A demora de chamada para o exame de ultrassonografia vem incomodando pacientes dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Ponta Grossa. O caso é mais grave para as mulheres, especialmente gestantes. Tanto a fila para o exame obstétrico quanto para o exame transvaginal possuem quase 1,5 mil pessoas cada.
O acúmulo acarreta atrasos de acordo com leitores que entraram em contato com a equipe do DC e dcmais. Há episódios em que a chamada para o exame obstétrico foi realizada somente após a criança nascer. Em contrapartida, a Fundação Municipal de Saúde (FMS) alega que depende do credenciamento de empresas para a realização dos exames.
A situação vem acontecendo há mais de um ano. Silvana Costa, do Santa Paula, viu a neta nascer sem passar pela ultrassom obstétrica. “Minha filha ficou grávida, fez o pré-natal no Santa Paula e ficou de receber uma ligação para agendar o ultrassom. O neném nasceu e daí ligaram alguns dias depois avisando que tinham marcado pelo SUS”, conta.
O bebê tem atualmente oito meses. Ou seja, a filha de Silvana aguardou de abril de 2019 a janeiro de 2020 pelo agendamento. Em período semelhante, Lislaine Paitch, da Vila Marina, enfrentou problema parecido.
Ela deveria ter passado por pelo menos dois exames de ultrassonografia, mas em nove meses de gestação apenas um foi realizado gratuitamente. “Na época tinham me informado que eu teria direito a três ultrassons pelo SUS. Só foi marcado um quando eu já estava com sete meses de gestação”, relata.
Com receio por conta da demora naquele período, Lislaine desembolsou cerca de R$ 450,00 para realizar os demais exames na rede particular. “Fiz três pelo particular pois tinha muito medo. Na gestação anterior tive toxoplasmose. Então, como sabia que era demorado pelo SUS, fiz três pagando por fora”. A bebê dela nasceu em novembro do ano passado após 42 semanas de gestação.
Assim como Silvana e Lislaine, há dezenas de mulheres em redes sociais que relatam problemas com a ultrassonografia obstétrica pelo SUS. Em comentários, pacientes relatam que optam por procurar clínicas particulares com o pedido do SUS em mãos, pois conseguem receber descontos e realizam em dia o exame.
Resposta da Fundação Municipal de Saúde
A Fundação Municipal de Saúde relata que passa por contratempos com o credenciamento de empresas responsáveis pelo ultrassom. “A Fundação abriu credenciamento público para as empresas se cadastrarem para a realização do exame, porém nenhuma manifestou interesse, sendo o primeiro credenciamento deserto. Nesta semana será aberto o segundo edital de credenciamento. A FMS tem a expectativa de passar a agendar as pacientes no final de setembro, porém é necessário aguardar o credenciamento de empresas para a realização dos exames”, reforça em nota.
Ainda segundo a FMS, os atendimentos de ultrassom de urgência estão sendo feitos normalmente. São casos em que a paciente sofre uma queda, não sente a movimentação do bebê quando está com a idade gestacional avançada, entre outras intercorrências obstétricas. Esses exames são feitos nos hospitais de referência.
“Os que estão na fila são exames eletivos, aqueles de rotina que são feitos durante a gestação, sendo dois por protocolo, durante os nove meses de gestação. A FMS informa que os últimos exames agendados foram no mês de junho, estando em espera as pacientes a partir de julho”, expõe a Fundação.
Tamanho da fila
Atualmente, a fila obstétrica do exame é de 1.422 mulheres. Já a ‘ultra’ transvaginal tem 1.490 mulheres esperando. Há também a ultrassonografia obstétrica com doppler clorido e pulsado, com 60 pessoas, e a morfológica, que apresenta duas pessoas na fila. Os documentos são públicos e podem ser acessados no site oficial da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa – aba da Fundação Municipal de Saúde no canto esquerdo da tela. A atualização mais recente é do dia 17 de setembro.