Em visita a Ponta Grossa, na manhã de quarta-feira (1°), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobrevoou toda a extensão que compõe a região do Parque Nacional dos Campos Gerais. Salles também se reuniu com ruralistas e produtores de terras da região.
A visita foi a convite da deputada federal Aline Sleutjes (PSD), autora do ofício (022/2019) onde solicita a revogação do decreto de 23 de março de 2006, em que estabelece a criação do Parque Nacional dos Campos Gerais. Na ocasião, o ministro propôs a elaboração de um novo estudo referente à toda área que compõe o parque.
Além dos produtores, o encontro também contou com a presença do secretário estadual de Meio Ambiente, Márcio Nunes; do secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara; prefeito Marcelo Rangel; e representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).
Durante a reunião, os produtores apresentaram o impacto que o decreto de criação teria gerado às suas atividades. O pedido dos produtores, que está na carta enviada ao ministro, lista não só as restrições, mas também qualquer alteração e qualquer sugestão que o Ministério possa ter para resolver e solucionar a situação do Parque Nacional, sem causar danos ao meio ambiente.
Para a deputada Aline, é preciso levar em consideração que na região dos Campos Gerais nunca houve extrativismo. "São áreas onde as pessoas fizeram uso de plantio direto, produção de soja, leite, mineração e tudo isso com respeito ao meio ambiente. E se estas áreas hoje estão preservadas é por conta da responsabilidade destes produtores", explica.
Sleutjes explica ainda que quando quando um parque é decretado, não há mais possibilidade de moradias, produção e exploração do turismo na região. "E isso é algo que não aconteceu. Mesmo que haja o decreto, os produtores continuam produzindo e os pontos turísticos, à exemplo do Buraco do Padre, continuam sendo explorados", diz.
Revogação
De acordo com a deputada, o ofício em que solicita a revogação não pede para acabar com a área conservada. "Muito pelo contrário, o documento pede para que o ministro verifique uma possibilidade de adequação do critério de criação do Parque Nacional. Uma nomenclatura que seja responsável por manter a área de preservação intacta, pensando ainda na agricultura como uma forma sustentável, visto que todas as propriedades estão regulamentadas pelas legislações ambientais", explanou.
A vinda de Ricardo Salles, de acordo com Aline, garantiu que um novo estudo será feito para verificar as áreas que teriam sido impactadas. "Com este novo estudo, teremos a confiabilidade de manter o que deve ser preservado e verificar locais que precisem ser desvinculados. Por isso, através dos mapeamentos, conversas e estudos realizados pelo ministro, nós aguardamos o próximo passo que será a realização do levantamento de toda a área", comentou Aline.
Ricardo Salles também esteve em Curitiba, na última terça-feira (30), e na ocasião comentou sobre a situação do Parque Nacional. "Quando você cria uma Unidade de Conservação, imediatamente impacta os proprietários e, consequetemente, a própria dinâmica da economia no entorno destas cidades. É um componente fundamental da sustentação destas políticas levar em consideração os impactos nesta delimitação", garantiu.
Produtores
Para o presidente do Sindicato Rural de Ponta Grossa, Gustavo Ribas Netto, foi de extrema importância mostrar ao ministro todas as áreas produtivas que estão dentro do parque.
"O nosso principal ativo é a terra e a água e para nós foi muito satisfatório oportunizar a ele toda esta realidade. E, para nós, ficou ainda mais claro que precisa haver uma revisão no decreto, justamente porque o Parque Nacional é totalmente reservado e, por outro lado, estamos com muitas dificuldades agrícolas. Só tem nos trazido impactos negativos, visto que os positivos nós já fazemos que é a sustentabilidade", finaliza Gustavo.
