O número de exames PSA (Antígeno Prostático Específico), proteína produzida pelo tecido prostático que ajuda a verificar alterações que possam levar ao câncer de próstata, reduziu pela metade durante a pandemia em Ponta Grossa.
Dados repassados pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) mostraram que de janeiro a outubro de 2019 foram realizados 6853 exames pelo SUS. No mesmo período deste ano, a Prefeitura contabilizou 3538 exames PSA. O que representa apenas a metade dos procedimentos realizados em 2019. A realidade vem justamente contra à campanha Novembro Azul que incentiva os homens a procurarem por atendimentos que ajudariam no diagnóstico precoce da doença.
A redução do número de exames também impactou nos casos do câncer de próstata detectados na cidade. Números repassados pela Secretaria Estadual de Saúde apontaram que em 2019 foram 71 casos identificados de neoplasia maligna da próstata. Neste ano, até 30 de setembro, foram contabilizados 21 casos. Mesmo que os dados sejam parciais, já demonstra uma redução significativa em comparação com o ano passado.
A redução expressiva dos casos também aparece nos dados totais dos 12 municípios, incluindo Ponta Grossa, que fazem parte da 3ª Regional de Saúde. Em 2016, foram 80 casos de câncer de próstata na região. O número subiu para 90 em 2017 e em 2018 aumentou para 140 casos. Em 2019 houve uma pequena redução para 135 homens com câncer de próstata. Já neste ano, de janeiro a setembro, foram 39 registrados até o momento.
De acordo com o urologista e professor de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Bernardo Sobreiro, a expressiva redução está relacionada com a interrupção dos atendimentos eletivos durante a pandemia e ao isolamento social.
“O câncer de próstata surge principalmente em homens entre 65 e 75 anos. Esse é justamente o público que foi orientado a ficar em casa. Agora que eles estão remarcando os atendimentos. E o que podemos perceber é o aumento de pedidos de indicação de biópsia. Somente neste mês, foram cerca de seis pedidos de biópsia e normalmente era um ou dois pedidos por mês. É importante lembrar que os casos de câncer continuam existindo, independente da pandemia, só não têm diagnóstico”, destacou o urologista.
O diretor da 3ª Regional de Saúde, Robson Xavier, explica que a redução da procura por serviços de saúde durante a pandemia poderá demandar para os próximos anos uma busca ativa de pacientes que talvez tenham apresentado algum sintoma do câncer de próstata.
“Como os atendimentos ficaram prejudicados em 2020, os serviços de saúde devem estar atentos no próximo ano para esses casos que não foram identificados. A 3ª Regional de Saúde também prepara um diagnóstico com ações de melhorias e indicadores com foco na saúde do homem e da mulher que será apresentado aos novos gestores da região”, informou.
Exames PSA
Com relação aos exames de PSA pelo Sistema Único de Saúde, a Fundação Municipal de Saúde informou que não há fila de espera para realizar o exame. No entanto, a pasta informou que a Atenção Básica, através das Unidades de Saúde, estão fazendo a busca dos familiares de homens que faleceram de câncer de próstata nos últimos três anos.
“Além disso ações educativas de conscientização a prevenção são realizadas, o que inclui o controle do peso e obesidade, dieta equilibrada e exercícios físicos nas Unidades de Saúde”.
A pasta lembrou que durante o início da pandemia alguns serviços eletivos foram suspensos de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, mas disse que não seria correto afirmar que a baixa do número de exames neste ano foi apenas por este motivo.
Orientações
Conforme apontou a FMS, para solicitar o PSA, os homens devem procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência, lá ele será acolhido pela equipe de saúde e passará por avaliação profissional, se necessário. Serão solicitados exames e realizados encaminhamentos ao profissional especialista de acordo com os resultados apresentados e se houver necessidade.
Já os atendimentos no Ambulatório de Urologia localizado no Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais (HURCG) continuam suspensos desde março por conta da pandemia.