O Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa registrou aumento de 120% no número de suicídios e tentativas de suicídio, no ano 2020 em relação ao ano anterior. Em 2019 foram 39 ocorrências atendidas, enquanto que no ano seguinte saltou para 86 casos. O número permaneceu alto em 2021, quando foram verificados 80 casos.
Os dados foram extraídos do painel de estatísticas do Corpo de Bombeiros, e revelam apenas uma parte desses casos, já que tentativas de suicídio também são atendidas por outros órgãos como Polícia Militar e SAMU. Além disso, muitos casos sequer são registrados, sendo evitados por interferência de amigos e familiares, embora a legislação estabeleça a obrigatoriedade de notificação.
Um aumento pode ser observado também em escala estadual, onde o DataSUS, sistema do Ministério da Saúde, permite notar que o número de suicídios consumados subiu de 583 em 2010 para 932 em 2020. Em dez anos, o aumento foi de 59,8%, embora deva se ponderado o crescimento populacional no período. Não é possível analisar 2021 e 2022 porque o sistema nacional ainda não traz os dados dos últimos dois anos. No caso estadual, no entanto, o aumento vinha sendo verificado ao longo de vários anos. Em 2017 foram 776 mortes por suicídio, enquanto que em 2018 já eram 918. No ano seguinte (2019), o total foi até maior que em 2020, somando 952 vidas perdidas.
Em todo o Brasil, 13.835 suicídios foram registrados no decorrer de 2020, enquanto que 10 anos antes o número era de 9.448 suicídios. Significa que, enquanto a população cresceu 11,02% em uma década (segundo estimativas do IBGE), os suicídios aumentaram 46,4%.
Mais jovens
A faixa etária entre os 10 e 19 anos é especialmente preocupante no Paraná. De acordo com o DataSUS, o Paraná vem apresentando números que oscilam ao longo dos últimos anos. Porém, cada ano teve entre nove e 15 mortes autoprovocadas entre jovens de 10 e 14 anos, de 2017 a 2020. Entre jovens de 15 a 19 anos o ano de 2019 registrou recorde, com 68 mortes.
Pandemia fez crescer problema
A psicóloga de Ponta Grossa, Mylene Laidane, acredita que a pandemia de covid-19 fez aumentar o problema que já era preocupante, especialmente entre os mais jovens. Ela lista uma série de situações que foram terreno fértil para os pensamentos suicidas: o luto em relação a pessoas que faleceram com a doença; o isolamento que levou à obesidade e intensificou o bullying nas redes sociais; a desestruturação familiar; o afastamento social no período de intensa necessidade de descobertas e socialização. “Foram muitas angústias, sofrimentos e dúvidas, aliadas a perdas de propósito e desesperança, que levaram ao álcool e às drogas”, diz.
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