Você sabe como são fabricadas as hóstias, símbolos da Eucaristia e do Corpo de Cristo nas celebrações católicas? Além do modo artesanal, feito individualmente, a produção das partículas (como são chamadas as massinhas em formato circular antes de ser consagradas) também pode ser feita de forma industrializada – e Ponta Grossa possui uma das únicas fabricantes mundiais de máquinas que produzem o item religioso.
A Atto é uma empresa ponta-grossense fundada em 2016 que produz máquinas especiais, feitas de acordo com a necessidade do cliente. A empresa possui três sócios, todos das áreas de mecatrônica, automação e/ou eletromecânica: Bruno Cartelli, Luciano Pacheco Wendler e Theodoro Bahniuk Neto, este último fundador da empresa antecessora da Atto, a Exa Automação Industrial, que começou a fabricar as máquinas de produção de hóstias já em 2009.
“A Exa prestava serviços na indústria elétrica e automação. Fazendo manutenções em mosteiros e conventos percebi que a produção de hóstias era defasada e ao fazer o plano de negócios identifiquei apenas 8 empresas no mundo que faziam essas máquinas, além de uma no Brasil que não atendia a qualidade exigida”, conta Bahniuk Neto.
Ele conta que há vinte modelos diferentes de máquinas, entre as que assam e as que cortam as partículas, seja no formato voltado aos fiéis, menor, seja naquele voltado aos celebrantes, maior e com símbolos personalizados. “Conseguimos a patente da máquina que corta por rolo, por exemplo, e até onde a gente sabe não ela existe em outro lugar do mundo”, conta o sócio da empresa, que já recebeu ofertas da Alemanha e pretende começar a exportar as máquinas ponta-grossenses.
De acordo com Theodoro, a Atto já faturou mais de R$ 5 milhões apenas com a venda das máquinas que produzem hóstias. “Nós vendemos tanto para religiosos, que têm produção própria, quanto para fabricadores de hóstias, que produzem as partículas em larga escala”, conta o engenheiro.
Da igreja ao bar
A Atto desenvolve equipamentos personalizados, que atendem a necessidade dos clientes, e além destas produções sob medida também possui outro carro-chefe junto às máquinas de hóstia, curiosamente voltado a um local oposto às igrejas: os bares. “Nós fazemos uma máquina exclusiva para a Heineken que atende uma necessidade da distribuição das suas garrafas de cerveja, utilizada junto aos engradados”, conta Bahniuk Neto.
Fabricação das hóstias nas máquinas
Conforme conta Theodoro Bahniuk Neto, as partículas que se transformam em hóstias após a consagração religiosa contem com quatro três etapas de fabricação: elas têm os seus ingredientes – majoritariamente trigo e água – misturados e depois são assadas, umidificadas e cortadas.
“A mistura dos ingredientes é feita geralmente em um liquidificador ou batedeira industrial. Depois disso a partícula pode ser feita pelas nossas máquinas, que as assam, as umidificam, já que elas saem secas e quebradiças, e as cortam, podendo esse processo ser feito em diferentes tamanhos e formas diferentes”, explica o sócio da empresa.
Mercado católico é destaque em Ponta Grossa
Além da Atto, outra empresa que tem a sua atuação relacionada à religião católica se destaca em Ponta Grossa, devido à sua economia: a Associação Missionária de Beneficência, que possui sete unidades educacionais no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, sendo tre em Ponta Grossa – o Colégio, a faculdade e o Centro de Educação Infantil Sant’Ana.
De acordo com o ranking das 500 maiores empresas do Sul, elaborado há 30 anos pelo Grupo Amanhã em parceria com a PwC, a instituição sediada na cidade é a 497ª maior empresa do Sul do país e 5ª maior do ramo de Educação do Paraná. Ainda de acordo com a publicação, a associação somou, em 2019, um patrimônio líquido de R$ 86,76 milhões e obteve um lucro líquido de 9,07 milhões.
- Relembre quais outras empresas de Ponta Grossa estão entre as maiores do Sul do Brasil na matéria que publicamos na semana passada.