Aproximadamente 88 famílias que residem na Rua Sabiá, na Vila Real, em Ponta Grossa, podem ter que deixar suas casas às pressas. Uma notificação, entregue a alguns dos moradores no dia 1º de novembro, dá prazo de 30 dias para que deixem o local, sob pena de serem despejados. A carta, encaminhada pela empresa Rumo, que administra a malha ferroviária na região, coloca no papel um problema que os moradores já conhecem há tempos: aquela é uma área de invasão.
Ainda assim, a maioria das pessoas que mora naquele trecho está no mesmo endereço há décadas. Maria Casturina Cordeiro, 62 anos, e Maria Cláudia Cordeiro, 30 anos, são mãe e filha. Elas são duas das diversas marias que residem no local. Maria Casturina criou três filhos no imóvel onde vive há 30 anos, e que agora pedem que ela abandone. Fiquei muito nervosa quando recebi o papel. Eu estava sozinha em casa, mas não sei ler. Depois eu pedi para lerem para mim, conta a mulher que hoje tem na pensão do marido falecido a única fonte de renda para sustentar ela e outras três pessoas que sobrevivem sob o mesmo teto.
Nesta semana, um grupo de moradores realizou um protesto, chamando a atenção para o risco de acabarem na rua. Até o momento, poucos receberam a notificação, mas todos estão na mesma situação, instalados a poucos metros da ferrovia.
Nota da Rumo
Em nota, a Rumo informou que a medida visa garantir a segurança das pessoas, e manter o uso legal das áreas da União, que estão sob responsabilidade da Concessionária. A Companhia monitora as áreas ferroviárias sob sua responsabilidade e, para garantir a segurança da comunidade e da operação, adota as medidas cabíveis. Essas medidas incluem notificações extrajudiciais como as que estão sendo apresentadas na Vila Real, em Ponta Grossa (PR). Quando as áreas não são desocupadas, é necessário ajuizar ações de reintegração de posse em razão de sua obrigação legal e contratual de preservação da faixa de domínio da ferrovia.