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Médico cubano que ficou na cidade passa por dificuldades

O médico Luis Alexis Velazquez de 51 anos, embarcou para o Brasil há 5 anos, em 2013, para fazer parte do programa do governo chamado Mais Médicos. Luis foi o primeiro médico cubano a chegar em Ponta Grossa, atuando na Unidade de Saúde Horácio Dropa, no bairro Cará-Cará. Ele trabalhou sozinho por 3 meses até que outros médicos começaram a chegar na cidade.

Antes de vir ao Brasil, o médico participou de missões no Haiti, Paquistão, Angola e também na Venezuela, onde conheceu sua esposa, Maritza Chivico. O casal viu no programa, além de uma estabilidade financeira, um bom lugar para se viver e formar uma família. Sonho que veio a acontecer em 2016, quando tiveram seu primeiro filho. Como o filho do casal nasceu no Brasil, eles procuraram por todos os meios legais para que ele fosse naturalizado brasileiro, e depois de acordos com o governo de Cuba, conseguiram a naturalização e com ela a residência permanente da família no Brasil.

O que a família não esperava era que Cuba retirasse seus médicos do programa, devido a críticas do atual presidente Jair Bolsonaro. O fato aconteceu em novembro de 2018, e desde então Luis está desempregado. Ele explica que não tem como voltar para seu país por falta de dinheiro e pelas condições atuais dos mesmos "eu já pensei em voltar, tanto Cuba e Venezuela estão passando por momentos difíceis, não seria seguro lá".

Luis conta que depois que o programa acabou ele vive da caridade de 1 amigo e de alguns serviços de massagem que realiza em casa. Segundo Luis, que mora em uma casa alugada, ele tem sorte do dono ter muita consideração por ele, “já cortaram a luz, já cortaram a água, temos sorte que o dono da casa nos da chances de pagar o aluguel atrasado”.

O médico conta ainda que já enviou vários currículos em farmácias e em todos os tipo de empresas e negócios, “Quando digo que sou médico as pessoas dizem: mas você é médico como que vai trabalhar de vendedor! Mas eu faço qualquer coisa, eu tenho que sustentar minha família”. O dinheiro máximo que Luis consegue durante o mês é R$ 30, e é com essa quantia que ele precisa pagar as contas e alimentar a família, seu filho ainda usa fraldas, o que aumenta os gastos. “É muito difícil ir no mercado, chegar no caixa e ter que deixar coisas porque o dinheiro não deu ou ver meu filho querer algo e eu não poder dar”.

Ele é formado há mais de 30 anos, e se diz médico de coração, “não tem algo que me dê mais emoção e energia do que atuar como médico. Mas no momento eu preciso pensar na minha família”. Luis está a procura de emprego em qualquer área, mas ainda espera que o Governo Federal faça algo a respeito dos médicos cubanos que ficaram no país, como a revalidação do diploma (que ainda não foi permitido pelo Governo), para que eles possam atuar como médicos em outras instituições, ou abrir vagas para que eles possam participar novamente do programa Mais Médicos. “Eu sou só 1 dos mais de 2 mil médicos cubanos que ficaram por algum motivo no país. O governo precisa assistir por nós” finaliza Luis.

Outros casos

Dos 80 médicos que atuavam no programa Mais Médicos em Ponta Grossa, 60 eram cubanos. Muitos desses trouxeram a família para morar na cidade, e não voltaram para o país após o fim do acordo entre os países. Agora eles passam por dificuldades para arranjar emprego e sustentar a família aqui.

 

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