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Pandemia faz crescer quantidade de motoboys em Ponta Grossa

Trabalhadores relatam ter achado na atividade uma opção ao desemprego, mas a função é marcada pela informalidade e falta de garantia de direitos

Foto: José Aldinan

Em Ponta Grossa há 210 trabalhadores formalizados como microempreendedores individuais (MEIs) na categoria de serviços de entrega rápida, além de outros 31 categorizados como “serviços de malote não realizados pelos Correios”. Porém, devido à informalidade que marca grande parte das relações de trabalho neste ramo, não há como mensurar quantos motoboys a cidade possui hoje – apenas que esse número aumentou neste ano, conforme contam os relatos daqueles que acharam nesta atividade uma opção ao desemprego.

“Eu trabalha como vigilante até o início deste ano. Fui mandado embora e comecei a distribuir currículos, mas no começo não consegui nada. Como tinha que pagar prestação da casa e da moto a única saída foi trabalhar de motoboy”, conta Renato de Souza Padilha, que possui 36 anos. “Nesse ano aumentou muito o número de motoboys no ‘disk’. No começo da pandemia eu conseguia fazer bastantes entregas, mas como surgiram muitos acabou diminuindo um pouco”, afirma o trabalhador, que também cita que na empresa de entregas em que atua há cerca de quinze motoboys – que não são registrados.

Já Gabriel Ferraz, de 22 anos, atuava como freelancer em cargos como garçom e atendente, por exemplo. Após ficar parado por dois meses, por indicação de um amigo começou a trabalhar com entregas nos primeiros dias de abril – época em que a cidade teve restrições de funcionamento por conta do início da pandemia do novo coronavírus.

“Tentei primeiro em um aplicativo de entregas. Fiz o cadastro, mas não liberaram. Alguns colegas falaram que demorava um ano, então fui para o disk entregas. No começo da pandemia tinha pouca gente gastando, era mais o pessoal de classe média e alta, então rendia pouco, agora voltou a popularizar”, avalia ele, que comprou uma moto especialmente para o trabalho – e ainda tem várias parcelas para pagar.

Informalidade

Como grande parte das empresas de disk entregas não assina a carteira dos seus motoboys, muitos atuam de forma informal, sem garantias de direitos trabalhistas e de renda mínima. É o caso de Gabriel Ferraz e Renato Padilha, que se declaram como “autônomos informais”, pagam diárias para as empresas de entregas nas quais atuam, onde a demanda funciona por ordem de chegada.

“Por isso que a gente anda como ‘louco’ na cidade: quanto mais entrega, mais ganha. E depende da sorte, às vezes pega corrida boa e às vezes não. Alguns motoboys vêm de manhã e ficam até de noite e o ‘salário’ depende muito do mês”, relata Renato Padilha.

“A profissão de motoboy não tem garantia, não tem seguro-desemprego, não tem 13º salário. Já me acidentei duas vezes e dei graças que ainda estava no seguro-desemprego de vigilante, se não não teria recursos já que fiquei quase um mês parado. Se estraga a moto é por sua conta, e se você se machuca tem que se virar. Aqui tem quem tem essa profissão, mas eu estou motoboy, não sou motoboy”, afirma o trabalhador.

Renato Padilha tem 36 anos e começou a atuar como motoboy depois de ser demitido do emprego de vigilante (Foto: José Aldinan)

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