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Entenda como a elevação da taxa básica de juros impacta no seu bolso

(Foto: Arquivo DC)

Em meio ao aumento da inflação de alimentos que começa a estender-se por outros setores, o Banco Central (BC) subiu os juros básicos da economia pela primeira vez em quase seis anos. Por unanimidade, agora o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a taxa Selic de 2% para 2,75% ao ano. A decisão surpreendeu os analistas financeiros, que esperavam uma elevação para 2,5% ao ano.

Mas você sabe como isso impacta a sua vida? A elevação da taxa Selic ajuda a controlar a inflação porque segura o excesso de demanda que pressiona os preços – juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança, mas desestimulam a produção e o consumo. Por isso, taxas mais altas muitas vezes dificultam a recuperação da economia. 

Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação. Para cortar a Selic, a autoridade monetária precisa estar segura de que os preços estão sob controle e não correm risco de subir.

Nova elevação

O BC adiantou que pretende elevar os juros em mais 0,75 ponto percentual na próxima reunião do Copom, em 4 e 5 de maio. “Para a próxima reunião, a menos de uma mudança significativa nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização parcial do estímulo monetário com outro ajuste da mesma magnitude”, ressaltou.

Histórico

Com a decisão de hoje (17), a Selic subiu pela primeira vez desde julho de 2015, quando tinha sido elevada de 13,75% para 14,25% ao ano. A taxa permaneceu nesse nível até outubro de 2016, quanto o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. Em julho de 2019, a Selic voltou a ser reduzida até alcançar 2% ao ano em agosto de 2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19. Esse foi o menor nível da série histórica iniciada em 1986.

Projeções dos juros a partir de agora

Para a Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), a elevação da taxa Selic terá impacto pequeno sobre as taxas cobradas dos consumidores e das empresas. Segundo a entidade, existe uma diferença muito grande entre a taxa básica e os juros efetivos de prazo mais longo, o que dilui o impacto na ponta.

Segundo a Anefac, o juro médio para as pessoas físicas passará de 93,76% para 95,08% ao ano. Para as pessoas jurídicas, a taxa média sairá de 41,97% para 42,96% ao ano. A Selic passou de 2% para 2,75% ao ano.

Apesar do impacto pequeno nas taxas médias, os consumidores e as empresas gastarão mais para contratar linhas de crédito, conforme as simulações detalhadas da entidade. No financiamento de uma geladeira de R$ 1,5 mil em 12 prestações, o comprador desembolsará R$ 6,82 a mais com a nova taxa Selic. O cliente que entra no cheque especial em R$ 1 mil por 20 dias pagará R$ 0,40 a mais.

Na utilização de R$ 3 mil do rotativo do cartão de crédito por 30 dias, o cliente gastará R$ 1,80 a mais. Um empréstimo pessoal de R$ 5 mil por 12 meses cobrará R$ 21,75 a mais após o pagamento da última parcela. Caso seja feita em financeira, a operação sairá R$ 14,23 mais cara. No financiamento de um automóvel de R$ 40 mil por 60 meses, o comprador pagará R$ 15,43 a mais por parcela e R$ 925,63 a mais no total da operação.

Em relação às pessoas jurídicas, as empresas pagarão R$ 91,99 a mais por um empréstimo de capital de giro de R$ 50 mil por 90 dias, R$ 36,92 pelo desconto de R$ 20 mil em duplicatas por 90 dias e apenas R$ 4 a mais pela utilização de conta garantida no valor de R$ 10 mil por 20 dias.

Impacto no mercado imobiliário

A Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias) considera que mesmo com a elevação da Selic as condições de financiamento permanecem atrativas para os empreendedores e para o consumidor final. O presidente da Associação Paranaense da Associação Paranaense de Construtores (APC), com sede em Ponta Grossa, afirma que regionalmente a projeção otimista é a mesma.

“O entendimento é que é uma alta não tão representativa, então acredito que os bancos não vão fazer grandes alterações nas taxas finais pro cliente. Se tivermos mais algumas altas e a Selic chegue a outros patamares, como acima de 5%, 6%,  aí tenho convicção que os bancos precificariam as taxas de forma diferentes – o que acaba repercutindo na venda de imóveis e as freando”, especula Gabriel Stallbaum.

Desafios

Segundo ele, o maior desafio para a construção civil neste ano é a inflação na matéria-prima. “Não temos falta de material como tivemos no ano passado, mas o alto custo de insumos é uma ameaça ao setor. Alguns exemplos são o aço, o PVC (para materiais hidráulicos) e os condutores elétricos, que mais que dobraram de preço”, cita o presidente da APC.

Ele relata que uma das maiores preocupações é em relação às casa populares, como as do programa Casa Verde e Amarela. “Não conseguimos repassar esse aumento do custo do imóvel porque a massa salarial não cresceu. Se repassarmos, não conseguimos vender”, diz o representante local dos construtores.

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