não aguento mais você nessa casa’, a criança vai ter medo e internalizar isso de certa forma que não queira voltar às aulas por pensar que o pai quer abandoná-la lá”, pondera Taís.

Envolvimento

Kátia ainda frisa a importância do envolvimento dos pais nas aulas remotas. “Nesse formato, quando menor a criança, menor a efetividade. As crianças da educação infantil, por exemplo, dependem 100% da participação de um adulto para acessar às aulas”, diz a coordenadora pedagógica, que também cita a importância de participar da vida da acriança nas atividades escolares e de lazer.

Sinais que devem ser observados

Para evitar que a criança possa desenvolver problemas atrelados à saúde mental, a psicóloga Taís Alves elenca fatos que devem ser observados para identificar esses possíveis sinais.

“Ver se a criança fica muito trancada no quarto, o que elas pesquisam no celular – já que há vídeos que são infantis e ensinam como fazer coisas erradas –, ver se a criança está com dificuldade para se alimentar e tentar entender porque ela perdeu o apetite, perceber se a criança que antes era alegre agora não demonstra isso… Tudo que foge ao que se conhece daquela criança é um alerta e precisa ser investigado”, conclui a profissional.

COMO PREPARAR AS CRIANÇAS PARA A VOLTA ÀS AULAS?

Como preparar as crianças desde já para que elas entendam que, apesar de ainda não haver uma estimativa, um dia elas voltarão às aulas? A coordenadora escolar Kátia Gisele da Costa e a psicóloga Taís Alves discutem o tema nesta segunda-feira. Acompanhe!

Posted by Diário Dos Campos on Monday, September 14, 2020

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