As ondas de forte calor e de variação repentina nos termômetros devem fazer parte da rotina dos paranaenses de acordo com o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar). Em Ponta Grossa, por exemplo, a temperatura vem beirando os 33°C. Ao norte, em Londrina e Maringá, os aparelhos mostraram 40°C pela primeira vez de 1997 – valores medidos na sombra.
Segundo o geógrafo ponta-grossense, Luís Cunha, o calor é comum nesta época do ano (início da Primavera), mas há mudanças significativas perceptíveis.
“O que a gente começa a perceber na Primavera é que iniciam as pancadas de chuva ao final do dia: as chuvas de verão – às vezes com granizo e raios. Isso é normal. Porém, estamos percebendo desde o inverno que as temperaturas estão em média uns 5°C acima do comum”, expõe o professor.
Em Ponta Grossa, a umidade do ar na tarde desta quarta-feira (7) chegou aos 32,8% – valor longe do ideal. De forma geral, as cidades entram em estado de atenção quando estão com umidade entre 20 e 30%. É nesta questão que mora a influência do desmatamentos e queimadas em regiões como Amazônia e Pantanal.
“Estes biomas estão mais desmatados com o relaxamento de leis ambientais. Existe uma relação muito próxima entre regulagem de temperatura e presença de árvores. Na medida em que as áreas verdes diminuem e dão espaço a pasto, por exemplo, há menos lançamento de umidade na atmosfera. Dessa maneira a variação térmica é muito maior. A umidade é o regulador térmico”, explica Cunha.
Ou seja, quanto menor é a área verde – por mais distante que ela esteja do estado, mais desregulada fica a temperatura. No caso do Paraná, a falta de área verde deixa o clima mais próximo do deserto (calor intenso durante o dia e resfriamento à noite). É o que ocorre em toda a extensão do Trópico de Capricórnio, mas não no Sul do Brasil por conta da Floresta Amazônica.
Virada no tempo
Desta quinta (8) para sexta-feira (9) o tempo deve ter mudanças no Paraná segundo o Simepar. O calor segue em 8 de outubro em Ponta Grossa (máxima de 30°C). Porém, nuvens escuras começam a se aproximar da região e trazem chuva no dia seguinte.
Com isso, os ‘termômetros despencam’ por volta de 10°C. Na sexta, a mínima é de 15°C e a máxima de 22°C. As pancadas de chuva continuam no sábado (10) de forma mais leve, mas o domingo deve ser ensolarado.
Risco de temporal
De acordo com o Simepar, nesta quinta-feira (8) há um aumento da instabilidade no Paraná. As temperaturas se mantêm elevadas, situação que favorece a formação de áreas de instabilidade sobre o estado principalmente a partir da tarde. Nos setores mais ao sul, perto de Santa Catarina, a chuva deve ser mais expressiva. O risco de temporais é elevado em todas as regiões paranaenses (inclusive com granizo associado).
Saúde respiratória
Mudanças bruscas de temperatura podem agredir as vias aéreas, gerando irritações na mucosa desde o nariz aos pulmões. Na Primavera, a polinização causa mais ‘sofrimento’ para quem já tem tendência à rinite e asma.
“É importante manter em dia o tratamento de asma, rinite e outras doenças respiratórias. Isso é feito com o uso de medicações geralmente inalatórias prescritas devidamente pelo médico”, orienta o pneumologista Rangel Olsen.
Inclusive, em tempos de covid-19, é fundamental manter a parte respiratória em dia. “Caso o paciente desenvolva algum outras infecção viral – como a covid-19, o fato de estar com sua doença respiratória bem controlada minimiza as complicações”, acrescenta.
As recomendações são: hidratação vigorosa no calor e em tempos sem chuva por mais de cinco dias, assim como instilar soro nasal e umidificar o ambiente artificialmente.