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Família de Ponta Grossa diz que paciente teve duas contaminações de covid

Testes do paciente foram realizados em julho e outubro

Paciente está isolado em casa e só tem contato com a esposa. Foto: Arquivo Pessoal

Ponta Grossa tem um caso suspeito de segunda contaminação por coronavírus de um paciente. A situação é vivida por um homem de 46 anos. Em um período de quase três meses, ele teve dois exames RT-PCR positivos para a covid-19 e, entre eles, um teste de sangue não detectou anticorpos contra a doença. O portal dcmais teve acesso aos três resultados.

O paciente mora com a família em Uvaranas, no Parque dos Pinheiros. Depois do primeiro exame positivo, em julho, o homem ficou duas semanas afastado do convívio social e retomou as atividades profissionais após um teste rápido, feito em laboratório particular de Ponta Grossa. Esse resultou em ‘não detectável’ para anticorpos.

O teste rápido pelo qual o paciente passou é amplamente utilizado para confirmações da doença constantes no Boletim Oficial da Fundação Municipal de Saúde. Agora, 82 dias depois do primeiro exame RT-PCR, os sintomas voltaram mais fortes e o segundo exame realizado pelo mesmo método, popularmente conhecido como ‘exame do cotonete’, indicou novamente a presença do coronavírus.

“Ele não está nada bem. Tem muita dor e falta de ar”, conta a esposa. Até o momento o paciente não precisou de internação e o tratamento está sendo realizado com um conjunto de remédios. “Azitromicina, Dipirona, Paracetamol, Prednisona e Tamiflu. Acho que não está tendo resultado de melhora”, observa. A única orientação recebida pelos familiares é ir até a UPA em caso de piora.

Linha do tempo

No dia 21 de julho, após apresentar sintomas pela primeira vez, o paciente recebeu o resultado positivo do exame RT-PCR. A solicitação partiu da Unidade de Pronto Atendimento do Santa Paula (UPA).

Primeiro exame RT-PCR foi realizado por Claudinei em julho

Depois de 18 dias dos primeiros sintomas, a família – a pedido da empresa – solicitou um exame de sangue em laboratório particular da cidade a fim de liberar o paciente para retomada das atividades profissionais. A intenção era observar se ainda havia o risco de transmissão. O resultado foi ‘não detectável’ para os anticorpos e assim o homem retomou a rotina.

Duas semanas depois, exame de anticorpos deu como ‘não reagente’

Dois meses depois do exame de sangue, o homem voltou a apresentar sintomas da doença e novamente foi encaminhado às pressas para a UPA Santa Paula, que solicitou um novo teste RT-PCR. O teste deu positivo para coronavírus.

Há 11 dias, Claudinei voltou a sentir sintomas e positivou novamente no RT-PCR

Desde então o homem permanece isolado dentro de casa e só tem contato com a esposa, que não teve a doença. Ele só deixa o espaço para fazer uso do banheiro. Segundo a família, os sintomas da possível segunda contaminação estão mais fortes do que a primeira.

Sintomas

Em julho, o paciente teve falta de ar, dor de cabeça constante, tosse e coriza. Chegou a ter quadro de pneumonia. Foi tratado com Azitromicina, Prednisona e Dipirona.

Quase três meses depois os sintomas são falta de ar forte e constante fraqueza, dor nas articulações, dor de cabeça, perda de paladar e febre. Infiltrações nos pulmões também apareceram. Mais dois remédios foram adicionados ao ‘coquetel’ para administrar a doença.

“Até o fim dos 14 dias [em julho] estava bem melhor já. Ele continuou com uma dor, às vezes, quando fizia muito esforço. Tinha fadiga e dor de cabeça. Todo mundo falava que era sequela do vírus e que, aparentemente, não ficou mais 100%”, conta a esposa do paciente.

Como o paciente pegou o vírus?

A família crê que a primeira contaminação tenha ocorrido em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Um tio do paciente faleceu na cidade – não pelo vírus – e ele teve contato com alguns primos. Quase ao mesmo tempo, ele e os primos sentiram sintomas e positivaram para a covid-19. “Agora, na segunda [contaminação], não temos nem ideia”, explica a esposa.

Reinfecção é possível?

“Casos de nova infecção são raros”, observou uma especialista de Ponta Grossa ouvida pela reportagem. Existem somente cinco confirmados no mundo todo, mas relatos semelhantes ao do paciente ponta-grossense já foram vistos no país. “Há outras possibilidades que podem ser atestadas neste processo de dois exames positivados. Um deles é o resquício de vírus que permanece no corpo do paciente”, observou a especialista.

Acrescentou que “a covid tem sintomas tardios e complicações tardias como embolia pulmonar. Pode acontecer sem que haja a recontaminação. É muito perigoso falar em reinfecção. Podem ser outros vírus também. Muitos casos de provável reinfecção foram sinusite bacteriana, outra pneumonia, embolia pulmonar tardia. Antes de bater o martelo em reinfecção, tem que avaliar se não é complicação pós-covid ou outra doença”.

Além disso, os especialistas não descartam a possibilidade de falhas no resultado de testes realizados. “O RT-PCR pode ser falso positivo em 10-20% dos casos por contaminação da amostra. Pacientes tratados com as medicações podem ter pedaços de vírus em exame de RT-PCR no swab nasal e não significa reinfecção”.

No mundo, o primeiro caso de reinfecção foi confirmado somente em agosto por cientistas da Universidade de Hong Kong. Para confirmar uma reinfecção, o procedimento é complexo. Os cientistas precisam sequenciar o material genético do Sars-CoV-2 colhido do mesmo indivíduo em cada uma das infecções.

Fundação Municipal de Saúde

A reportagem do dcmais entrou em contato no final da manhã desta terça-feira (13) com a Fundação Municipal de Saúde (FMS) solicitando um retorno sobre o conhecimento do caso e como ele será tratado pelo órgão público. A resposta da FMS será publicada assim que for repassada.

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