Garota reservada, apegada aos mais próximos e de bom coração. São as lembranças que a família Brecailo vai guardar de Evellyn Cauane. Quis o destino que a adolescente que desejava cursar Veterinária ou Direito se despedisse precocemente aos 14 anos de idade. Segundo familiares, uma suspeita de meningite se confirmou e levou a jovem nesta semana após quase dois meses de luta em Ponta Grossa.
Dor imensurável para a mãe Giselli, que vai passar o Dia das Mães com as recordações da filha mais velha e ao lado de Ágata, de 10 anos. Para Giselli, a batalha de ser mãe nunca foi simples. Evellyn é a terceira filha que ela perde. Há 15 anos, antes de ter a primogênita, perdeu um nenê aos três meses de gravidez e uma menina que nasceu com complicações e não resistiu.
De origem humilde e residindo no Parque do Café só com o marido e com a filha, é uma mãe que atua como vendedora autônoma e que agora sofre, mas que vai reunir as forças do luto para a criação de Ágata. A menina de 10 anos tinha na irmã uma companheira. Familiares e amigos testemunharam o sofrimento da mais nova durante o período em que Evellyn esteve internada.
As duas estavam matriculadas atualmente no Colégio Estadual Padre Carlos Zelesny, do Sabará. A instituição de ensino lamentou a partida tão cedo da aluna. “Nos solidarizamos com a família através das nossas orações. Nos resta ficar com a lembrança da sua presença e alegria”, publicou.
Pai deixou emprego de lado
Por trás da despedida de Evellyn também há um pai: César Ricardo Brecailo. Alcançando a casa dos 40 anos, o sofrimento por ver a filha em um estado de saúde que se agravava o fez tomar uma dura decisão. Ele largou o emprego de motorista em uma empresa de Usinagem Industrial do bairro Chapada. Não tinha forças para o trabalho e se dedicou à filha até a despedida.
Os familiares acreditam que vai demorar algum tempo para que ele retome a rotina e vá em busca de um novo emprego. “Ele está muito arrasado”, comenta uma sobrinha de César.
Quadro da adolescente se agravou há um mês
A batalha dos pais pela saúde de Evellyn começou nas últimas semanas de março, quando a estudante começou a sentir fortes dores de cabeça e a vista escurecida. Giselli e César a levaram cerca de três vezes na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas as avaliações iniciais não apresentavam diagnóstico grave. Até que a adolescente sofreu uma convulsão e teve paralisia em parte do corpo, conforme relatam familiares.
Na segunda quinzena de abril, Evellyn já se apresentava em estado delicado. Amigos e colegas, provando o quanto a menina era querida, postavam pedidos de oração pela vida da jovem. Os relatos eram de que o pai e a mãe já não sabiam a quem recorrer. De acordo com uma prima, por volta de 19 de abril, os médicos mencionaram a meningite. Ela não sabe precisar qual tipo da doença acometeu a adolescente.
Nesta quinta-feira (6), o Hospital do Coração Bom Jesus comunicou aos pais a notícia que não se queria ouvir. Evellyn não resistiu, deixando os pais, a irmã, as três melhores amigas e demais familiares. As últimas homenagens aconteceram na madrugada de quinta para sexta na Capela Municipal São José e o corpo da jovem foi sepultado pela manhã no Cemitério da Chapada.
“Uma grande mulher”
A perda precoce de Evellyn Cauane Brecailo, apesar da tristeza, deixa as lembranças em quem conviveu com a garota. A prima Anna Beatriz, apenas um ano mais velha e que também estudava no Colégio Padre Carlos, descreve. “Uma menina com um coração bom. Ela gostava de fazer o bem. Ela era mais tímida, mas tinha três melhores amigas. Elas comentaram comigo que a Evellyn queria fazer Veterinária ou Direito”.
Os sonhos da adolescente agora ficam como espelho para quem é da mesma geração, caso da própria Anna Beatriz. “Ela se esforçava muito nos estudos. Sempre corria atrás das atividades da escola. Evellyn queria ser uma grande mulher no futuro”.