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O poder que o consumidor tem na mão e não usa

Nós como consumidores temos um poder nas mãos que poucos sabem: de fazer viver, desenvolver, ou destruir empresas e com elas seus projetos de mundo. O fato de comprarmos algo de alguma empresa ratifica nossa concordância com seus métodos e práticas. Então se é uma empresa que sustenta o mercado ilegal de costureiras em condição degradante estamos sustentando isso, da mesma forma que se é uma empresa que prega condições equitativas para homens e mulheres estamos endossando essa prática também.

O que poucas pessoas se dão conta é que é possível se esmerar para autorizar a existência apenas de empresas responsáveis. E vamos dizer que você me diga espantada(o): “mas é muito difícil de saber sobre todos os processos que passam as grandes empresas” e aí eu te respondo: “então consuma de pequenos produtores”. Você já se deu conta que tem o poder de pagar a escola de uma criança, indiretamente, quando compra de uma artesã que está fazendo esse trabalho para pagar a escola dos filhos? Já percebeu que faz a diferença na vida de uma estudante que está vendendo brigadeiros na rua para pagar a faculdade? Já entendeu que está prestes a ajudar um CEO americano de 45 anos a comprar sua terceira casa no Caribe quando continua comprando de grandes empresas desenfreadamente. Pois é isso que você está fazendo todos os dias, em todos os momentos que tira o cartão de crédito do bolso, ou abre a carteira pra pagar sua próxima conta.

Ainda que eu tivesse muitos pontos humanos para te convencer a comprar do local vou ainda elencar alguns requisitos de design e energia que só são preenchidos por quem faz o que vende em pequena escala. Vamos lá:

 

  • O produto é muito mais durável, porque a qualidade dos materiais escolhidos para a produção na maioria das vezes é muito mais alta do que o produto de larga escala.  

 

  • O feito à mão tem uma personalidade própria, produtos artesanais em alguns casos são exclusivos e únicos.

 

 

  • A proximidade permite que você faça encomendas personalizadas, seu produto por ficar cada vez mais com a sua cara, com a cara da sua casa, e também pode ter a quantidade que você precisar.

 

  • O valor das peças pode ser mais caro, por conta da menor quantidade de produtos, mas até isso pode ser bom, porque daí você se controla para não comprar tanto, e só adquire exatamente aquilo que precisa.   

 

  • O acabamento de peças feitas à mão ou em menor número é infinitamente mais preciso do que as feitas em larga escala. Imagina olhar uma peça por uma e identificar as ranhuras, nas grandes fábricas não tem nem um olho humano vendo cada peça. Já no produtor independente é possível cuidar de cada peça individualmente até que fique do padrão de qualidade dele.  

 

  • A personalidade de quem faz as peças manuais tem muito a ver com a pessoa que produz, logo vai ser muito difícil você encontrar outra peça igual à sua no mundo, a menos que tenha sido feita pela mesma pessoa.

 

  • A energia de quem faz a peça com muito amor e dedicação vai chegar pra você mesmo que você não queira ou perceba.

 

  • Você só consegue olhar nos olhos de quem produziu e ter certeza do amor e procedência que são feitos se se conecta olhando nos olhos daquela pessoa.

 

 

  • Os processos são muito mais fáceis de serem descobertos, afinal só é preciso perguntar para quem faz o que ela faz com o resíduo, como trata os seus funcionários, portanto é ainda possível ser legal social e ambientalmente comprando do pequeno produtor.

 

O sistema econômico em que vivemos nos permite isso. Há um montão de pessoas que entendem que o mais justo seria acabar com o sistema vigente e começar de novo, não que eu não concorde com essa teoria, em partes, mas se há algo mais acessível e possível para executar imediatamente, que é dar uma rasteira no sistema vigente, ou seja, usar ele a favor de quem precisa, merece e contribui para um mundo mais humano e melhor. E no meu modo de ver não há nada mais consistente para fazer isso do que comprar apenas de quem tem responsabilidade que você compactua e quer ver crescer. Se você não tá disposto a mudar de país, de galáxia ou ir pro meio do mato porque não aproveita pra seguir essas dicas também? Acredite depois que você começar não vai conseguir parar mais.   

 

Mafer Teixeira e Nicoly França são jornalistas e youtubers, com experiência em gestão de mídias sociais e assessoria de imprensa, elas transformaram a paixão pela moda em profissão. Há dois anos e meio, criaram o Desavesso, com o objetivo de produzir conteúdo e eventos para incentivar a moda consciente e sustentável. Já realizaram eventos pelo Paraná e em São Paulo e seguem informando sobre temas como estilo próprio, consumo consciente, sustentabilidade, autoestima e autoconhecimento. As duas cursam MBA na USP/Esalq para aprimorar os conhecimentos em marketing digital e gestão de negócios e também têm uma linha de produtos sustentáveis que podem ser encontrados no site www.elo7.com.br/lojadesavesso.

 

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