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Imigrantes escolhem PG para reconstruir suas vidas

Ponta Grossa vem apresentando um crescimento importante nos últimos anos, seja nos aspectos econômico, geográfico e populacional. Isso vem atraindo também pessoas de outros países que, por um motivo ou outro, acabam escolhendo o município como destino ou lugar para reconstruir suas vidas.

Érica Francine Pilarski Clarindo, assistente social da Caritas Diocesana, em Ponta Grossa, ouve diversas histórias contadas por essas pessoas. São narrativas de quem precisou deixar sua terra natal em busca de um novo país, e uma nova cidade, onde poderiam cultivar seus sonhos.

“A Caritas Diocesana é um organismo da igreja católica, que tem como uma de suas atividades o serviço de acolhida de imigrantes. Quando chegam, normalmente eles vêm até nós por indicação da Polícia Federal, ou porque já conhecem a Caritas de outro lugar”, explica. O mais comum são dúvidas sobre documentação e regularização sobre a permanência no Brasil.

“Ajudamos no preenchimento de formulários, solicitando autorização de residência ou refúgio, e colaboramos com o pagamento de algumas traduções juramentadas”, diz Érica. Os imigrantes têm, em solo brasileiro, os mesmo direitos que os nascidos no país, revela. A maioria dos estrangeiros atendidos pela Caritas é da Bengala (subcontinente indiano), Venezuela e Haiti. Mas senegaleses, cubanos, chineses, sírios, libaneses e marroquinos também compõem essa população.

Houve um crescimento significativo de imigrantes no último ano. Eles eram 180 em 2018, e passaram de 300 em 2019. O principal motivo para o aumento seria a presença de venezuelanos. “Eles começaram a chegar no Paraná e em Ponta Grossa no final do ano passado”, conta Érica.

Rodas de conversas em encontros pré-agendados servem para fornecer informações aos estrangeiros, e conhecer suas histórias de vida, muito ricas e que, por vezes, revelam uma trajetória de desafios e sofrimento.

 

Após terremoto

Jean Woody Dantes, 29 anos, chegou em Ponta Grossa há cinco anos. Um terremoto havia devastado o Haiti. Sem emprego e sem oportunidades ele, que estudava engenharia civil, percebeu que precisaria deixar o país. A mãe dele soube de um conhecido que havia viajado e se estabelecido em Ponta Grossa, Paraná, Brasil. Parecia haver boas oportunidades nessa cidade. Jean veio para cá também, com a ajuda da embaixada. “Aqui o impacto cultural foi muito grande. O idioma foi a primeira dificuldade. Precisei usar aplicativo para aprender o português, porque eu não conhecia nem os endereços e as pessoas fugiam quando eu ia perguntar. Não sei se por medo, ou preconceito”, conta. Jean agora trabalha em uma farmácia e está finalizando os trâmites para se casar no Brasil, com sua namorada que também veio do Haiti.

Jean: “Estou formando família aqui” (C?edito: Fábio Matavelli)

Entre edifícios e kitinetes

Qais Al-Helou, 29 anos, tem admiração pelos edifícios brasileiros. Ele é mestre em arquitetura e sabe reconhecer um prédio com design bonito quando vê um. Mas, está em Ponta Grossa há cerca de seis meses, e precisa vender comida árabe para seu sustento. Nem sempre as vendas são boas. Devido à guerra civil, Qais deixou sua terra natal, a Síria, e foi viver um tempo no Líbano. Depois veio para o Brasil, primeiro em Imbituva, de onde seguiu até Ponta Grossa.

“Outros imigrantes que também estiveram em Imbituva vieram para Ponta Grossa, e disseram haver oportunidades”, lembra. Qais agora luta para revalidar seu diploma e poder atuar em sua profissão no Brasil. Por enquanto, ele vive em uma kitinete nos fundos de um imóvel da avenida Visconde de Taunay, onde conversa com a família por Whatsapp e aprende um pouco mais do idioma português com a ajuda do dicionário. “Domino bem o inglês, e essa está sendo minha base para aprender o novo idioma”, diz.

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