O longo período de estiagem verificado na região dos Campos Gerais, especialmente nos últimos dois meses, fez com que o nível de rios e lagoas acabasse ficando abaixo no normal para essa época do ano. C arrastões. Como o peixe leva de um a dois anos para ficar adulto, o ecossistema todo tende a sofrer alterações.
Criador de um grupo que realiza pesca esportiva em Ponta Grossa, Anderson Corrêa lembra que, embora o período oficial de piracema comece habitualmente no início de novembro, a reprodução de algumas espécies já começou.
“Normalmente, os peixes sobem os rios ou entram em lagoas. Em nosso caso, um exemplo é o rio Tibagi, que tem várias lagoas e, com o pouco volume de água, é nesses locais que os peixes se acumulam. Peixes como a traíra procuram lugares de vegetação, próximo às margens, para colocar suas ovas. Com a reprodução ocorrendo em locais com pouca água e sem proteção, as ovas se tornam presas fáceis para outras espécies”, detalha Corrêa.
Para ele, isso deve fazer com que haja menos peixes nos rios da região nos próximos anos. Um problema ampliado pela pesca predatória que ocorre o ano todo, com o uso de redes, tarrafas e a prática de arrastões. Como o peixe leva de um a dois anos para ficar adulto, o ecossistema todo tende a sofrer alterações.
Portarias
O subtenente Hélcio Luiz Spinassi, da Polícia Ambiental de Ponta Grossa – Força Verde – acredita que a situação atual dos rios ainda não é preocupante, mas se houver continuidade no período de estiagem, pode haver prejuízo ao ecossistema. “Sempre estamos fazendo patrulhamentos, mas quando começa oficialmente o período de piracema a fiscalização é intensificada. O fenômeno piracema já pode estar ocorrendo, mas trabalhamos em cima de portarias, e não houve nenhuma mudança por parte do IAP e Ibama”, diz. A assessoria de imprensa do IAP informou que, até o momento, não existe perspectiva de publicação de portaria que antecipe a proibição de pesca, que normalmente ocorre de novembro a março.