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Emprego: Mulheres foram as mais afetadas durante a pandemia em Ponta Grossa

Foto: Arquivo DC

Nesta segunda-feira (8) é celebrado o Dia Internacional da Mulher. A data, oficializada em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU), remonta ao início do século XX, quando grupos de mulheres promoveram protestos devido a condições desiguais de trabalho – que, segundo informações oficiais, persistem até os dias atuais.

No ano passado as mulheres foram mais afetadas que os homens no mercado de trabalho. Dentro do programa do governo federal que permitiu suspensões de contratos e reduções de jornadas e salários, 54,9% dos acordos fechados em Ponta Grossa foram com trabalhadoras. No total, foram 15.385 acordos com mulheres e 12.638 com homens.

No Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), sistema do Ministério da Economia que registra todas as contratações e demissões de trabalhadores formais, as mulheres também tiveram resultado inferior ao masculino, tanto em abito nacional, quanto local.

No Brasil, enquanto o ano de 2020 fechou com 230.294 homens ocupando novas vagas de emprego (saldo obtido da subtração dos desligamentos das admissões), entre as mulheres foi indicada a extinção de 87.604 vagas.

Em Ponta Grossa não houve saldo negativo, mas o masculino foi 22 vezes maior. Enquanto que 5.389 trabalhadores ocuparam novos postos de trabalho, entre as mulheres o total foi de 237.

Mesmo desconsiderando a construção civil, que acumula cargos historicamente mais ocupados por homens, a diferença ainda é enorme: 1350 novas vagas com atuação masculina e apenas 48 com atuação feminina.

Total de trabalhadores

No geral, o mercado de trabalho é predominantemente masculino, apesar de a população feminina ser historicamente maior. Levantamento publicado nesta semana pelo IBGE mostra que pouco mais de a metade (54,5%) das brasileiras com 15 anos ou mais integravam a força de trabalho no país em 2019; entre os homens, esse percentual foi 73,7%.

Em Ponta Grossa o total de trabalhadoras vem crescendo progressivamente pelo menos nos últimos cinco anos. Considerando as cinco atividades econômicas, a que mais emprega mulheres formalmente na cidade é a prestação de serviços (24.079 trabalhadoras). O comércio fica em segundo lugar (10.027), a indústria em terceiro (3.248), a construção em quarto (446) e a agropecuária em quinto (318).

Em 2020 o município contava com 38.118 mulheres trabalhando com carteira assinada, total que chegou a 52.202 entre os homens. Essa diferença de 14.084 trabalhadores é a segunda maior entre as maiores cidades do Paraná, atrás apenas de Maringá (14.981). Curitiba fica em 3º (13.775), Cascavel em 4º (11.127) e Londrina em 5º (10.426).

Paraná tem diferença salarial entre homens e mulheres maior  que média brasileira

A igualdade de gênero no mercado de trabalho ainda está longe de ser alcançada. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que consideram o rendimento mensal médio real do trabalho principal das pessoas de 14 anos ou mais de idade mostram que as trabalhadoras brasileiras têm um rendimento médio mensal 29% inferior à média masculina, mas no Paraná este índice á ainda maior: 36,1%.

As informações mais recentes apontam que no estado as mulheres recebem, em média, R$ 2.063, R$ 746 a menos que os homens – diferença que representa 68% do salário mínimo nacional.

“As menores remunerações e maiores dificuldades enfrentadas pelas mulheres no mercado de trabalho não podem ser atribuídas à educação. Pelo contrário, os dados disponíveis indicam que as mulheres brasileiras são, em média, mais instruídas que os homens”, aponta o IBGE.

Ponta Grossa

A última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) – relatório de informações socioeconômicas solicitado pelo Governo Federal aos empregadores brasileiros –  é data de 2019 e indica que em Ponta Grossa a desigualdade salarial de gênero representa a metade da paranaense: R$ 350,36. De acordo com a RAIS, na cidade a remuneração média masculina é R$ 3.018,43 e feminina R$ 2.668,07.

Essa diferença de 2019 é menor que a de 2018 (R$ 383,09), mas superior à de 2017 R$ 335,84), mas, quando comparada à das outras maiores cidades paranaenses, Ponta Grossa ainda fica no segundo patamar mais baixo, atrás apenas de Cascavel (R$ 241,70). Em terceiro lugar aparece Maringá (R$ 364,14), em quarto Londrina (R$ 406,35) e na sequência Curitiba, onde os homens ganham, em média, R$ 707,05 a mais que as mulheres.

Remuneração por setor

A RAIS também aponta que em Ponta Grossa o setor que melhor remunera as mulheres é o de serviços, onde a média é de R$ 3.011,61. A indústria fica em segundo lugar, com R$ 2.564,56, e abaixo figuram agropecuária (R$ 2.305,38), construção civil (R$ 2.263,34) e, em último lugar o comércio (R$ 1.907,90).

Empreendedorismo é dominado por homens

Dados do IBGE divulgados pelo Sebrae apontam que as mulheres estão no comando de pouco mais de um terço (34%) das empresas paranaenses. Em Ponta Grossa, entre as microempresas individuais (MEIs) também os homens predominam, representando 54% dos MEIs de Ponta Grossa. Entre as mulheres, as principais atividades “solo” são no comércio de vestuário e acessórios (1.441), no ramo de cabeleireiros (1.283), promoção de vendas (522) e serviços domésticos (492).

Segundo dados da B3 coletados em 2020, cerca de 26% das pessoas físicas cadastradas na bolsa são investidoras mulheres. Apesar do número ser pequeno, o crescimento em 2020 foi de 118%.

Dificuldades

Enquanto que em 2019 empreendedoras lideravam 34,5% dos negócios brasileiros, em 2020 sua participação caiu para 33,6%. Entre as paranaenses, além de gerenciar o próprio negócio, 47% das empresárias paranaenses também são chefes de domicílio.

Segundo o IBGE, há alguns fatores que ainda dificultam a inserção feminina no mercado de trabalho. Na faixa etária entre 25 e 49 anos, a presença de crianças com até 3 anos de idade vivendo no domicílio se mostra como fator relevante: o nível de ocupação entre as mulheres que têm filhos dessa idade é de 54,6%, abaixo dos 67,2% daquelas que não têm. A situação é exatamente oposta entre os homens, já que aqueles que vivem com crianças até 3 anos registraram nível de ocupação de 89,2%, superior aos 83,4% dos que não têm filhos nessa idade.

O levantamento apurou ainda o impacto dos afazeres domésticos: no Brasil, em 2019, as mulheres dedicaram aos cuidados de pessoas ou afazeres domésticos quase o dobro de tempo que os homens (21,4 horas semanais contra 11 horas).

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