A fila de espera por consulta com especialistas aumentou em aproximadamente 25% nos últimos quatro anos em Ponta Grossa. Isso é que demonstram os números de um levantamento feito pela Prefeitura, a pedido do Diário dos Campos. Segundo as estatísticas, atualmente há pouco mais de 25,2 mil pessoas na fila de espera, aguardando pelo atedimento com uma das 28 especialidades médicas ofertadas pelo SUS no sistema municipal de saúde. Em 2014, o DC publicou reportagem que mostrava que a fila tinha cerca de 20 mil pessoas. Significa que, entre 2014 e 2018, houve o acréscimo de aproximadamente 5 mil pacientes na espera por um especialista.
A prefeitura explica que esse número oscila bastante e que, embora existam casos em que a demora é maior, também há situações em que os atendimento são relativamente ágeis. Cerca de 82% dessa fila está concentrada em seis especialidades: ortopedia, dermatologia, cardiologia, oftalmologia, neurologia e otorrinolaringologia. Enquanto isso, outras não possuem sequer fila de espera, como hematologia pediátrica, oncologia clínica e pneumologia clínica.
O secretário adjunto de gestão em saúde, Robson Xavier da Silva, explica que esse aumento na fila já era esperado, em virtude, principalmente, das melhorias no atendimento básico. “O município tem a atenção primária como sua principal e exclusiva responsabilidade, e ampliou esse atendimento. Em 2013 eram 37 equipes do programa Saúde da Família e 35 UBS. No ano seguinte havíamos dobrado o número de equipe do PSF, que hoje são 80, e as UBS já eram 54”, comenta. Para ele, isso deu oportunidade para que mais pessoas buscassem atendimento inicial, principalmente nas periferias, o que aumentou a fila também no outro extremo da saúde, nas especialidades.
Estratificação
Silva destaca que, embora o financiamento da Saúde Municipal seja tripartite (Município, Estado e União), os municípios tem bancado a maior parte dessa conta. Mesmo assim, algumas medidas estão sendo tomadas para amenizar o problema da fila de espera. Primeiro, as equipes foram capacitadas e deram início ao processo de estratificação dos pacientes em UBS, que consiste em categorizá-los em risco leve, moderado e grave, conforme orientação do Ministério da Saúde e Sesa. Isso permite o encaminhamento correto aos especialistas já que, segundo Silva, muitos casos eram encaminhados mesmo sem necessidade de consulta.
Tempo de espera
Vanderlei Marinho do Prado, 35 anos, é um dos exemplos da longa espera que algumas especialidades exigem. Ele consultou em UBS em dezembro de 2016 e, desde então, aguarda uma ligação para consultar com dermatologista e fazer exames. “Já faz um ano e meio que fui à UBS por causa de umas manchas que saíram na pele, uma pigmentação estranha. Tinha que fazer um exame mais detalhado, mas até hoje não me chamaram”, diz.
De outro lado, Iraídes da Silva de Freitas, 64 anos, conseguiu nessa terça-feira (3), levar a sua mãe, Maria do Carmo Pinheiro, 84 anos, para a consulta com outro especialista, em cardiologia. “Foram cerca de três meses para a consulta. Achamos que até não demorou tanto”, disse Iraídes. O tempo de espera varia conforme o nível de urgência em cada caso.
PG quer gestão plena em saúde
No município são realizados 56 exames de média e alta complexidade. Atualmente, cerca de 10 mil pessoas aguardam para a realização desses exames. O município de Ponta Grossa conta com um laboratório próprio que realiza exames laboratoriais básicos para diagnóstico. São realizados aproximadamente 5 mil exames por dia no local. O município estuda e já esta em processo de assumir gestão plena municipal de saúde, e assim implantar um Complexo Regulatório. Desta maneira terá autonomia de contratualizar a contratação de serviços da rede hospitalar e ambulatorial de média e alta complexidade, visando atender oportunamente seus usuários.
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(Foto: Fábio Matavelli)