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Ponta Grossa pode formar novos ‘Zé Rafaeis’ para o futebol?

Trabalho do Clube Verde era destaque na década de 1990 e início dos anos 2000. Foto: Arquivo Pessoal

O ponta-grossense Zé Rafael, de 27 anos, é campeão da Libertadores da América. O meia se formou para o futebol em quadras de Ponta Grossa e faz parte de uma geração de meninos que conseguiram engrenar entre os profissionais. A safra pertence aos anos 1990 e início dos anos 2000, quando o futsal de base tinha vigor no município e diferenciais em relação aos dias de hoje.

À época, a maior parte dos meninos vestia a camisa do Clube Verde, que abria as portas para equipes de diferentes categorias. O senso coletivo ajudou o projeto encabeçado pela ‘Interdeme’ – junção de duas empresas. Eram os conhecidos ‘paitrocínios’, quando os próprios responsáveis pelas crianças bancam o projeto, mas com distinções.

“O Márcio, o Júnior e o Zeca [da Interdeme] montavam time para todas as categorias. Não se importavam em acompanhar apenas a categoria do próprio filho. Eles corriam atrás de Prefeitura e do Clube Verde para todos”, diz o professor Cláudio Schleder, o ‘Leitão’.

Ele, Gegê e Arnaldo Tozetto foram alguns dos treinadores que acompanharam o crescimento de meninos para o esporte. Também há nomes como Cândido, Portela, Soneca, China e Wilson Bian que participaram da formação em diferentes trabalhos. Houve anos em que Ponta Grossa inscrevia mais de um clube de base em competições da Federação Paranaense de Futsal.

“Os nove anos em que o Zé [Rafael] passou no Verde eram gostosos de acompanhar. Muitos meninos tinham talento. O Leitão e o Gegê observavam os garotos no JEM e selecionavam para colocar em campeonatos. Hoje não me parece ter ninguém fazendo esse trabalho”, comenta o pai de Zé Rafael, Erasmo Vivian.

Os Jogos Estudantis Municipais (JEM) eram naquela época uma porta de entrada para a formação. Os colégios de Ponta Grossa investiam forte em ‘seleções’. Na sequência do desenvolvimento vinham os clubes, que davam respaldo ao projeto de pais.

“O imediatismo atrapalha muito. Hoje está se vivendo muito de grupos isolados e os pais acabam bancando apenas a categoria do próprio filho. É a impressão que tenho”, diz Leitão. Ele acredita que os trabalhos podem ir mais a fundo.

“Ponta Grossa é uma cidade com vários campos sintéticos e peca um pouco na falta de visão para formar jogadores. Formar o cidadão e formar o indivíduo é bom, bonito e legal. Mas formar o jogador também. Quer ser bom? Se junte aos bons”, acrescenta com referência às ‘seleções’ que eram montadas na cidade.

ACGF

Ponta Grossa conta atualmente com a Associação Campos Gerais de Futsal (ACGF), comandada por Pedro Sansana. Ela tenta remontar aos tempos áureos do futsal princesino. A ACGF juntou grupos de pais para investir na modalidade. Com a associação foi possível criar um CNPJ e, como consequência, inscrever equipes no Campeonato Paranaense.

Um dos treinadores que está envolvido é Gegê, que trabalhou no Verde. A intenção dos participantes é consolidar o projeto e unificá-lo em breve. Assim, a ACGF se consolidaria como referência do futsal de base em Ponta Grossa mesmo que cada categoria tenha patrocinadores e apoiadores diferentes.

Operário

Na época em que Zé Rafael se desenvolveu para o futebol, assim como o zagueiro Bruno Fuchs (ex-Inter) e o atacante Carlinhos (ex-Paraná Clube), o Operário Ferroviário não tinha um trabalho de base consolidado. Tanto que esses ponta-grossenses nunca passaram por Vila Oficinas.

O cenário vem se alterando gradativamente nos últimos anos. Atualmente o Fantasma tem equipes Sub-19 e Sub-17 que representam o clube nos respectivos Estaduais. No início de 2020, o Operário disputou de forma inédita a Copa São Paulo de Futebol Junior – considerada a maior competição de base do país.

De acordo com o clube, a proporção é meio a meio. Metade dos jogadores da base são de outras cidades e estados. Os outros 50% são de Ponta Grossa e região.

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