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PG e Irati dizem ter recebido frascos com falta de doses

Foto: Gilson Abreu/AEN

Pelo menos três lotes da vacina Coronavac, entregues aos municípios do Paraná, apresentaram menor quantidade de doses para aplicação do que o previsto na bula. O fabricante prevê que cada frasco possibilite a aplicação de 10 doses, mas houve casos em que isso não foi possível. A situação foi confirmada pelos municípios de Irati e Ponta Grossa.

A Prefeitura de Irati divulgou nota de esclarecimento, na noite de quarta-feira (21), onde atribui ao Instituto Butantan a responsabilidade pela perda de 364 doses de vacina contra covid-19. De acordo com a prefeitura de Irati, a perda técnica “justifica-se pelo rendimento insuficiente dos frascos de lotes recebidos do laboratório Butantan, 210069, 210084 e 210130 que tiveram rendimento inferior às 10 doses descritas na bula”.

A nota veio para rebater notícia publicada inicialmente na página Irati Livre, nas redes sociais, no início da tarde da última quarta-feira (21). A denúncia apontava que o município teria perdido 2.642 doses de vacina contra covid-19, o que causou inquietação entre os munícipes. A esse respeito, a prefeitura informou que “o município apresenta uma perda técnica de 204 doses 1 e 160 doses 2, totalizando 364 doses perdidas, valor bem inferior ao divulgado pela página Irati Livre”, garantiu.

Em Ponta Grossa

A Prefeitura de Irati afirmou que a não conformidade foi notificada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por se tratar de suposta irregularidade no produto. A reportagem do Diário dos Campos e portal dcmais questionou se problema semelhante foi verificado em Ponta Grossa, onde o total de doses aplicadas é maior, em função da maior população.

A assessoria de imprensa informou que, em Ponta Grossa, o mesmo problema foi detectado no lote 210069 entre fevereiro e março, e no lote 210130 em abril. Trata-se, portanto, de dois dos lotes descritos pela prefeitura de Irati. “Ponta Grossa recebeu apenas duas remessas dos lotes mencionados, em março e abril. O município notificou sobre a situação no Notivisa – Sistema de Notificações em Vigilância Sanitária e também junto à SESA”, informou.

Instituto Butantan

A reportagem questionou o Instituto Butantan a respeito. O Instituto Butantan respondeu que cada frasco da vacina contra covid-19 contém nominalmente 10 doses de 0,5 ml cada, totalizando 5 ml, e adicionalmente ainda é envasado conteúdo extra, chegando a 5,7 ml por ampola.

“Todas as notificações recebidas pelo Instituto até o momento, relatando suposto rendimento menor das ampolas, foram devidamente investigadas, e identificou-se, em todos os casos, prática incorreta na extração das doses nos serviços de vacinação. Portanto, não se trata de falha nos processos de produção ou liberação dos lotes pelo Butantan”, declarou. Para o Instituto, o problema está em profissionais que não estão capacitados para aplicar adequadamente as doses, ou até em seringas usadas de forma errada.

População não foi afetada, diz Sesa

A Secretaria de Estado de Saúde do Paraná (SESA-PR) também se posicionou sobre o assunto, após contato da reportagem. Por meio de sua assessoria de imprensa, a SESA informou que a discrepância entre número de doses recebidas e número de doses aplicadas vem sendo verificada em vários municípios e em todos os estados. Esse é um dos motivos pelos quais foi estabelecida a necessidade de uma reserva técnica.

Desde o início das aplicações, o Ministério da Saúde envia um número de doses adicional, que corresponde a percentual entre 5% e 10% a mais do que o previsto, como forma de garantir que não haverá falta na aplicação.

Os municípios vêm notificando sempre que ocorre aplicação inferior ao previsto no lote e, segundo a SESA, a reserva técnica impede que haja prejuízo à população, e muitas vezes ainda possibilita que sobrem doses para aplicação no próximo grupo agendado.

Irati relata ter imunizado, até o momento, 28.944 pessoas com primeira doses e 9.461 com esquema vacinal completo (duas doses ou dose única). Ponta Grossa já aplicou 159.236 pessoas com primeiras doses e 63.576 com segundas doses.

Furos na divulgação

– O Butantan relata inspeção da Vigilância Sanitária realizada no dia 20 de abril, mas não relata nenhuma inspeção feita após essa data.

– Questionada pelo DC, a Anvisa informou que apresentou conclusão de avaliação sobre os apontamentos em 17 de maio. A conclusão foi sobre uso de seringas inadequadas nos municípios, e não houve detecção de problema na quantidade do imunizante fornecido pelo Butantan.

– A SESA preferiu não informar em quantas e quais outras cidades a divergência foi detectada.

– A reportagem também contatou o Ministério da Saúde para saber se foram notificados dos problemas, quais são os motivos e quais os procedimentos adotados. Não houve resposta até fechamento desta edição.

– A Prefeitura de Ponta Grossa não informou quantas doses deixaram de ser aplicadas dos dois lotes com problemas.

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