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Gadini prioriza ações de baixo custo para a Prefeitura de PG

Candidato do PSOL deu continuidade à série de entrevistas do DC e dcmais

Foto: José Aldinan de Oliveira

A série de entrevistas ao vivo do portal dcmais e do jornal Diário dos Campos com os candidatos à Prefeitura de Ponta Grossa teve continuidade nesta terça-feira (29) com o Professor Gadini, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Postulante pela segunda vez ao comando do município – a primeira em 2016, o professor universitário comentou o plano de governo, tirou dúvidas sobre questões que permeiam o cotidiano da população e respondeu perguntas de entidades relevantes do município.

Sérgio Luiz Gadini nasceu em Ronda Alta (RS), tem 53 anos, é casado, possui ensino superior completo e está em chapa ‘pura’ do PSOL. O vice é o também professor Lineu Kieras.

Gadini está em Ponta Grossa desde 1996, quando chegou ao município para lecionar na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Ele é concursado na instituição e participa ativamente de movimentos sociais.

Questões do DC

Por que quer ser o próximo prefeito de Ponta Grossa?

“Satisfação de dizer que, com a aceitação do PSOL de forma unânime e consensual, eu me coloco à disposição para administrar a cidade de Ponta Grossa com base em um programa de governo fruto de algumas ações que dão certo na cidade. No fundo, qual a função do gestor público? É resolver os problemas centrais que envolvem serviços essenciais e, nos casos em que já há uma terceirização/concessão, o poder público tem a função básica de garantir fiscalização. Temos um diagnóstico socioeconômico e humanístico de Ponta Grossa que assegura propostas muito concretas e simples para resolver problemas. Vim para a cidade como professor concursado da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E, como sou professor de carreira, numa eventual eleição, não preciso do salário de prefeito. Política é e deve ser um serviço de dedicação e comunitário à disposição da comunidade. Quero fazer na Prefeitura o que eu faço nos movimentos sociais”.

Em 2016, o candidato fez 12.214 votos – quase 7% do total. Porém, essa porcentagem foi menor do que a de votos nulos. Quais são as expectativas de voto para este pleito em 2020?

“Eu, particularmente, não estou só convencido de que temos o plano de governo mais ‘pés no chão’ como também a campanha mais barata entre todos os concorrentes. Temos a menor estrutura de mídia e produção, e o menor horário eleitoral. Nestas modestas e reais condições, vamos construir um plano básico estrutural com 50 propostas para mudar de verdade. Nós temos uma chapa com 24 nomes de candidatos e candidatas a vereador, e apostamos na eleição deles não apenas por crença. Eu, portanto, faço parte de um projeto coletivo com a certeza de que, mesmo com limitações, vamos avançar. O cálculo de comparar com votos nulos e brancos, se você fizer isso, você fecha o país e transforma tudo numa ditadura. Hoje se fez da política um negócio para meia dúzia ganhar muito dinheiro. Só precisam dos pobres na hora do voto e aí é claro que as pessoas desacreditam da política. Diferente dos outros, não vamos usar a política para ganhar dinheiro. A partir de 2021, o mandato do PSOL na Câmara Municipal de Ponta Grossa vai fazer a diferença e mostrar que o legislativo tem que fiscalizar o executivo. A bancada do PSOL é a mais combativa, mas com trabalho e proposta. É o que vamos fazer em Ponta Grossa. Somos o diferencial político e não vamos fazer nada do que essa gente fez ao longo das últimas décadas em Ponta Grossa e no país de forma geral. Esses velhos partidos enriquecem empreiteiras e bancos. Para nós do PSOL, política é serviço comunitário e vamos fazer de Ponta Grossa uma cidade solidária”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Ponta Grossa tem atualmente 338 cargos comissionados e, no total, são 8.946 servidores concursados. Qual a proposta do candidato para alocação desses funcionários?

“Eu desafio os concorrentes nesse processo eleitoral para que assumam o fim da farra que é o cargo comissionado em Ponta Grossa. É uma vergonha, gente. A cidade de Ponta Grossa tem a maior média proporcional, o maior gasto e o maior número de comissionados. É uma farra. Compare com Cascavel, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Curitiba, que são as maiores cidades do estado, nós temos a maior média e número de comissionados. Isso se chama má gestão. É mau uso do dinheiro público. É preciso ter responsabilidade. Primeiro ponto: o Sindicato dos Servidores tem uma proposta que é cortar, no mínimo, 60% dos cargos comissionados. Nesta proposta, a economia seria em média de R$ 1 mi ao mês. Seria cortar de 180 a 200. E ainda assim teríamos a maior média do estado. Não é vergonhoso? Se aumentou gradualmente os cargos comissionados nas últimas décadas. Ah… mas tem funções diretivas importantes. Mas boa parte dessa gente está neste momento nas redes sociais atacando outras candidaturas. Estão usando a máquina. É um direito ser comissionado? Pois, sim. Mas precisa de tanto assim? Precisa desse exército de mão-de-obra à disposição do prefeito para ficar rezando cartilha? Não. O PSOL não vai permitir isso. Vamos fazer concurso público para servidor. Eu sou professor concursado e ninguém me nomeou porque gostou da minha simpatia ou porque eu torcia para o mesmo clube dele. Concurso público é respeito ao dinheiro. A segunda proposta do Sindicato que nós vamos seguir é de que pelo menos metade do restante dos cargos será ocupada por servidores efetivos da administração, que conhecem a gestão pública e vivem o cotidiano da cidade. Isso reduz o uso da máquina pública. Tem setores que só há comissionados aqui na cidade, gente. Manter um cabidão de empregos na Prefeitura não é só desta atual gestão, vem das últimas seis gestões”.

Na sua proposta há previsão de cortar as funções gratificadas?

“Os últimos prefeitos e o atual ficam nomeando até onde dá. Nós temos um compromisso e vamos trazer os indicadores para quem paga a conta. Temos um retrato organizadíssimo da farra dos cargos comissionados em Ponta Grossa. E nós vamos acabar com isso. Não vamos desrespeitar nenhum trabalhador, mas fazer valer cada centavo com a não nomeação de cargos comissionados. Será o mínimo do mínimo. Hoje está faltando médico nas Unidades Básicas de Saúde, faltando até auxiliar de enfermagem, e nós vamos nomear comissionados para ficar onde? No Palácio da Ronda? Quem quiser trabalhar com a gente de forma voluntária, colaborativa, vem com a gente”.

Entre uma das suas propostas está o tarifa zero no transporte público. No que a sua proposta se difere da proposta que já foi apresentada na cidade pelo atual prefeito?

“O atual governo pegou um modelo que transferia o pagamento para um único setor. No plano do PSOL, temos o contrato para refazer em 2022. Os fatídicos 20 anos de uma gestão privada sem fiscalização. Qual a nossa referência? Vamos incluir isso no contrato. Eu já andei em cidades em que é possível ver tarifa zero. Como isso é feito? É gradual. Ninguém vai de uma hora para outra abrir roleta ou catraca. Por exemplo, temos 50 mil pessoas no CadÚnico em Ponta Grossa. Temos que pensar em inclusão de parte destas pessoas de forma gradual. Não é de uma hora para outra. Se ligar na AMTT agora, eles não sabem quantas pessoas andam de transporte coletivo, pois o atual contrato deixou as pessoas reféns do gestor. E o poder público lavou as mãos desde 2002, quando esse contrato foi assinado. Como fazer um diagnóstico concreto do transporte se a gente não sabe números do serviço? O ponto de partida do tarifa zero é rever o contrato. O atual contrato é uma vergonha. Tem documento que mostra textualmente que a planilha assegura lucro líquido, desrespeitando os pobres e todos nós que pagamos a conta. O transporte virou uma lenda urbana nesta cidade. Se promete a cada quatro anos e não se faz nada. E não dá para culpar a empresa. Tem que culpar o administrador da cidade que assinou e o outro que renovou. O PSOL quer mudar de verdade. Como implantar a tarifa? Tem que ser gradual, incluindo aos poucos os autônomos, as pessoas sem vínculos empregatícios, das pessoas que precisam dos programas emergenciais. Essa inclusão gradual significa pensar que é preciso elaborar um plano. Retirando os vícios desse contrato, nós podemos fazer isso em um novo contrato. O nosso projeto de tarifa zero é modesto, mas é factível, pois vislumbra fontes para custear o sistema. E, quando valorizamos o transporte público, a gente tira carros da rua. Com essa precariedade do sistema de transporte atual, não é por acaso que caiu o número de usuários”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Questões de entidades

Sandra Queiroz – diretora da ACIPG: Como a sua gestão irá trabalhar com inovação tecnológica?

“Dois exemplos para pensarmos: sabe quanto Ponta Grossa investiu no projeto de Plano Diretor que está na Câmara? Cerca de R$ 1,5 milhão com uma empresa. Qual seria a saída para economizar com esse negócio? Nós temos escolas de Engenharia e Arquitetura na cidade. Custa reunir e pensar concretamente em alternativas de parcerias? O segundo exemplo é mais gritante porque transferiu dinheiro do caixa público para empresa privada. O sistema Estar. Em grande parte do mundo você estaciona com o celular. Perfeito. Mas quem disse que a Prefeitura deveria pagar tanto por esse contrato? O que é fazer um aplicativo? Convida os estudantes dos nossos cursos de Engenharia, de Computação e vamos sentar com algumas horas, algumas semanas de pesquisa talvez, alguns meses de estudo, mas vamos fazer isso a um baixo custo. O Estar Digital não deveria ser mantido desta forma. Ele daria lucro se fosse uma criação tecnológica das nossas escolas. O terceiro exemplo é a falta de transparência na gestão do transporte público de Ponta Grossa. Como resolver isso? O serviço de transparência precisa colocar os dados à disposição da população. Se você quiser saber hoje quantas pessoas usaram o transporte coletivo de Ponta Grossa ontem ou na última semana, sabe onde vai conseguir? Tem que pedir para o gestor. Por quê? Porque não tem fiscalização e nem sequer um aplicativo que integra o sistema e transfere essa informação à disposição. Nós temos pessoas com conhecimento em nossas faculdades. São oito instituições de ensino superior e várias delas com pesquisas tecnológicas. Por que os gestores não usam isso? A nossa proposta concreta é dizer que não vamos privatizar nenhum serviço. Não vamos pagar um centavo a mais do que seria possível. Vamos fazer parcerias e convênios. Você convida quem tem conhecimento, quem está experimentando, quem está aprendendo para pensar com a gente os problemas da cidade. Serviço público não precisa dar lucro”.

Leonardo Bernardi – Conselho de Desenvolvimento Econômico: qual a estratégia para atração de novos investimentos industriais e de centros de distribuição?

“Essa promessa de grandes indústrias virou uma lenda. A maioria das grandes cidades disputa indústrias reduzindo imposto, dando vantagem, dando terreno, dando uma série de vantagens que os ‘pequenos’ não possuem. A pretexto de trazer investimento, você desonera o caixa e cria indicadores de custo para a cidade, mas não beneficia quem está no bairro mantendo um empreendimento. É preciso buscar alternativas. A nossa proposta é incentivar a criação de um banco comunitário. Como funciona? Com uma gestão baixa de custo, você possibilita que valores baixos sejam repassados a centenas de pessoas que precisam de dinheiro de banco a juro praticamente zero. Ou seja, não se trata de só abrir um banner para chamar empresas de fora. Vamos valorizar o que tem aqui. O ponto de partida é o banco comunitário. É isso o que chamamos de desenvolvimento socioeconômico solidário. A política de trazer indústrias de fora não é prioritária, pois ela onera muito mais. O custo de geração de um emprego através desse modelo é caro. Tem que abrir uma planilha e colocar o custo para a cidade disso. Nós não vamos destruir esse modelo, mas ele não é prioridade em nossa leitura. A nossa prioridade é incentivo aos micros, pequenos e trabalhadores autônomos através de iniciativas. O camarada que está lá no bairro dele gerando cinco, três empregos está descentralizando a economia. Descentralizar a economia é uma das funções do prefeito. Não vamos abrir mão desse modelo de convidar empresas, motivar empreendimentos de fora da cidade, mas não é prioridade nossa, pois sabemos que isso tem um custo que não é embutido e nem dito. Pensar desenvolvimento socioeconômico inclusivo e solidário é mais difícil, mas dá mais resultado. O mundo prova isso”.

Foto: José Aldinan de Oliveira

Elídio Macedo – Conselho de Segurança: na sua gestão, quais os investimentos que pretende fazer na área de segurança pública?

“Setores carentes esperam investimento, mas não há dinheiro. Parte vamos conseguir. Mas falando de segurança nos bairros de Ponta Grossa, não se pode pensar sozinho. A primeira responsabilidade de segurança neste país é do governo do estado. Não dá para isolar e aliviar a barra do governo do estado. Então não dá para jogar toda a responsabilidade sobre a Guarda Municipal. Isso é no Brasil todo, é constitucional. Agora, claro, o modelo de Guarda Municipal avançou em todo o país sem dúvida e tem um negócio importante que é o conceito de polícia comunitária, exercendo o papel de segurança patrimonial. Isso é importantíssimo. Os grandes bairros precisam de políticas sociais que não tenham só o nome de segurança e repressão. Precisam ter o nome de desenvolvimento socioeconômico educacional. Ocupar mais essa gurizada dos bairros associando educação com a estrutura das quadras e ginásios dos bairros. Isso não tem custo. Só precisa de cérebro e boa vontade política, que é conversar com os nossos colegas das Universidades, pensando a inclusão de pré-adolescentes dos diferentes bairros em atividades e modalidades esportivas. É um processo coletivo. A segurança então está associada à indução e inclusão de jovens em programas de educação, esporte e cultura. Não vai resolver em quatro anos, mas nós vamos dar um passo importantíssimo para mudar de verdade essa realidade. Isso pode ser implantado já e, quem passou pela escola sabe, a educação e a formação de cidadania possuem um processo gradual. Temos que pensar nas próximas gerações. Esse modelo de excluir a maioria da população focado na repressão é o pior dos mundos. O PSOL não faz isso e nunca vai fazer”.

Considerações finais

“Eu estou preparado, disposto e, acima de tudo, muito crítico em relação aos problemas de Ponta Grossa. Eu conversei ao longo dos últimos anos com milhares de pessoas que vivem e enfrentam os problemas de Ponta Grossa. Esses problemas podem ser resolvidos de forma mais simples. Quero ser o teu prefeito para abrir a caixa-preta do esquema de serviços públicos que dão lucro para meia dúzia de pessoas. Quero ser prefeito para que a cidade não seja mais referência negativa e pejorativa como é. Na gestão do PSOL não vai ter essa herança maldita que essa gente deixou nos últimos anos. Se você jogar na internet ‘Ponta Grossa’ tem banheiro transparente, desvio no Mercado da Família, uma escada rolante que poucas vezes funcionou, tem um monumento fantástico que criaram caríssimo, tem desvio na Câmara de Vereadores, tem uma rotatória que custa R$ 1 milhão. Vem com a gente, vamos conversar sobre uma cidade solidária. O projeto do PSOL tem ações muito simples e concretas. Será feito com você, tua participação, com a tua crítica. Vamos assumir a transparência, a defesa dos serviços públicos, não vamos privatizar nenhum serviço e esta cidade solidária será construída com o teu apoio. Vamos mudar de verdade”.

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