Sandra Mara Padilha Laureano e Juarez Bonete perderam o filho Luiz Felipe, de apenas 15 anos de idade. O adolescente foi vítima dos traiçoeiros ‘lagos’ que ficam próximos ao Rio Tibagi, no Distrito Industrial de Ponta Grossa. Foi num final de semana quente e de céu aberto que integrantes da família resolveram acampar na região e acabaram passando pelo pesadelo da perda precoce. Luiz foi a segunda vítima de afogamento em PG neste ano, e foi a primeira mais próxima da virada para as estações mais quentes da temporada.
Nos últimos três anos, o 2° Grupamento do Corpo de Bombeiros (2°GB) contabilizou 12 ocorrências. Oito delas aconteceram entre os meses de setembro e março, o que representa 66,6% dos casos. É o período que representa alerta para os socorristas do Siate.
O relatório dos bombeiros mostra que metade das vítimas de ‘incidentes em meio líquido’ eram jovens entre 10 e 24 anos de idade. Perfil que se encaixa com o de Luiz Felipe, a vítima mais recente na cidade.
“As causas variam caso a caso. Há aqueles afogamentos em que há ingestão de bebida alcoólica antes da entrada na água. Também há o desconhecimento do ambiente aquático. Já atendi afogamento em que um entra na água para salvar alguém, acaba se ‘apurando’ e os dois morrem”, relata o Soldado Harrison Forte, responsável pela comunicação do 2° GB.
Luiz Felipe, por exemplo, estava com uma tia, primos e amigos no acampamento. Ele e um dos primos resolveram atravessar o lago. Tanto Luiz quanto o primo cansaram durante o nado. Um dos companheiros de acampamento teria conseguido resgatar o primo. No entanto, quando voltou para pegar Luiz Felipe, o adolescente tinha afundado.
Apesar do cenário criar um desespero nos envolvidos, os bombeiros orientam para que se evite a tentativa de salvamento. A intenção é que a tragédia não se torne maior.
“Se for possível, deve-se auxiliar com algum objeto flutuante. A pessoa deve evitar entrar na água e auxiliar na margem”, comenta o soldado.
Queda de casos
A pandemia de covid, por sua vez, trouxe leve alento no número de ocorrências em lagos, rios e balneários de Ponta Grossa. Em 2019 e início de 2020, o 2° GB atendeu oito afogamentos. Depois que o coronavírus se disseminou foram quatro: dois em dezembro do ano passado, um em junho deste ano (que vitimou um rapaz de 23 anos) e a ocorrência de Luiz Felipe no último domingo (19).
Apesar da redução de atendimentos, a flexibilização das medidas restritivas, a diminuição dos casos de covid e a vontade reprimida que a população tem para as atividades de lazer despertam a atenção dos socorristas para prováveis ocorrências nos próximos meses.
Região
Em toda a região de atendimento do 2° GB, que engloba corporações de Ponta Grossa, São Mateus do Sul, Telêmaco Borba, Jaguariaíva, Irati, Piraí do Sul, Palmeira, Castro, General Carneiro e União da Vitória, foram nove afogamentos registrados desde o início do ano.
A queda de casos neste cenário também é gradativa, visto que em 2020 foram 24 atendimentos e, em 2019, o ano terminou com 27 ocorrências.