O velório e o sepultamento de um jovem de 20 anos, que morreu em via pública por problemas cardíacos, causou alvoroço nas redes sociais em Ponta Grossa. O motivo foi o fato do caixão ser de papelão reciclado e aparentemente frágil. Sentindo-se humilhados, parentes reclamaram.
O corpo de Michael David da Silva Soares foi velado no domingo (8) na Capela São José e o enterro ocorreu no mesmo dia, no Cemitério São Vicente de Paula. O jovem era casado e deixou uma filha de apenas um ano e dois meses.
A Prefeitura de Ponta Grossa tem sete empresas conveniadas que fornecem caixões gratuitamente para famílias carentes cadastradas no CadÚnico. No caso, os serviços funerários foram prestados pela Funerária Rio Branco.
Familiares de Michael ficaram indignados: “Não esperávamos por isso. É uma grande humilhação e falta de respeito. Ele foi jogado igual bicho. Até ontem, o coração dele estava batendo e agora é tratado dessa forma”, disse uma prima do jovem falecido.
OUTRO LADO
O responsável pela funerária, Ivo Nei Czezacki, disse que o modelo do caixão usado no sepultamento do corpo de Michael David “é biodegradável, a parte de baixo é de madeira e as laterais e a tampa são feitos com um papelão especial, bastante resistente”. É feito fabricado em Ponta Grossa há cerca de cinco meses.
Segundo Ivo Nei, o material foi apresentado e aprovado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Disse que outras funerárias locais também estão comprando do novo modelo de caixão da fábrica, que já está fornecendo para todo o Brasil”.
Acrescentou que a funerária está encaminhando o modelo para corpos destinados à cremação. “É melhor que tenha menos pregos e metais, além disso traz uma redução de custo, pois quem fornece os caixões para as pessoas carentes são as funerárias cadastradas”.
No caso de Michael, ele observou que o caixão foi bastante resistente. “Ele estava bem inchado e, mesmo assim, o caixão foi solto com uma corda sem danificação alguma”. A reportagem tentou contato com a pessoas indicada como proprietária da fábrica, mas não recebeu retorno.
NOTIFICADA
A prefeitura informou que a funerária foi notificada para prestar esclarecimentos e que o caso será investigado, para saber se houve quebra de contrato. Conforme o convênio com as empresas fornecedoras, os caixões devem ter as seguintes características: “Urna simples, resistente sextavada, sem verniz, seis alças duras, caixa forrada com samilon ou plástico e quatro chavetas”.
Crime?
Procurada no final da manhã desta segunda-feira, a Polícia Civil informou que a família não registrou Boletim de Ocorrência e que, a princípio, “o caso está mais para a área Cível que Criminal”.
ENTERRO ECOLÓLIGO
Cemitérios e caixões ecológicos passaram a ser usados na Europa no início dos anos 2000 e estão cada dia mais comuns. Na França, por exemplo, já há um cemitério municipal, em Niort, idealizado para reduzir a poluição gerada pelo sepultamento. Os caixões devem ser obrigatoriamente de madeira não tratada, palha ou papelão e o sepultamento é direto na terra. Os materiais se decompõem mais rápido e não poluem. Nos EUA, por exemplo, tem produção artesanal de caixões à base de jornal reciclado.
Reportagem atualizada às 16:41