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Ocupação em terreno público já tem 70% das casas erguidas

Dona de casa, Daiane Caroline Maciel de Oliveira, 25 anos, construiu sua casa para morar com o marido e os dois filhos (Foto: José Aldinan)

A ocupação Ericson John Duarte, em um terreno público no Parque Jardim das Andorinhas, em Ponta Grossa, completou um mês na terça-feira (4). O movimento, ligado à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade, começou com cerca de 60 famílias, mas ganhou força no seu primeiro dia e hoje já conta com 70% das casas de madeira erguidas, totalizando 700 famílias e 1100 pessoas no acampamento. Outras 1 mil pessoas estão na lista de espera.

A área ocupada tem cerca de 12 hectares e está localizada, na Rua Alípio Bueno, à beira da via do Contorno Leste e próximo ao Centro de Socioeducação Regional de Ponta Grossa (Cense-PG). Segundo o coordenador do movimento, os lotes foram inicialmente divididos em 10×20 para cada família. Mas, como mais pessoas foram chegando, a área para a construção das casas reduziu para 10×7.

“A ocupação começou com barracas de lona e, a partir das doações de madeiras, as casas começaram a ser erguidas de um dia para o outro. Uma família está ajudando a outra. Também estamos recebendo doações de alimentos, roupas e utensílios para cozinha. O nosso maior problema continua sendo a falta de água e energia elétrica. Os moradores estão utilizando uma bica e lanternas”, contou o advogado e coordenador da ocupação, Leandro Dias (PSOL).

O terreno pertence à Prefeitura de Ponta Grossa e, ainda no começo de dezembro, novas adesões à ocupação e construções na área foram impedidas por decisão do Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) que determinou multa diária de R$ 1 mil aos organizadores caso houvesse descumprimento da sentença. “Nós recebemos esse documento, mas eu não fui citado em nenhum momento. Portanto, pra nós não vale”, destacou Leandro.

A decisão judicial também determinou que a Prefeitura de Ponta Grossa, por meio dos órgãos competentes de assistência social, faça o cadastramento das pessoas e famílias alojadas na área, dentro de um prazo de 30 dias, a contar da primeira semana de dezembro, para que sejam inscritas em programas habitacionais.

Em nota, a prefeitura informou que vai aguardar o cumprimento do que foi decidido pelo Tribunal de Justiça do Paraná. “Nos próximos 30 dias, como determinado pela Justiça, a Prefeitura realizará o cadastramento das famílias da ocupação”, destacou. Com relação ao pedido de reintegração de posse, a Procuradoria Geral do Município (PGM) disse que não vai recorrer no momento, mas segue acompanhando o andamento do processo.

Moradores

A dona de casa, Daiane Caroline Maciel de Oliveira, 25 anos, é uma das moradoras da ocupação. Ela ergueu sua casa no último sábado (1º) para morar com o marido, Valdemir Giovani Querino, 30 anos, e os filhos, de 2 e 5 anos.

“Fui uma das primeiras pessoas a vir aqui. Nós vivemos com o auxílio do Bolsa Família e o meu marido é servente e recebe R$ 60 por dia. O aluguel da nossa casa era R$ 500 e a nossa renda só dava para pagar essa conta, fralda e comida”, contou ela.

A casa da família conta com dois cômodos: um quarto e a cozinha conjugada com a sala. “Para cozinhar estamos improvisando com tijolos que emprestamos do vizinho para acender o fogo. O banho é com canequinha e o banheiro estamos utilizando uma patente que foi improvisada próxima do arroio”, finalizou.

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