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Empresa que ampliou cervejaria fica devendo milhões a fornecedores

Foto: Divulgação

A empresa MXM Montagem Industrial e Locação Eireli, do interior paulista, que subempreitou de uma indústria asiática as obras de ampliação da fábrica da Heineken de Ponta Grossa, nos últimos meses deixou de pagar 210 funcionários e 80 fornecedores, boa parte deles da cidade. Segundo o proprietário da MXM, a empresa não recebeu os aditivos contratuais da chinesa Lehui, uma das maiores fabricantes de equipamentos para a produção de cerveja do mundo.

O montante da dívida da MXM junto aos fornecedores de serviços e produtos somaria R$ 10 milhões, conforme estimativa feita por um grupo de credores da montadora sediada em Matão (SP). Algumas das empresas ponta-grossenses paralisaram as atividades, como um restaurante no Cará-Cará e um hotel na Vila Borato. Nos últimos 18 meses a Heineken investiu R$ 865 milhões para aumentar em 75% a sua capacidade de produção. Os 46 tanques instalados na fábrica foram comprados da Lehui.

Heineken está intermediando

Procurado, no início da tarde desta quarta-feira (29), o Grupo Heineken emitiu uma nota dizendo que “está ciente dos transtornos causados pela MXM, subcontratada da empresa asiática Lehui’, e que ‘primeiro tratou de acertar os salários dos funcionários da subempreitada’, o que efetivamente foi feito no dia 3 de dezembro. Os funcionários estavam com dois meses de salários atrasados e foram dispensados sem nenhum pagamento.

A Heineken depositou R$ 4 milhões na conta do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Ponta Grossa, que está fazendo os pagamentos dos trabalhadores. A nota acrescentou que agora “a Heineken está intermediando as negociações para fazer com que a MXM e a Lehui cumpram seus deveres com os fornecedores”.

No entanto, a empresária Dayane Kuhn Justus, uma das credoras, cobra agilidade por parte da cervejaria, da MXM e da Lehui. Ela e a família alugaram um hotel com 30 apartamentos na Avenida Souza Naves e imóveis em várias regiões da cidade para alojar funcionários da empreiteira e afirma que tem R$ 200 mil para receber. A Sertech, empresa de Indaiatuba (SP), que prestou serviços radiográficos para inspecionar os tanques, tem duas faturas em aberto que também somam R$ 200 mil.

Marcos Antônio Constantin alugou um sobrado e um apartamento no Bairro Oficinas para a MXM alojar funcionários. Ele disse que não recebe os aluguéis há seis meses. “O sobrado eles entregaram, mas deixaram o imóvel em péssimo estado. Tem seis meses de água da Sanepar atrasada e dois meses de energia da Copel sem pagamento. No apartamento mora um funcionário da empresa com a família”, disse. Calcula que tem R$ 50 mil para receber.

Em um posto de combustíveis localizado no Distrito Industrial de Ponta Grossa, próximo da Heineken, que pediu para não ser nominado, existem “algumas faturas em aberto de abril e maio que somam R$ 25 mil”. A revenda de água mineral, que atendeu a MXM de julho de 2019 até 22 de novembro deste ano, tem duas notas que não foram pagas e que totalizam R$ 6.633,00.

O outro lado

Procurado, o Grupo Heineken enviou a seguinte nota:

Esclarecemos, em primeiro lugar, que o Grupo HEINEKEN sempre cumpriu com todas as obrigações legais e financeiras junto à Lehui, sua contratada direta. Ainda assim, diante dos transtornos relatados pelos profissionais contratados pela MXM, subcontratada da Lehui, não poderíamos ficar parados.

O respeito e o cuidado são valores base da nossa atuação e temos um compromisso com o desenvolvimento socioeconômico da comunidade em que estamos. Por isso, a primeira medida tomada foi contribuir com o pagamento das dívidas da MXM para com seus trabalhadores por meio do sindicato responsável. Paralelamente, também tomamos conhecimento de pendências financeiras da MXM junto ao comércio local, o que têm impactado a rentabilidade desses pequenos negócios.

Estamos cientes da criticidade dessa situação e temos priorizado a mediação das negociações entre as duas empresas em busca de um acordo para a regularização dos direitos e deveres da Lehui e da MXM junto aos seus fornecedores. Reforçamos que temos cumprido com todas as nossas responsabilidades legais e que seguiremos atuando para que tudo seja resolvido o quanto antes.”

MXM responsabiliza a Lehui

Procurada, a MXM disse que está negociando com a Lehui e enviou uma nota que disse ter encaminhado ao único representante da empresa chinesa no Brasil, formalizando seu descontentamento após uma reunião ocorrida no último dia 12. Segue na íntegra:

Prezado Alex,

Gostaria de formalizar o meu descontentamento em relação a reunião que tivemos ontem, haja visto que no último encontro entre MXM, Lehui e HNK alguns pontos haviam sido discutidos e já haviam sido esclarecidos para todos os membros presentes, pensei sinceramente que nesta reunião poderíamos progredir para encontrar uma solução comum.

Ao contrário disso, o que realmente aconteceu é que da mesma forma que em todas as outras reuniões entre MXM e Lehui, a Lehui persiste em tentar de alguma forma se eximir de qualquer responsabilidade para todos os pontos apresentados pela MXM, mesmo aqueles que claramente foram debatidos e estão referendados pelo contrato.

Não estou de acordo com nenhum tópico haja visto que aquilo que havia sido conversado anteriormente em Itu parece ter sido ignorado por parte da Lehui.

É uma situação muito difícil e seria importante uma abordagem séria por parte da Lehui sobre o assunto, diversos fornecedores estão esperando uma resposta por parte da MXM com relação aos valores devidos e no caminho que estamos indo a preocupação é grande pois  novamente não foi apresentado nenhuma solução e nem  foi discutido, mesmo que de forma inicial, uma proposta daquilo que a Lehui poderia fazer para ajudar a MXM nesta situação, tendo em vista os motivos já apresentados diversas vezes. Nesta linha de raciocínio parece que será muito difícil entrarmos num consenso.

Todos os fornecedores já deixaram claro que  na segunda-feira  não havendo uma resposta concreta sobre esta situação, os mesmos estão organizando um protesto e  uma manifestação junto aos órgãos de imprensa e televisão em frente a planta da cervejaria Heineken de Ponta Grossa, é uma situação muito ruim deixar que isso aconteça para com o cliente final, ressaltamos que isso não é uma ameaça por parte da MXM, na verdade a MXM tem feito o que pode para tentar ganhar tempo e evitar que estes protestos aconteçam em frente a cervejaria, mas haja visto que mesmo com todas as reuniões já realizadas, ainda não conseguimos passar uma posição final para os fornecedores. Então estes já informaram a MXM que segunda-feira seria o prazo final para esta posição ser apresentada e nos sentimos responsáveis em mais uma vez comunicar essas informações com a Lehui.”

O representante da Lehui no Brasil foi contatado, mas não retornou ao pedido de entrevista.

80 empresas credoras

Segue a lista das fornecedoras que foram contratadas pela MXM e têm créditos a receber, fornecida por Dayane, que é advogada e porta-voz de um grupo de empresas.

Lista dos fornecedores da MXM com créditos a receber

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