Uma pesquisa iniciada em Ponta Grossa já virou norma de Engenharia Civil para 24 países. Trata-se de um estudo sobre ergonomia no trabalho de construção civil, que tem por objetivo maior segurança e eficiência no dia a dia. O estudo é de autoria do Dr. Ariel Michaloski, professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), e que deu origem à norma ISO 7015.
ISO 7015
Após mais de quatro anos de desenvolvimento, a pesquisa se tornou a norma ISO 7015, aprovada em abril deste ano, e já em aplicação em diversos países da Europa. O estudo teve a colaboração de pesquisadores da Escola Ocra Brasiliana e também da EPM International Ergonomics School, em Milão, Itália.
O que diz a norma?
O foco principal da pesquisa foram os distúrbios músculo-esqueléticos, causados pelo trabalho físico pesado, postura inadequada e movimentos repetitivos. A pesquisa de Michaloski analisou a ergonomia e mapeou os riscos de quase mil postos de trabalho.
Através da ISO 7015, ao designar um funcionário para desempenhar determinada função, é possível identificar quais lesões ele tem maior possibilidade de desenvolver pela repetição ou sobrecarga de trabalho, por exemplo. Assim, também é possível apontar as ferramentas e estratégias mais adequadas para prevenir problemas.
Análise e software
“O fato de os trabalhadores da construção civil desempenharem inúmeras e diferentes atividades laborais, com distribuição diferenciada em dias e/ou meses do ano, torna a avaliação dos riscos extremamente complexa. Por isso é fundamental fazer uma análise prévia e aprofundada sobre a organização do trabalho da construção civil”, enfatiza.
Nesse momento, pesquisadora na Itália estão finalizando um software que deverá dar ainda mais agilidade na aplicação prática da ISO 7015. Posteriormente, esse programa será cedido para uso nas atividades de graduação e pós-graduação da UTFPR.
Ariel Michaloski
Ariel Michaloski é formado em Engenharia Civil pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Foi engenheiro de obras públicas federais, atua como professor da UTFPR de Ponta Grossa e também participou do Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção.
Ao longo dos anos, com a convivência diária em construções, percebeu técnicas antiquadas na execução de tarefas, principalmente no que diz respeito à relação de técnicas artesanais e industriais.
Segundo ele, embora existam técnicas de maior produtividade e preservação laboral, não é comum haver tempo hábil para sua aprendizagem e incorporação, nem mesmo para uma atenção governamental necessária nesse setor. “No setor globalizado da construção são cada vez mais necessárias boas práticas ergonômicas em ambientes de construção, para corroborar na redução de acidentes e principalmente doenças relacionadas ao trabalho”, comenta.
Satisfação
“O senso de realização e satisfação ao contribuir com o conhecimento é emocionante pelo simples fato de fazer descobertas significativas ou pioneiras que têm o potencial de impactar positivamente a vida das pessoas. Ao mesmo tempo, sinto a pressão e responsabilidade por garantir que a pesquisa seja precisa, confiável e retorne resultados significantes”, acrescenta o pesquisador.
Colaboradores
Em agradecimento pelos resultados obtidos, Michaloski dedica a conquista aos colaboradores de sua pesquisa, como a Dra. Daniele Colombini, Dr. Edoardo Santino, Dr. Ruddy Facci, que acreditaram em seu projeto internacional. “Parabenizo meu amigo pesquisador Juliano Stadioto, pela sua dedicação junto comigo neste projeto e também agradeço ao apoio do Professor Antonio Augusto Xavier, que estava à frente da direção da UTFPR de PG”, conclui.