em

Ocupação em terreno público recebe adesão de 260 famílias

Pessoas na ocupação em terreno público em Ponta Grossa
Legenda (José Aldinan): Área ocupada tem cerca de 12 hectares e está localizada, na Rua Alípio Bueno, à beira da via do Contorno Leste.

A Ocupação Ericson John Duarte em um terreno pertencente à Prefeitura de Ponta Grossa, no Parque Jardim Andorinhas, iniciou na tarde de sábado com 60 famílias e ontem já havia obtido a adesão de 260. O movimento, ligado à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, reivindica a construção de casas populares. Ontem (6), a Justiça indeferiu pedido de liminar de reintegração de posse feito pela Prefeitura de Ponta Grossa na noite de sábado. O Município informou que vai recorrer da decisão.

O advogado e coordenador do movimento, Leandro Dias (PSOL), disse que a ocupação estava sendo organizada há cerca de seis meses, antes mesmo do Executivo Municipal encaminhar à Câmara de Vereadores um projeto de lei que extingue a Prolar e passa as funções ligadas à habitação popular para a futura Secretaria Municipal da Família e do Desenvolvimento Social.  

“A extinção da Prolar foi inclusa em nossa pauta somente no último sábado. A nossa reivindicação é o combate à especulação imobiliária em nossa cidade. Estamos denunciando esse descaso. Aqui temos famílias que estão na fila há mais de 20 anos”, disse Leandro Dias, que em 2012 disputou a eleição para prefeito de Ponta Grossa e recebeu 6.937 votos. De acordo com ele, o terreno ocupado estava abandonado há cerca de 10 anos.

“Nessa área havia um projeto para a construção de 170 moradias. A construtora contratada para as obras faliu e ficou esse impasse desde então. Queremos provar para a sociedade que aqui estão famílias que não têm para onde correr. Nós não temos conhecimento de onde eles são. É uma situação de desespero e essa será a primeira de muitas ocupações”, afirmou.

Terreno

A área ocupada tem cerca de 12 hectares e está localizada na Rua Alípio Bueno, à beira do Contorno Leste e próximo ao Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa (Cense-PG). Segundo o coordenador do movimento, os lotes foram inicialmente divididos em 10mx20m para cada família. “Mas, como mais pessoas foram chegando, tivemos que reduzir para 8mx15m”.

Ontem no final da manhã haviam apenas barracas de lona montadas no terreno e as famílias improvisavam uma maior, para a produção coletiva de alimentos aos integrantes do movimento. Apenas uma estrutura de madeira foi erguida de manhã. O movimento também está recebendo doações de galões de água dos moradores da região. Eles estão sem ligação de energia elétrica, mas estão usando alguns geradores a diesel. “Estamos correndo atrás de madeira para as moradias, medicamentos, roupas e alimentos, principalmente para as crianças e idosos que estão aqui”, disse Leandro.

Loteamento

Em nota, a Prefeitura informou que o processo para loteamento da área ocupada foi aprovado e está tramitando em cartório para a liberação. “A Prefeitura já tem um pré-cadastro de famílias aptas e que serão beneficiadas com esses lotes”, disse. Garantiu que fará um levantamento dos dados referentes às famílias que invadiram a área com o objetivo de verificar se fazem parte do cadastro dos programas habitacionais.

A prefeita Elizabeth Schmidt destacou que os atendimentos às famílias que estão cadastradas nos programas de habitação do município não serão prejudicados em função da extinção da Prolar. “Pelo contrário, a inclusão dos programas de habitação junto à Secretaria da Família e Desenvolvimento Social terá resultados muito mais dinâmicos e certamente muitos avanços. Temos vários projetos de política de habitação para realizar”, disse.

Foto: José Aldinan

Mãe de quatro filhos espera por moradia há 16 anos

Zilmara de Lurdes de Oliveira, 40 anos, é servente e está desempregada. Mãe de cinco filhos, o mais velho com 24 anos e o mais novo com 13, ela é uma das ocupantes da área e disse que está na fila da Prolar há mais de 16 anos.

“Nós moramos em um lote de invasão e pagamos aluguel. Os meus filhos estão grandes e ainda dependem de mim. Sustentar a casa sozinha é muito difícil. Até aparecer um trabalho de carteira assinada eu estou fazendo uns bicos e recebendo a pensão dos filhos. Estou aqui porque quero a minha casa própria, sem precisar pagar aluguel”, disse ela.

Ajuda

Interessados em ajudar podem ligar para Leandro Dias (42) 99820-8500.

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.