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“Precisamos trabalhar a saúde mental nas escolas”, diz psicóloga

Foto: Arquivo DC

As recentes ameaças e ataques em instituições de ensino merecem reflexão e atitudes imediatas. Embora a maior parte dos debates esteja, neste momento, voltada para melhorias em segurança (câmeras, policiamento, detectores de metal), para a psicóloga Mylene Laidane, que atua com crianças e adolescentes em Ponta Grossa, os esforços devem ser voltados à Política Pública. Confira a entrevista:

Diário dos Campos: O que pode explicar os recentes ataques em escolas?
Mylene Laidane: Um dos motivos pode ser o processo da covid-19, em que pessoas ficaram tolhidas de realizar seus afazeres diários, lazeres, perderam trabalho e entes queridos. Isso desenvolveu ou desencadeou e/ou potencializou algum Transtorno Mental.

DC: E por que atacar a escolas?
Mylene: Ali estão crianças ou adolescentes indefesos em um local onde, muita vezes, há falta de segurança. A escola concentra a alegria, a brincadeira, a esperança: sentimentos inaceitáveis ou incabíveis para a pessoa em processo de surto. Neste local, os invasores se sentem poderosos para ferir ou tirar a vida dos inocentes.

DC: São ex-alunos? Seria preciso focar nos egressos das instituições?
Mylene: Os ataques podem ou não ter relação a alunos ou ex alunos, e não é possível prever esta situação. Por isso, precisamos trabalhar a saúde mental nas escolas em todo o Brasil. Também é importante trabalhar com Politicas Públicas, implantar trabalhos com a prevenção e capacitação dos profissionais para lidarem com episódios traumáticos, com campanha contra o bullying, ansiedade, depressão, suicídio.

DC: Em quais casos os autores são ex-alunos?
Mylene: Às vezes, na escola, acontece uma situação difícil não bem resolvida. Isso evolui para um trauma que, num momento de extrema ira, revolta, repulsa, desencadeia um surto. Essa pessoa, na fase escolar ou adulta, vai “descontar” esses sentimentos ruins, atingindo o desafeto ou quem esteja no local.

DC: Por onde começar todas essa ações?
Mylene: O ideal é trabalhar isso no dia a dia da família. Mas é interessante trabalhar isso também nas comunidades, nas escolas, contratando profissionais capacitados para abertura de mais CAPS (Centros de Atenção Psicossocial) e investindo em Grupos de Apoio.

DC: E o que pode ser feito nos serviços já oferecidos em saúde mental?
Mylene: Um espaço multidisciplinar para atendimento imediato, de caráter de urgência. Ser atendido e ouvido o mais rápido possível. Muitas vezes, é preciso uma intervenção para prevenir situações desastrosas para a comunidade e a pessoa em sofrimento mental.

DC: Como os pais podem ajudar nisso?
Mylene:
O que está acontecendo atualmente pode refletir no futuro das crianças e adolescentes. Os pais devem conversar com os filhos em casa, ouvindo, trocando ideias e experiências, e ficar atentos a mudança de comportamento. Caso percebam algo diferente, devem averiguar as causas com professores e colegas da escola, não deixar de procurar ajuda e orientação enquanto é tempo.

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