em

Grasito, o torcedor que espiava o Operário jogar sobre uma mobilete, é homenageado

Foto: Walter Téle Menechino / Arquivo DC

Walter Téle Menechino

Aquele torcedor solitário que ficava sobre uma velha mobilete encostada no muro do Germano Krüger, vazio devido à pandemia, espiando aos jogos do Operário, morreu. Foi vítima dessa praga batizada covid. Triste notícia, que não consola a homenagem de 1 minuto de silêncio na partida do Operário neste domingo (28), a primeira do Paranaense 2021.

Grasito Klososki tinha 76 anos, era açougueiro aposentado e nascido em Ponta Grossa. Deixou esposa e três filhas. Peço licença para um testemunho pessoal. O estádio fica no caminho que faço todas as noites do jornal para casa e, uma noite aquela figura na ponta dos pés sobre uma motinha me chamou a atenção. Foi no ano passado, quando o campeonato foi retomado. Naquele dia, o estádio vazio estava iluminado.

Parei, esperei o intervalo do jogo – ele se negou a falar antes – e conversei com Grasito. Me disse que desde criança torcia para o Fantasma e, sobre o jogo que via, criticou a marcação de um dos laterais do seu time de coração. (E não é que o gol que levou o Operário à derrota naquela noite, por 2 a 1, foi justamente no flanco aberto indicado por Grasito). Não lembro do adversário.

Grasito faleceu no dia 31 de janeiro, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Santa Paula, mas só neste domingo (28), com a informação sobre a homenagem que o time da sua vida vai fazer, entendi porque há tempos não via o torcedor solitário se equilibrando sobre um banquinho de madeira que, depois de algum tempo, acabou encaixando ao banco da motoca, para ter um pouco mais de visão e de conforto, que o céu há de provir.

Aqui uma das matérias publicadas sobre Grasito.

Grasito fala durante intervalo do jogo / Foto Walter Téle Menechino

Participe do grupo e receba as principais notícias da sua região na palma da sua mão.

Entre no grupo Ao entrar você está ciente e de acordo com os termos de uso e privacidade do WhatsApp.