Ponta Grossa conta com 155 táxis cuja circulação está autorizada no município. O número corresponde àquele permitido através da lei municipal 13.141/2018. No entanto, somente 29 táxis – o que corresponde a 18,7% do total, estão devidamente regularizados junto à Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT).
A informação foi repassada pela assessoria de imprensa da AMTT, a pedido da reportagem do Diário dos Campos e portal dcmais, e revela que a maior parte dos profissionais que atuam nesse segmento não realizaram a inspeção anual do veículo, ou deixaram de pagar taxas e impostos que são cobrados anualmente.
O presidente do Sindicato dos Taxistas Autônomos de Ponta Grossa, José Carlos Dobginski, explica que a situação não chega a surpreender, e é consequência das dificuldades que os taxistas vêm enfrentando nos últimos anos. Primeiro, houve o impacto financeiro com a chegada dos serviços de transporte por aplicativo. Em seguida, a pandemia de covid-19 que, segundo Dobginski, já matou pelo menos 10 dos seus colegas.
“Embora 99% dos táxis continuem operando, os profissionais estão evitando ficar nos pontos. Foi uma das formas que encontramos para reduzir o risco de contágio pelo coronavírus. Eu sou um caso. Tomei a primeira dose de vacina, mas estou esperando a segunda dose para voltar a ficar no ponto”, comentou Dobginski, em entrevista por telefone. Outro fator que gerou atraso nas regularizações está na transferência dos táxis. Muitos estão passando o serviço para os filhos e netos, e postergando os pagamentos à AMTT
Infraestrutura
Dobginski costumava ficar na guarita existente atrás da Igreja Sagrado Coração de Jesus, na Praça Barão de Guaraúna. Mas o estado de deterioração do lugar, principalmente após a ação de vândalos, parece um símbolo dos tempos difíceis que os taxistas relatam, e da ausência de utilização desses espaços.
“Esses dias uma das guaritas pegou fogo, naquela mesma praça. Não vi a prefeitura fazer nada a respeito”, diz o taxista. Ele lembra que a proposta surgida em 2019, de um aplicativo que pudesse dar agilidade e condições especiais para o trabalho deles, também foi abortada pela atual administração municipal. Ainda assim, o profissional aposta que, até o final do ano, os táxis vão se reestruturar.
Anistia de multas
Na última semana, a Prefeitura de Ponta Grossa sancionou a lei 14.012/21, que anistia as multas impostas pela AMTT aos permissionários do serviço de táxi na cidade, no exercício de 2020. O município justificou a medida em face dos prejuízos causados a eles durante a pandemia. A reportagem questionou ao município se há previsão de reforma dos pontos de táxi, e se será mantida a intenção de criação de aplicativo para taxistas, mas não retornou até a conclusão desta matéria
Em meio às marcas do fogo
Paulo Roberto Azambuja, 59 anos, diz que já solicitou a reforma da “casinha”. É como ele se refere, de forma até carinhosa, à base de táxi instalada na Praça Barão de Guaraúna. O lugar pegou fogo na madrugada do dia 10 de julho. Apesar do aspecto ruim do lugar, ele não quer sair do ponto. “Aqui é cartão de visita da cidade. Quem vem de Curitiba passa tudo por aqui. Quem vem de Castro também, passa por frente e pergunta o que aconteceu”, diz Azambuja, taxista há nove anos.