O Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HU), em Ponta Grossa, desativou nesta semana nove dos 34 leitos de enfermaria da Ala Covid. A redução de leitos destinada a pacientes com covid-19 teve início na segunda-feira (16), e foi autorizada pela Secretaria de Estado de Saúde (Sesa-PR), a pedido do hospital.
O HU já havia solicitado remanejamento dos leitos no último dia 6. De acordo com a assessoria de imprensa da Sesa-PR, “o hospital alegou necessidade destes leitos para realização de cirurgias eletivas e regularização de fluxo interno”.
A Sesa-PR vem realizado a desativação de leitos de covid-19 desde 1º de setembro. Em todo o estado, 232 leitos de UTI e 447 de enfermaria já tiveram seu uso remanejado desde então. No entanto, especificamente no caso de Ponta Grossa, a secretaria informou que não havia previsão de desativar leitos de covid-19.
Uma deliberação (143/2020) da Comissão Intergestores Bipartite do Paraná (CIB-PR), composta pela Sesa e pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde, estabelece os critérios técnicos para a desativação dos leitos. A normativa, datada de 3 de setembro, detalha que “a desativação de leitos exclusivo para covid-19 só ocorre caso a ocupação em período de 7 dias esteja abaixo de 40% na macrorregião, até atingir ocupação de 50% também na macrorregião”.
No entanto, a Macrorregião Leste (na qual está incluído o município de Ponta Grossa) não apresentou, na categoria enfermaria, taxa de ocupação inferior a 44%. Isso não ocorreu no período de 7 dias, nem no período dos últimos 14 dias, durante os quais a região teve mais alta taxa de ocupação de leitos de enfermaria. Nessa terça-feira, segundo dados do boletim oficial da Sesa-PR, a taxa chegou a 62%. É a maior dos últimos 30 dias, e a maior, no momento, entre as cinco macrorregiões do estado. Antes da desativação de leitos no HU, a taxa era de 51%.
O que diz o HU
A reportagem do Diário dos Campos e portal dcmais questionou o HU a respeito da normativa, e do remanejamento de leitos. As respostas foram enviadas pela assessoria de imprensa da Universidade Estadual de Ponta Grossa, que administra a instituição:
DC: O HU tem conhecimento de que a macrorregião na qual está inserido possui taxa de ocupação superior a 40%? Por que ocorreu a redução mesmo assim?
HU: A ocupação do Hospital Universitário é acompanhada pela Sesa, que avalia a taxa de ocupação no HU e em outras unidades da rede de saúde. Com base nesta avaliação, autoriza a abertura ou o fechamento de leitos. Este protocolo garante que nenhum paciente Covid fique sem atendimento em todo o Paraná e, consequentemente, isso inclui a Macrorregião Leste.
DC: A direção do HU e a Sesa-PR preveem a volta ao uso dos leitos que acabam de ser desativados?
HU: Até o momento, não, porque esta decisão ocorre de forma coordenada entre HU e Sesa, a depender da ocupação. Se houver necessidade, as vagas poderão ser reabertas, conforme demanda da Sesa. Este processo contínuo e ágil garante que nenhum paciente Covid fique sem atendimento no Paraná.
DC: Uma das justificativas para desativar leitos da covid-19 é para o uso em outras doenças, inclusive para cirurgias eletivas. O HU já retomou as cirurgias eletivas? Os leitos retirados da Ala Covid já começaram a ser usados? Quando devem entrar em uso?
HU: O processo de retomada das cirurgias foi iniciado. Os leitos estão sendo remanejados, a depender das altas de pacientes da ala Covid, da avaliação diária da ocupação e da agenda de cirurgias eletivas.